Carlos César deixou que lhe subissem à cabeça as expectativas que se vão gerando em torno da sua figura. E, num inesperado brinde à direita, promete nada menos que ressarcir todos – todos! – os que investiram em papel do GES. Diz ele:“Penso que esse mesmo Estado que os estimulou, é o Estado que nesta fase deve garantir o ressarcimento de todos esses cidadãos e de todas essas empresas”.
Ora, que eu saiba, não foi o “Estado”, mas o BES, com o apoio publicitário de alguns governantes importantes, sim, mas irresponsáveis, quem o fez, ao serviço dos seus patronos. E César nem finge discriminar as vítimas incautas ou, pelo menos, analisar situações determinadas. Todos, e na íntegra. “Esse ressarcimento deve procurar ser um ressarcimento na íntegra das aplicações que eles fizeram. Mesmo que não o possa fazer numa única tranche ou numa única ocasião, o Estado deve assumir as suas responsabilidades neste domínio, porque não pode ser inocentado face à forma como estimulou a aplicação dessas poupanças”. Quer dizer, incluindo – ou sobretudo? – a malta da jogatana, os próprios culpados pela situação. Repare-se que não estamos a falar na garantia dos depósitos, mas das aplicações, sejam elas quais forem.
Não faltam queixas pela ausência de propostas por parte de António Costa. Nervoso, Carlos César chega-se à frente e, à falta de propostas, faz, sem análise de situação, sem fundamentos e limites objectivos, promessas redondas à moda antiga; a pagar pelos do costume. E, como de costume, lucros privados, prejuízos públicos. Carlos César cai assim bem no meio da teia que a direita tem para o seu partido: insistir com o eleitorado que, com o PS, regressará a despesa sem controlo. O promitente César tem, segundo muitas e excelentes pessoas, margem de manobra para voos mais altos, quiçá até Belém. Mas vai mostrando que não tem asas para tanto.
Acredito que não tenha sido o que a personagem quis dizer, mas o pagamento do estado a quem foi, de facto, enganado e lesado devia ser feito sem demoras num estado de direito.
O problema é que ele disse um pouco mais que a declaração transcrita o que, no conjunto, me parece ser ainda mais grave e demonstra bem a táctica de tentar ocupar o poder de qualquer forma ou seja, da forma comum como a dita “democracia” se instalou e vem governando o País há quarenta anos : a “Política do guarda chuva”.
Disse César : “Penso que esse mesmo Estado que os estimulou, é o Estado que nesta fase deve garantir o ressarcimento de todos esses cidadãos e de todas essas empresas”, ao que juntou o pronome reflexivo … “Se …”.
À boa maneira dos políticos de meia tijela, abriu o guarda chuva.
Todos diferentes, todos iguais.
Como Açoriano não estranho, o poder que César consolidou democraticamente nos Açores sempre foi baseado na distribuição de apoios financeiros a tudo e a todos desde que se aproximassem do seu redil… quando se sentia com dificuldades para satisfazer tantos pedidos, culpava o Governo de Lisboa e normalmente exigia e se este era rosa, lá atendia com um saquinho de dinheiro em nome da solidariedade nacional.
Por isso hoje, na Região praticamente tudo está sustentado em apoios governativos e o resto, na sua grande maioria, já foi destruído… mantendo-nos entre as regiões mais pobres da Europa e com os maiores índices de pobreza de Portugal.
César trata-nos da saúde. Anuncia que vão aumentar a divida e esvaziar o pecúlio. Está feita mais uma chamada dos contribuintes á parada. O desespero nas hostes explica quase tudo, sendo de temer que o grande líder possa vir a ter companhia.
Estou bem de acordo com o que diz, mas assalta-me uma dúvida: Que pecúlio meu caro Marquês Barão?
O correspondente aos “cofres cheios”?
Consulte as taxas de juro e a aceitação nos mercados. Um simples modo de expressão causar tanta polémica revela a falta de assunto das oposições. Chame-se pé de meia.
O problema é que, quanto a mim, na política (incluindo a financeira), não devia valer tudo.
O que o César Açoriano nos anuncia e o modo como o faz, é uma espécie de “vale tudo”.
Esse “pé de meia” que refere, à custa de medidas que lhe não vou repetir, porque as ouve com certeza todos os dias, mas que se resumem a um empobrecimento global e ao enriquecimento ilícito de muitos bandidos que por aí andam (com e sem pulseira electrónica) é outra espécie de “vale tudo”.
E isto, confesso-lhe independentemente do que os mercados pensam, sentem ou dizem. É que para eles o único valor é o euro e a política que aplicam continua a ser o “vale tudo”.
Tenho outro conceito de honestidade, honra e compromissos, onde os conceitos do dito “mercado”, não entram.
Outra geração. Cumprimentos.
Respeitável a sua opinião, mas fomos obrigados a ir á esmola precisamente por causa do causticado vale tudo.
Verdade Marquês Barão. Mas não convirá esquecer que a tão propalada ida à esmola foi, em grande parte, causada pela classe que agora nos anuncia os cofres cheios. É que a “crise” tem muito bandido a ela colado. Os tais para quem tudo vale e vale tudo… Não acha estranho?
quem esvaziou os cofres foi o “bloco central”(psd+ps) ,quem “encheu” os cofres foi o psd/cds,apenas e só à custa do contribuinte(iva+irs)+politicas de cortes cegos(vêr estado da saude) no estado…presumo que a medalha de “lata” vai para o psd,ps e cds, a medalha de ouro vai para muito português que consegue(ou não) pagar as suas contas no final de mês(como conseguem os portugueses-empregados ou desempregados-fazer isto,é um autentico milagre)
Um facto caro João Lopes. Esse é o resumo correcto.
Já agora os bandidos estão exactamente nessas claques políticas do CDS, PSD e PS. Tudo junto, é uma excelente caldeirada … de inconscientes e irresponsáveis. mas têm quem neles vote e isso é que é espantoso.