É o capitalismo, estúpido

continenteJá tivemos algumas experiências semelhantes no Aventar:  um artigo que denuncia uma situação serve de rastilho para outras denúncias que explodem na caixa de comentários. No L’obéissance est morte desabou um verdadeiro continente sobre as práticas laborais da família Azevedo, gente que passa por honesta e honrada (e não foi bem assim que o pai Belmiro se lançou nos negócios).

Da compilação que fizeram, seleccionei alguns exemplos do capitalismo neoliberal em todo o seu esplendor. Também podia chamar a isto cambada de filhosdaputa, ou parafraseando Boris Vian, havemos de vos cagar em cima, a empresa até é do norte, mas fiquemos pelo capitalismo. Este é mesmo selvagem, ainda é ilegal, mas fica impune. Testemunhos do Homem Sonae, como lhes chamou em tempos Belmiro:

Precariedade
  • “o ordenado é a mesma miséria, 3€ à hora e é se quero, senão põem outra pessoa no meu lugar, de momento não tenho outra hipótese senão continuar” Anónimo
  • “Trabalho há varios anos na Worten, sou permanência de loja, sou responsável de uma secção, trabalho a tempo inteiro e recebo 3€/hora” Anónimo
  • “Posso dizer que também fui mandada embora no final dos 3 contratos de trabalho”.
  • “quanto aos contratos é verdade 3 e rua…uma vergonha” Anónimo
Disponibilidade ilimitada
  • “obrigarem-nos a trabalhar mais e mais acontecia todos os dias” Ruben Repas
  • “sair a horas é impossível” Anónimo
  • “horas extra até mais não, inventários até às tantas e no dia a seguir lá estamos outra vez” Anónimo
  • “Trabalhei a full time à 3 anos e meio atrás na Worten Mobile. Inventários. Era a quem calhava. Uma vez cada um e tinhamos de estar disponivel. Não havia bónus, se bem me lembro.” A. S. 
  • “Trabalhei em lojas da sonae em que chegava a trabalhar 10 dias seguidos, com uma folga por semana ou então umas cinco horas sem ir comer ou à casa de banho por me encontrar sozinha em loja.” Anónimo
  • “Também nunca havia hora para sair e se reclamássemos ainda nos falavam como se estivéssemos a agir contra a empresa. O trabalho ao domingo foi-nos imposto e não dada a opção. Os horários eram uma anedota, não havia dia (fàcil de comprovar pela lista de chamadas da loja) que o horário da maioria das pessoas não fosse alterado para o dia seguinte. Ficava a pergunta: “a chefe só tem de fazer o nosso horário, que cara*** é que ela faz o dia todo se tem sempre de os ajustar?” Ou seja pelos miseros 300€ as pessoas tinham de ter disponibilidade de 24/24h de 7/7 dias.”Aerdna
  • “O meu horário no contrato de trabalho era das 9:00h às 18:00h com pausa das 13h às 14h para almoçar (cumpri este horário apenas no primeiro dia de trabalho) após esse dia nunca mais houve um dia em que saísse das instalações da empresa antes das 20h, sendo que o normal era sair sempre depois das 20:30h, sempre com a justificação de que o meu esforço seria recompensado.” Tiago Lopes
  • “Trabalho num continente-modelo e subscrevo tudo que foi dito anteriormente, despediram metade dos meus colegas e faço o turno da noite sozinha, querem que faça sozinha o trabalho que faziam 3 pessoas. Devia sair às 22h mas nunca saía a horas, saía quase sempre às 23h. Relativamente às horas a mais nunca me foram pagas nem nunca foram gozadas” Anónimo
Fazer xixi nas calças é normal
  • “tenho que pedir para ir ao w.c. e ainda me dizem ‘se podes aguentar um pouco’ eu digo ‘sim claro’, passado 10 min ligo ‘posso ir ao w.c.’ ‘sim podes’ com aquele tom ‘despacha-te, volta rápido’, já não digo para comer pois não tenho pausa e direito para comer”.  Anónimo
  • “pelos mesmos abusos passei, ao ponto de passar 6 horas numa caixa e dizerem-me que não posso ir à casa de banho porque não há ninguém para me substituir”2yougo
  • “quando pedia para ir à casa de banho nunca podia por isto ou aquilo” Anónimo
  • “Vendo o meu trabalho há 23 anos como Operadora de Caixa num Hipermecado do Grupo Sonae . Sim, sempre pedi para ir ao WC e muitas das vezes ignorada indo á rebelia das chefias” Rosa Monteiro
Passar fome é normal
  • “Tenho uma anemia crónica e ainda assim insistiam em meter-me 2 dias a trabalhar 5h e sem comer…” Cláudia
  • “quanto à hora de almoço tínhamos isso marcado no horário e, tipo, estava marcada para a 1h e nunca mais nos mandavam almoçar até que lhe liguei e disseram que só ia qd eles vissem que dava … houve um dia que trabalhava das 10h às 17h. a minha hora de almoço era às 13h… deu 14h. deu 14h30 e nada … já lhes tinha avisado e nada… chegou as 15h30 e eu voltei a ligar e disse que ainda não tinha almoçado (5h30 de trabalho seguido sem pausa alguma) e disseram que se tinham esquecido…” Anónimo
  • nunca sabia a minha hora de almoço pois não correspondia ao horário” Anónimo
  • “fui ensinada se possível a comer de 5 em 5 horas ou mais” Rosa Monteiro
  • “Comer? mesmo que tenhas problemas de saúde (estômago) que impliquem comer vezes amiúde não podes!!! tens que aguardar as tuas ditas 4h que é para estragar mais ainda o estômago…” Dinossauro do grupo
  • “Cheguei a fazer horários de 8 horas na caixa e só ao fim de 6 horas de trabalho ia jantar ou almoçar. EX: 12h00 às 21h00, só comia das 18h00 às 19h00 e no meu horário estava das 14h00 às 15h00; falei à minha chefe e a resposta delas era ‘não tenho operadoras suficientes, aguenta’… depois há erros de que os clientes não têm culpa…” Anónimo
Desidratar é normal
  • “Ao menos no seu continente ainda a deixam beber água… naquele em que trabalho não temos sequer garrafinha de água porque fica ‘mal’.”Anónimo
  • “e não podes beber água porque faz fazer chichi e implica sair da cx para ir ao WC” –Dinossauro do grupo
  • “Peço para beber água, para ir ao wc e só me deixam quando querem!” FD
  • “trabalhei no continente há 7 anos atrás, não podíamos ter nem água” Anónima
  • “na loja onde trabalhei, o director proibiu a água. Qual o motivo? Não foi explicado, mas era fácil perceber que a ideia era limitar as idas à casa de banho o mais possível.” Aerdna
Desmaiar e vomitar é normal
  • “Também trabalho no continente e concordo com tudo o que foi dito. Já tive de trabalhar quase a desmaiar por estar doente” – Anónimo
  • “uma vez estava com febre e nem o medicamente me deixaram tomar” Anónima
  • “Uma colega gravida (gravidissima) com diabetes gestacionais estava a sentir-se mal porque não a deixavam fazer uma pausa para ir sequer comer, beber ou à casa de banho.” Anónima
Degradar-se é normal
  • “isto para já não falar das colegas mulheres que estão com o período e chegam a ficar todas sujas porque não lhes permitem ir ‘mudar o penso’” – Dinossauro do grupo
  • “Uma das vezes estava com dores de barriga, pedi 3 vezes se podia ir ao wc, passado 60m da 3ª vez que pedi lá me deixaram ir, quando cheguei estava toda suja ! Somos humanos e como tal temos necessidades fisiologicas” FD
Ser explorado/humilhado é normal
  • “as chefias, diretores e administradores, andam de nariz levantado para os funcionários. Que nojo, acham que os seus colegas de posto mais baixo são escravos a quem podem tratar abaixo de cão” Dinossauro do grupo
  • “não posso ter a minha liberdade de expressão no meu local de trabalho, sou logo calada… O Diretor de minha Loja como ser humano vale zero… Agora encontro-me em casa de baixa com uma doença profissional sem cura por fazer trabalhos continuados com o mesmo braço há vinte e três anos, porra lá que sorte a minha por ser Operadora de Caixa…” Rosa Monteiro
  • “Nunca trabalhei como caixa no continente, mas trabalhei nos escritórios. Fui designer gráfico na Sonae MC em Matosinhos e tive como minha chefe a Dr.ª Liliane Coutinho, no tempo em que lá estive desenhei toda a campanha de Natal, assim como a continente magazine e centenas de cartazes para colocar em loja. Caricato que passados 15 dias de lá estar pediram-me desculpa mas que o meu contrato teria que ser anulado, pois teria havido um erro com uns documentos e que em altura oportuna assinariamos novamente, qual não é o meu espanto, quando no final do mês para além das 40 horas semanais do meu contrato mais 43 horas extras que tinham sido dadas nesse mês eu recebi 533€, já com subsídio de alimentação, quando o contrato que assinei estava previsto ser 835€ mais subsídio. Reclamei de tudo isto, a minha superior com o ar mais amável de sempre disse, claro que sim vamos fazer chegar este caso por escrito ao nosso sector de recursos humanos. A resposta que tive internamente foi de que tinham analisado o meu processo que de facto eu tinha razão e que dentro de 5 dias me dariam uma resposta final face à resolução do mesmo. Conclusão, passados 5 dias chegam 3 pessoas à minha secretária, o responsável de marketing, a minha chefe e um representante dos recursos humanos, pediram-me o cartão que me dava acesso a entrar na empresa e disseram que podia ir embora, pois não ia receber nem mais um cêntimo. Neste momento ainda aguardo resolução do tribunal do trabalho face à minha queixa. Foram dois meses a trabalhar 152 horas por 533€.” Tiago Lopes
  • “Reconheço todas as queixas e ainda acrescento algumas: na loja onde trabalhei, o aquecimento era desligado e só era ligado nos dias em que vinham auditorias à loja.” Aerdna
  • “Falta um ponto, o grupo sonae obriga a assinar formações que nem as tivemos.”Vitor

 Leia os depoimentos completos aqui.

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Comments

  1. Nightwish says:

    ““as chefias, diretores e administradores, andam de nariz levantado para os funcionários. Que nojo, acham que os seus colegas de posto mais baixo são escravos a quem podem tratar abaixo de cão””

    Infelizmente, é mesmo verdade.

    • Nightwish says:

      É por estas e por outras que faço questão de ser sempre simpático para os empregados de mesa, de caixa, etc.
      Os empregados de telemarketing é que nem sempre recebem o mesmo tratamento, mas isso acho que toda a gente entende.

    • Confirmo que é verdade também. Fui segurança da Charon nas lojas de Ovar e São João da Madeira, e por não aceitar rebaixar nem que me falassem de modo rude e mal educado, foi feita queixa de mim à minha empresa, pelo que fui colocado a guardar um contentor metálico ao lado do hipermercado e no fim do contrato não renovaram comigo.

      • Nightwish says:

        Eu não estava a confirmar com base em conhecimento pessoal, mas sim a comentar que é infelizmente verdade que são escravos que podem ser tratados abaixo de cão.

  2. Alexandre Carvalho da Silveira says:

    A SONAE é há muito conhecida por usar práticas pouco correctas para com os seus colaboradores. Conheço pessoalmente alguns casos gritantes. Mas são patetices como algumas que estão na lista, como não se poder ir à casa de banho, não se poder beber água, ou passar fome porque não se pode comer nada durante muitas horas, que tiram credibilidade a estas denúncias, a grande maioria provávelmente verdadeiras.
    Quem quiser punir os “capitalistas neoliberais” donos da SONAE, só tem que deixar de fazer compras no Continente, na Worten, ou em qualquer das marcas que eles exploram.
    Eu cá e desde que o sr Soares dos Santos disse que a “única coisa séria que existe em Portugal é o PêCêPê”, só faço compras no Pingo Doce!

    • Nightwish says:

      Ora diga lá em que é que as outras grandes empresas são diferentes. E não se comprando em supermercados, continua-se a comprar productos de grandes empresas. Não há volta a dar.
      Além de que os descontos são mais importantes para a miséria nacional.

    • Joana A. says:

      Lamento dizer-lhe então, mas o pingo doce é igualzinho, trata os funcionários da mesma maneira e os ordenados são inferiores

    • Está convencida que o canalha que referiu é comunista,esse é igual ou pior que o do Continente.Veja bem em que contexto ela proferiu essa frase.

  3. os empregados dos call centers vivem as mesmas condições. é trabalhar até cair para o lado, nunca saber o horário, chegar horas antes para antecipar falhas do equipamento, pressão constante para vender mesmo em serviços de deveriam ser apenas de apoio ao cliente, gritos, humilhações, gravações ilegais de conversas entre colegas…é fartar vilanagem

  4. tuga says:

    onde para a Autoridade para as Condições de Trabalho ? Anda a phuder os pequenitos….

    • Mdengom says:

      Infelizmente a Autoridade para as Condições do Trabalho é propositadamente impedida de trabalhar. Têm-lhes sido feito cortes no orçamento tão grandes que eles já nem têm dinheiro para se poder deslocar aos locais para investigar…

  5. Maria João says:

    Nós deveríamos todos fazer boicote e só comprar nas mercearias de bairro.

    • Concordo! E mais, compro muita coisa numa mercearia de bairrro e… espante-se! Os preços conseguem por vezes serem melhores!

      • Maria says:

        Não duvido! Já constatei o mesmo! Com a vantagem de não ter uma carga de produtos em exposição que é mesmo só para apelar ao cone cartões e talões, que só servem para os ajudar a definir o nosso perfil de consumo…

        • Aires A. Serras Justo says:

          Comprei uma vez um rato gaming da ASUS que me custou +/- 44€ numa loja de informática online, na Worten custava e custa a módica anedota de 79,99€.

    • j.c. says:

      concordo mas em portugal infelizmente o pessoal junta-se é quando o cr7 é ofendido..para essas coisas poucos nao carece a pena juntarem-se..

  6. Manuel says:

    O Belmiro e filho nem sabem o Kevin se passa nas vossas lojas, somos tratados a baixo de cão……..

  7. Luis Costa says:

    Lendo o que aqui se diz para mim é fora do normal ( mas sei que é verdade ) principalmente quem apanhou o desenvolvimento após o 25 abril 74, mas para muita gentinha é normal, até já nem falo só dos mais novos como também dos mais velhos que antes e ate depois do 25 abril 74 passaram muitas dificuldades até começarem a ganhar regalias e qualidade de vida. O resultado está à vista, eles têm o dinheiro e compram o Governo e alteram as leis em sua conveniência prejudicando tudo e todos e mais grave é que toda a gente que esteja informada e tenha alguma coisa no caco, até nem precisa muito, basta ler os jornais, vê o que se passa mas o certo é que o povo cai lá todo e cada vez os torna mais potentes e prepotente empobrecendo o povo e criando desemprego e pobreza na sociedade… Só posso mesmo dizer que o povo tem o que merece…

  8. Fui transferido de um modelo para o continente do vasco da gama. Saia sempre mais tarde do que o horário. Como bom portugues, e quando chegava atrazado 5 0u 10 minutos la estava a chefe a refilar. Eu dizia sempre, ontem e antes de ontem sai mais tarde. Aos domingos, e quando calhava deixava-me dormir! Estava tão cansado e tao desmotivado com o meu JOB. Resultado despedi-me com vinculo fixo à empresa ao fim de 5 anos! Hoje sou desempregado…lol

  9. Telmo Coelho says:

    Trabalhei desde 2007 a 2010 na Worten, e posso dizer que tudo o que aqui foi relatado nunca presenciei nas lojas por onde passei (Estremoz, Elvas, Portalegre, Reguengos). Devo por isso deduzir que depende das chefias das lojas.

    • anonimo says:

      Ate essa altura era tudo bonito. Depois é que chegou a crise. Que para as carteiras dos clientes não passava de uma ilusão mas quando falavamos em aumento ou em ordenados adquados à função já não dava pois estavamos em crise, palavras oucidas da boca de um diretor de operações.

  10. Rosalina says:

    Até acredito que ganhem 3 euros à hora, só não percebo é porque preferem ser assim tratados em vez de ganharem 7 euros, fazendo limpezas. E as mulheres de limpeza podem fazer xixi quando querem e quando chega à horinha põem-se na alheta. É mais chique dizer que se trabalha na Sonae. Eu vi-me grega para arranjar uma empregada.

    • Maria João Batista says:

      Infelizmente é verdade, ganha-se 3 euros à hora, mas se formos trabalhar numa firma de limpezas ganhamos 1,75. É muito bom ter um trabalho mais limpo ,se calhar você tbm o tem. Trabalho actualmente nas limpezas e não é desprimor nenhum, é dinheiro limpo e honesto

  11. Trabalhei na Modalfa e fui despedida pq me magoei graças à idiotice da minha chefe (deixar pregos espalhados pelo chão na caixa, sem avisar ninguém. Espetei um no pé e infeccionou. Não me deixou desinfectar no momento) Quando fui ao hospital e por não poder pôr o pé no chão fiquei de baixa, recusou a colocar os papeis no seguro. Foi uma trapalhada para resolver o problema! Acabei despedida, fazer a queixa foi um problema… e pelo que parece ao fim de 5 anos, continua a desempenhar as respetivas funções.

  12. Maria João Batista says:

    Trabalhei no pingo doce e é igual, mas tem a haver com a chefia, nem em todas as lojas somos mal tratados

  13. marcia almeida says:

    Agradeço que a minha foto seja retirada visto eu nao fazer parte da empresa

  14. Estou solidária com todos estes casos e outros, que não têm coragem de dar voz com medo de represálias! ,mas pergunto eu? será que todos estes jovens na hora do VOTO está presente? defende quem os vai governar 4 anos? está na hora DE ACORDAR ,DEIXEM DE IR PARA A PRAIA NO DIA DAS ELEIÇÕES ,E VEJAM BEM O QUE JÁ PASSARAM E NÃO VOTEM NOS MESMOS

  15. nuno says:

    Não é só o continente,pingo doce ninguém fala?Pessoal dos talhos deixaram de ser cortadores de carne para serem operadores de frescos(mão de obra muito mais barata)no continente chegam a por pessoas no talho que nunca agarraram numa faca e depois fazem publicidade em que o cliente tem a atenção toda,mas isso são todos.

  16. Tuga says:

    A aotoridade para as condições de trabalho e uma organização estadual, logo é instrumentalizadas. Nas empresas em Portugal existe cada vez mais o laxismo o deixa andar, pois os números são substituíveis desde o topo ate as bases. Existem empresas onde reina a total degradação social, no estado por exemplo existem pessoas com 30 anos a ganhar pouco maia do que o ordenado mínimo, enquanto colegas mais novos e com menos habilitações ganham três vezes mais. Os ordenados foram confiscados, as classificações são dadas sem grande descerndimento, as reclassificações só são dadas aos do partido ou aos amigos. Não existem chefias, conheço casos em quem tomam as decisões são funcionários de quarta linha sem terem conhecimento e habilitações para procederem ao que lhes e pedido. Não são só os belmiros deste pais, são os Sócrates, os coelhos, são toda uma panóplia de pseudo CO que não sabem, não se lembram, mas que fazem o Zé Povinho lembrar que todos os dias trabalha mas e para os bolsos destes senhores.

  17. Reblogged this on primeiro ciclo.

  18. O seguinte comentario segue com o devido respeito por todos os trabalhadores, grupo sonae e não só.
    Todos estes males descritos no artigo são culpa de mãos ninguém a não ser as pessoas que se sujeitam a tudo isto.
    E antes de começarem a apontar os vossos dedos para o meu lado pensem, pensem quem na realidade falta ao respeito a todos os empregados que são explorados (sonar e não só)… Quem falta ao respeito são os próprios empregados que se deixam humilhar por uns míseros 3€/h (seja dita a verdade que alguns nem tal ordenado merecem… mas a maioria merece…).
    Se todos tivessem a cabeça erguida não haveria situações trágicas como esta, isto é reflexo de uma fraca auto estima.
    Garantido é que se a maioria não se sujeitar a tais situações deixa de haver “alguém para o substituir” e as coisas serão obrigadas a melhorar.
    Deixem de pensar no vosso humbigo (que apenas vale 3€/h) e levantem a cabeça, se não por vós que seja por quem o substituir… Sejam despedidos mas com orgulho próprio e não descartados ao fim de três contratos como um lenço usado.
    Parabéns ao artigo pela exposição de tais situações, mas sonisto não chega.

    • Maria says:

      AP,
      Quando já nos “ajustámos” tanto quem chegados aos 40 ainda temos de pedir ajuda aos pais, àqueles a quem contávamos ser nós a dar a mão, para por comida na mesa todos os dias, para gerir as contas, o ordenado e o mês, para organizar uma casa e não já viver, mas passar por obstáculos e dificuldades, a dignidade começa a chamar-se “sobrevivência”.

      Tudo piora um pouco se não tivermos qualquer rede familiar que nos ajude…

      Em tese, concordo com a sua posição, a de sair de cabeça erguida e confiante nas instituições (instituições públicas com responsabilidade na matéria, instâncias judiciais), para suporte a uma conduta que é a de cidadão responsável e participativo.

      Mas sabemos que:
      a) as entidades públicas com responsabilidade na matéria e que deviam intervir antes de se tomar a decisão final, isto é, o despedimento, como sejam a ACT, as Inspeções sectoriais, entre outras do Estado, estão sobrecarregadas de trabalho, com funcionários a menos (é só consultar os DR e ver os procedimentos de recrutamento por mobilidade (que é uma espécie de transferência entre serviços, para explicar de forma rápida) e cortes nos seus orçamentos, originando um entupimento nos serviços e que fazem com que a sua actuação esteja para lá dos limites do desejável;
      b) a máquina judicial padece dos mesmos males, com falta de pessoal, sendo que o “advento” do mapa judicial também não veio ajudar a aligeirar a tramitação dos processos (ainda que os tribunais de trabalho sejam especializados), deixando os trabalhadores lesados, e na prática, completamente desprotegidos;
      c) o desemprego aumenta, pese embora a cosmética com que a Segurança Social apresenta as estatísticas;
      Sabemos também que este caldo todo promove uma certa “gestão” pelo medo – medo de ser despedido, medo de nunca mais encontrar um meio de subsistência.
      Até medo de passar a ser estigmatizado como “carraça” do sistema, a “sugar” o sistema.
      E as pessoas, que têm famílias para cuidar, aguentam… de cabeça baixa estes novos paradigmas da gestão e estes “empreendedores” (como me arrepia esta palavra!!!). Ou então… como disse aquele rapazola do CDS que agora é secretário de estado, de uma coisa qualquer … “a porta da rua é a serventia da casa”…
      É verdade que, em alguma altura teremos de levantar a cabeça, todos, ou muitos de nós… e enfrentar a coisa como diz.
      Mas não consigo, em boa verdade, e em consciência, pensar mal e julgar com dureza as pessoas que passam por este tipo de situações. Não nestes tempos que correm…

  19. 3enzo says:

    Não é só na SONAE. Acontece precisamente o mesmo nos ELECLERCs. Um pouco tarde as pessoas aperceberem-se de que isto acontece, existe, e continua a fazer-se por baixo do nariz de todos. E muitos não sabem que isto acontece constantemente em todo o país. A culpa antes de ser dada aos donos destas empresas tem de ser dada a nós, portugueses. Que o toleramos, e deixamos ao longo do tempo que nos pisem e escondam debaixo da sola dos sapatos destis dito “senhores”. E o governo, ora PS ora PSD (porque parece não sabermos votar em outros) continua lá por nossa vontade. Sim, nossa!

  20. A minha esposa foi admitida no Continente de MAFRA. Logo na primeira semana descobriu que estava grávida. Tomamos a decisão de comunicar logo para não haver problemas (irónico, ah?). A partir daí, a chefia começou a olhá-la logo com outros olhos. Obrigavam-na a fazer esforços além do razoável (paletas e caixas), não a deixavam ir comer algo com alguma regularidade nem ir à casa de banho. Nunca se negou a fazer o que fosse necessário nem usou a desculpa da gravidez para deixar de fazer fosse o que fosse. Nunca faltou e mesmo assim, as avaliações eram (convenientemente) mais negativas que positivas, daí não estranharmos no final dos 6 meses eles cessarem o contrato de trabalho. É minha esposa mas eu sei bem o perfil profissional dela e por isso ninguém nos pode dizer que ela foi despedida por outro motivo que não fosse o da gravidez.

    Outro exemplo: a minha irmã trabalha no continente há uns 10 ou 11 anos. Efectiva a part-time nas caixas. Com uma licenciatura em comunicação empresarial, sempre procurou concorrer internamente à Sonae. Um dia lá saiu uma oferta mesmo adequada a ela para a sede. Concorreu, foi aceite e quando pediram à “chefe de caixas” a transferência dela, a tal chefe negou e disse que a minha irmã era uma funcionária imprescindível! Naquele momento só não levou um murro no f***nho por parte da minha irmã porque não convinha! Até hoje, não apareceu mais nenhuma oportunidade de subir e continua efectiva a part-time… só mudou foi de loja e de funções…

    Sonae? Nem quero saber desses chulos e não gasto lá nem um cêntimo! Os vales chegam ao correio e vão directos para o lixo!

  21. Pampas says:

    Trabalhei no Continente apenas meio ano. Não me renovaram o contrato pela seguinte razão: “Não era uma pessoa dinâmica” . A desculpa mais estúpida que ouvi!! Digo isto porque quando há aqueles que se fazem muito amigos da chefia e quase que só lhes falta beijar os pés, mesmo que nós trabalhemos mais do que eles (e eu falo por experiência própria), os novatos são os primeiros a ir pra rua.. fiquei seriamente indignado, apenas pela parte do não ser dinâmico. Ridículo

  22. jjjjj says:

    Guerra, temos de partir para a guerra

  23. Rui Bastod says:

    Estou do vosso lado. Força para os que não tem alternativa.

    Por essas e por outras faço minhas compras no comercio tradicional.

    O boss Brlmito. carpinteiro Gamou e continua.

  24. So não percebo porque ninguém faz nada,nem reclamam ao ministério,nem fazem greve,nem sequer uma manifestação.
    PARAI DE SER PIEGAS E EM FALAR EM ANONIMATO,CAMBADA DE ESCRAVOS,FAZEI BARULHO,PARTI A Louça,POIS ESSE GATUNO SABE QUE NADA FAZEIS CONTRA ELE.
    SE VOCÊS FOREM DESPEDIDOS…MANDAI-O a MERDA E EMIGRAI.
    NÃO é FÁCIL MAS PELO MENOS EU GANHO MAIS QUE ISSO NUMA SEMANA.
    DEIXAI DE SER PIEGAS,HONRAI DE SEREM PORTUGUESES IDE A LUTA .
    E DEIXAI DE SER A MERDA DE UMA CLASSE QUE TEM MEDO DE LUTAR.

    EU SOU José LIMA
    TRABALHEI Na MERDA da SONAE,E NA CHARON e mandei-os todos para o CR.
    HOJE SOU EMIGRANTE, MAS TENHO UM SALÁRIO DE GESTOR PORTUGUÊS e so trabalho 7 horas por dia

  25. concordo com tudo o que foi dito acima. Trabalhei dois anos e meio num call center da Sonae ( optimus ) para além das horas consecutivas sem ir a casa de banho ou comer, porque tínhamos chamadas em espera !!! E contarem cabeças ( não somos gado ) o meu coordenador decidiu que ninguém podia ficar com gripe no ano de 2012. Então que apresenta se baixa Era despedido. Azar dos azares levaram com um processo.

  26. anonino says:

    Bom , depois de ver todos estes testemunhos terei de fazer o meu.
    Trabalhei na MO durante 30 meses, durante os 30 meses tinha a responsável de loja a dizer- me muitas vezes que eu conseguia governar-me com a misera 250 euros por mês, por trabalhar a part -time. Chegou-me a falar mal de empresas locais , para eu não a deixar enquanto estava no contrato, pois eu fazia-lhe as vontades todas.Até que um mês antes do meu contrato final cessar , estava eu nas minhas últimas férias, e ela entra em contacto comigo a dizer que o meu contrato iria ser renovado por pelo menos mais 6 meses(ou seja 3 anos de contrato, que teria direito sem entrar no quadro), eu contente voltei ao trabalho e a minha chefa diz-me que houve um lapso e que então o meu contrato não iria mais ser renovado, ou seja, ao final de 30 meses eu seria despejada. Eu não achava normal o meu contrato não ser renovado por mais pelo menos 6 meses, para perfazer os 3 anos, então entrei em contacto com o departamento de recursos humanos da sonae, onde me disseram que o meu contrato era de 30 meses( 2 anos e meio) por ser um contrato á procura do primeiro emprego. Eu fartei-me de perguntar á minha chefa o motivo do meu contrato não poder ser renovado pelo menos mais uma vez, ela nunca me respondeu , agora eu sei .Pois tive dois anos e meio a descontar para a segurança social e não sabendo que o meu contrato era á procura do primeiro emprego, e onde a segurança social isenta o trabalhador dos descontos, ou seja, o que me descontaram todos os meses , foi para o bolso da SONAE, sem nunca ninguém me explicar.A loja será renovada em Agosto , sabe-se que irão colocar uma pessoa no quadro e não ficaram comigo porque acham melhor contratar outra pessoa á procura do primeiro emprego para voltarem a chular o dinheiro dos descontos,por isso é que são ricos é nós choramos por uns cêntimos.
    Durante estes 30 meses de trabalho fui avisada em cima da hora que teria de ir trabalhar, nunca recebi horários que eram cumpridos, fiz horas e horas extras que nunca foram pagas e ao final do contrato foram DELETADAS,fiz invetários durante a noite e pela madrugada sem picar , e depois ia trabalhar as 9 da manha,cheguei a fazer 15 dias de trabalho sem picar por fazer horas extras e a gerente dizer que colocaria as picagem (pois fazer mais horas de trabalho que as 4 horas normais,trabalhar mais que 5 horas seguidas, e trabalhar sem 8 horas de descanso tinham de ser cobridas).
    Lamento dizer que isto é tudo uma cambada de gatunos.São todos iguais

  27. Trabalho à 2 anos num continente bom dia e, ao passo que tenho algumas queixas (quem não as tem?) sobretudo relativas as salário, tenho a dizer que sou feliz no meu local de trabalho. Sempre pude ir à casa de banho quando quis, toda a gente pode claro… Com o comer a mesma coisa. Já passaram pela minha loja desde que lá estou três gerentes e inúmeros chefes de secção e nunca tive a percepção de que nos olham como se fossemos cães. No geral são sempre muito acessíveis. Sei que há lojas muito más e sei que tenho muita sorte porque a experiência de trabalhar num pequeno bom dia é bastante diferente de trabalhar num hiper.
    Mas não vamos generalizar… também há colaboradores felizes na Sonae 😉

  28. grwseg says:

    Ninguém é obrigado a sujeitar-se a nada do que é descrito. É a democracia, estupido.

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