Até ao ano passado, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) permitia aos alunos que utilizassem as grafias de 1945 e a de 1990, sem que isso implicasse penalizações na classificação dos exames.
Este ano, a única ortografia aceite é a de 1990 (AO90). Assim, o aluno que, por distracção ou por ignorância, escreva “acção”, terá direito a um desconto de 0,1 valores, no exame de Português de 12º. O limite máximo para penalizações por erros ortográficos, no referido exame, pode ir até quatro valores, o que é mais do suficiente para impedir a entrada num determinado curso superior.
Valerá sempre a pena – porque a ortografia não é coisa pequena – insistir nos defeitos de concepção do AO90 e mostrar o caos ortográfico que, directa ou indirectamente, tem origem num instrumento absolutamente defeituoso. Hoje, vamos por outro caminho.
Mão amiga e atenta fez-me chegar ao computador um documento do MEC. Trata-se do Programa Educação 2015, escrito com a ortografia, imagine-se!, de 1945. Não vá alguém procecer à substituição do ficheiro na página ministerial, aqui fica a versão hoje desooberta: programa-educacao-2015.
Note-se: no mesmo ano em que os alunos serão penalizados se não usarem o AO90, há alguém, no MEC, que, por distracção ou por ignorância, usa palavras como “activamente”, “efectiva”, “actual”, “acção”, “objectivo”, “Projecto”, “lectivo”, “respectivas”.
Acredito que este documento faça parte de um processo que levará à revogação de um dos maiores erros da chamada “política de língua” em Portugal. Seja como for, é grave que se exija aos alunos aquilo que a tutela não é capaz de cumprir. Espera-se, no mínimo, que seja reposta a situação do ano passado e que os alunos possam usar as duas ortografias. Basta pensar que, face ao documento divulgado, o próprio MEC seria fortemente penalizado no exame de Português de 12º ou na Prova que tenta impor aos que designa como “candidatos a professores.”
Só gostava de saber qual a percentagem de professores que sabe corrigir bem uma prova de Português, feita segundo o AO90, e conhecendo todas as facultatividades, todas as regras de hífenes e de acentuação, mais as consoantes que são mudas numa região e não noutra/ noutras. E parece que nem os correctores são de grande ajuda, já que só conhecem uma grafia para cada palavra e não as “facultatividades” (segundo li algures).
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Mais um exemplo, mais uma demonstração, de como os professores em geral – e ressalvando as honrosas excepções – se prestam, mais de 40 anos depois do 25 de Abril (agora «abril»), a serem instrumentos de outra ditadura.
“25 de Abril” de 1974 continua a escrever-se com maiúscula com o AO90. Quanto ao facto de os professores usarem as novas regras, a isso são obrigados no seu desempenho profissional!
A utilização desta “coisa” (AO90) é que devia ser de todo abolida. Se repararmos bem, a única coisa certa é esse documento, escrito tal como está! Podemos é pegar nisso e dizer que a NÃO utilização do AO90 fará parte do PROGRAMA 2015! Isso sim, seria uma boa notícia!!!
O AO 1990 deve ser imediatamente revogado e substituído pela norma anterior. Entretanto, com tempo e bom senso deve discutir-se uma nova norma ortográfica com os PALOP e Timor-Leste, Macau… Com o Brasil, não! Já se viu que é impossível conseguir que o bom senso impere e o PT-BR não é reformável.
Apesar do falhanço que é este AO 1990, nenhum dos partidos do bloco central o vai revogar, simplesmente porque não darão o braço a torcer.
Quanto a mim, a situação só se resolverá quando surgir o AO 2015, no qual, com toda a tranquilidade, se acaba com a arbitrariedade introduzida. Chamem-lhe evolução, em vez de abolição, e até os reticentes suspirarão de alívio pela oportunidade de esquecer a má decisão.
O programa que refere foi escrito ainda no tempo da ortografia antiga.
O conteúdo permite ainda concluir que se trata de um documento elaborado no 2º governo Sócrates.
Mas existem outros indícios mais precisos sobre a data, como este parágrafo:
“O Programa Educação 2015, a lançar a partir do ano lectivo 2010-2011, pretende […].
Portanto, há de ter sido escrito o mais tardar no 1º semestre de 2010.
Acontece que há quem consiga detetar “lectivo” onde devia estar “letivo”, mas não consiga interpretar parágrafos, o que também se costuma designar por iliteracia.
Outro exemplo de falta de capacidade intelectual desacordista:
“Acredito que este documento faça parte de um processo que levará à revogação de um dos maiores erros da chamada “política de língua” em Portugal.”, escrito pelo autor do post.
Atrás de um desacordista costuma estar um ileterado e um indivíduo pouco inteligente. O post e os comentários acima são exemplos que confirmam a regra.
A frase acima só tem um “des” a mais. Tirando-o, fica verdadeira: Atrás de um acordista costuma estar um ileterado e um indivíduo pouco inteligente.
Uma pequena questão: o nome de uma não se escreve com letra maiúscula? E o que se deve dizer de uma besta ” letrada” que, não respeita este principio? A besta espalhou-se….” ganda moral”meu.Lol.
Pedro Barros
Tem razão no que se refere à datação do texto. Limitei-me a ler o título e parti do princípio de que era um texto deste ano. Agradeço-lhe, assim, a correcção.
É um erro, claro, mas nada que se compare com a enormidade que é a imposição de um acordo ortográfico disparatado, o que está amplamente demonstrado. Outro erro: o Ministério da Educação vai impor o AO90 a alunos que são obrigados a conviver com um caos ortográfico, rodeados de publicações saturadas de erros.
O resto do seu comentário é digno de si, incluindo a habitual dose de ignorância ortográfica. Lembra-se de, há uns tempos, ter comentado um texto meu e ter escrito “prununcia”? Desta vez, conseguiu inventar um “ileterado”. No primeiro erro, ainda descortino a desculpa do “critério fonético”; para o outro o Pedro deve ter uma desculpa qualquer.
eheheh,
Então, para se compensar por ter ficado sem a carne, o António vem dizer que sai a ganhar porque ficou com os ossos. Parece-me bem.
Entre alguém que reconhece um erro e uma pessoa que não quer estudar vai uma diferença muito grande. Vá lá estudar, Pedro, e pode ser que deixe de confundir carne e ossos.
Aquele crato merece um bom par de murros.