Os cofres cheios da ministra

custam 478 milhões de euros por ano. Assim até eu encho os cofres oh Maria!

Comments

  1. Joaquim Amado Lopes says:

    “Assim até eu encho os cofres”
    Dúvido seriamente que conseguisse.

    478 milhões são cerca de 2% de 23.940 milhões.
    Em 2011, o Governo anterior já precisava de pagar juros à volta de 10% pelos novos empréstimos e mesmo o apoio de emergência que negociou com a troika (com vantagens significativas relativamente ao mercado) foi com taxas de 3% (MEEF e FEEF) e 4,1% (FMI), com uma média ponderada de 3,4%.

    Se o João Mendes, no Governo, conseguisse no mercado uma taxa de 2% seria à conta do que o actual Governo (bem ou mal) fez durante os últimos 4 anos.
    E se tivesse sido o João Mendes a governar desde 2011, assumindo que teria feito diferente do que o Governo fez, acha mesmo que conseguiria taxas de juro semelhantes às que estão a ser conseguidas agora?

    Uma questão diferente é se vale a pena ter tanto dinheiro “no banco”. Considerando o facto de o Estado português continuar com deficit (o que implica o aumento constante da dívida pública) e a volatilidade das taxas de juro, manter essa “almofada” é uma atitude responsável.
    Naturalmente, há quem defenda que, havendo dinheiro (mesmo que insuficiente para pagar as dívidas), este deve ser todo gasto. Suponho que essas pessoas não tenham qualquer património ou poupança de médio-longo prazo.

    • j. manuel cordeiro says:

      ” Se o João Mendes, no Governo, conseguisse no mercado uma taxa de 2% seria à conta do que o actual Governo (bem ou mal) fez durante os últimos 4 anos.”

      Lata não lhe falta. Sabe perfeitamente que os juros baixaram no contexto europeu e não por acção do que este governo fez. Mas vem tomar os outros por tolos.

      Quanto aos cofres cheios de dívidas, deixe-me dizer-lhe quatro palavras: taxas de juro negativas.

      Mas não deixa de ser curiosa essa sua dualidade de pensamento. Por um lado, o governo está a usufruir de boas taxas de juro graças “à conta do que o actual Governo (bem ou mal) fez durante os últimos 4 anos”. Mas por outro lado, a “volatilidade das taxas de juro” pode ser um problema. Decida-se. A acção do governo tem ou não tem influência sobre as taxas de juro?

      Vejo é que anda a prestar demasiada atenção aos bonecos de campanha que o PSD anda a espalhar no Facebook.

      • Joaquim Amado Lopes says:

        A evolução das taxas de juro depende de inúmeros factores, *incluíndo* da actuação do Governo. Nem tudo o que o Governo faz é bem feito mas é inegável que tem contribuído para a redução das taxas de juro que tem conseguido no mercado.

        Não escrevi que as taxas de juro baixaram *apenas* pela acção do Governo. E, ao contrário do que o j. manuel cordeiro escreveu, as taxas de juro baixaram *também* pela acção do Governo. Por exemplo, ao “encher os cofres”.
        Como a evolução das taxas de juro não depende apenas da actuação do Governo e sobressaltos (p.e. como o que aconteça com a Grécia) podem fazê-las subir de forma sensível, os “cofres cheios” permitem alguma flexibilidade no recurso ao mercado e obter melhores condições de financiamento.

        Não sigo a cartilha “o Governo faz tudo bem”. Pelo contrário, até acho que tem feito muitas coisas mal. Mas a cartilha “o que corre mal é por causa do Governo e o que corre bem é apesar do Governo”, que o j. manuel cordeiro segue, não é melhor do que essa.

        E quem acha que é indiferente ter os cofres cheios ou vazios, ou até que é preferível tê-los vazios, não precisa que o façam de tolo. Basta abrir a boca.

        • joão lopes says:

          e você o que fazia se estivesse neste governo? não negociava as ppp(já sei,a culpa é do socrates),cortava nos serviços publicos(a culpa é do socrates),cortava nas prestações socias(a culpa é do socrates),alterava as leis laborais e aumentava o desemprego(porque a culpa é do socrates) e aumentava a divida publica e despedia uns quantos FP.o problema é que a direita não contribuiu em nada para resolver rigorosamente nada(basta lêr o seu adorado “observador,não é joaquim?)

          • Joaquim Amado Lopes says:

            joão lopes,
            Alguns exemplos do que faria se tivesse autoridade para o fazer:
            – acabava com todos os benefícios específicos para ex-detentores de cargos públicos (subsídios de reintegração, reformas, …), com excepção dos ex-Presidentes da República;
            – abria inquéritos às PPP’s, denunciava as que se descobrisse que foram negociadas de forma deliberadamente lesiva para o Estado e perseguia criminalmente os responsáveis;
            – por um questão da mais elementar justiça, tentaria (em vão, porque o Tribunal Constitucional o impediria) que todas as pensões de reforma fossem recalculadas de acordo com as regras actuais, com um período de ajustamento;
            – porque acredito que a função da Segurança Social é ajudar quem precisa e que o Estado não tem nada que sustentar estilos de vida dispendiosos, tentaria (em vão, porque o Tribunal Constitucional o impediria) impôr às pensões de reforma um tecto indexado ao salário médio nacional;
            – porque acredito que o Estado se deve concentrar em quem precisa, tentaria (em vão, porque o Tribunal Constitucional o impediria) encontrar uma forma de os serviços públicos deixarem de ser gratuitos para quem tenha meios de fortuna (não confundir rendimento com património);
            – tentaria (em vão, porque o Tribunal Constitucional o impediria) alterar as Leis laborais de forma a flexibilizar mais o mercado de trabalho (o joão lopes acredita que isso iria fazer aumentar o desemprego e eu acho que o faria diminuir, particularmente o de longa duração);
            – faria o possível para que o Orçamento de Estado passásse de deficitário para superavitário; uma vez que não é sustentável continuar a aumentar os impostos (“solução” que não defendo mesmo que fosse sustentável), isso exigira a redução dramática da despesa pública e, portanto, seria bloqueado pelo Tribunal Constitucional; (folgo em ver que o joão lopes defende a redução da dívida pública, embora tenha a impressão que o defende contra a leis da matemática porque não acredito que defenda a redução da despesa pública)
            – tentaria (provavelmente em vão porque o Tribunal Constitucional não gostaria da ideia) que o salários e folgas/dispensas para trabalho sindical dos sindicalistas passassem a ser pagos pelos respectivos sindicatos, o que significaria que aos funcionários públicos que passássem a exercer funções sindicais a tempo inteiro seriam concedidas licenças sem vencimento (renovável mas com um limite à duração total para distinguir os que interrompem temporariamente a carreira para fazer trabalho sindical dos que se tornam sindicalistas profissionais);
            – legislaria de modo a que o Estado deixásse de pagar abortos a pedido e respectivas “licenças de maternidade”;
            – acabaria com subsídios públicos a Fundações e Institutos privados, com um período de transição nunca superior a 1 ano.

            Quando ao “Observador”, de que apenas leio alguns artigos online, é de certeza melhor leitura do que o “Ávante” ou o “Dário de Notícias” (de que também leio alguns artigos online).

          • joao lopes says:

            bem,pelo menos não se justificou com o “malandro” do socrates.o problema parece sêr o TC e a constituição actual de Portugal ,culpa ,lá esta, do PCP. eu tambem culpo o PCP,por exemplo de ter deixado fugir para o brasil,o ricardo salgado , em 1975.quanto ao “Ávante”,não,não leio o Avante.

          • Joaquim Amado Lopes says:

            joao lopes,
            Não tenha a mais pequena dúvida de que a forma como a Constituição está escrita que permite que juízes seleccionem as normas que dão mais jeito para defenderem as suas posições ideológicas é um problema.
            Já chegaram a usar o princípio da “igualdade” para impedir que o Estado trate de forma diferente o que é diferente (p.e. funcionários públicos e trabalhadores privados) e o princípio da “confiança” para manter “direitos adquiridos” de que só alguns gozam.

            Quanto ao Sócrates, não há palavras suficientemente fortes na Língua Portuguesa para descrever o mal que ele fez ao país.
            E o PCP, que desde 1975 é sistematicamente cilindrado nas urnas, continua a usar os sindicatos para criar problemas aos cidadãos/contribuintes e gerar descontentamento, julgando que isso levará “a rua” a dar-lhe o poder que nunca conseguiu nem conseguirá pelo voto.

        • j. manuel cordeiro says:

          “Não escrevi que as taxas de juro baixaram *apenas* pela acção do Governo.”

          Por acaso escreveu.

          “seria à conta do que o actual Governo (bem ou mal) fez ”

          Agora vem compor o ramalhete. Ah e tal afinal também é acção do governo, está implícito e coiso. Táctica velha – repetir os bordões da propaganda, que alguma vez há-de colar.

          Os juros baixaram para todos porque o BCE comprou dívida. Não sei como é que os supostos liberais suportam esta intolerável intervenção estatal. Que blasfémia.

          Eu achar que tudo o que este governo fez foi mal feito? Ora, ora, longe de mim tal ideia. Por exemplo, tivémos um arranque de lectivo muito mais tranquilo. A justiça funciona impecavelmente. O desemprego baixou. A dívida é menor. A economia está a crescer de forma pujante. Os escândalos fiscais acabaram. Os impostos aumentaram mas a despesa do estado baixou em igual proporção. Só sucessos. Não sei se não me estarei a esquecer de algum.

          Ah e temos os cofres cheios. Já me esquecia deste feito. Folgo em saber que o vácuo no pensamento político no governo não invadiu os cofres. Além das dívidas, também lá poderá haver ar.

          Sobre isso da boca aberta, realmente não me posso prunciar sobre a forma como o Joaquim Amado Lopes estava a escrever.

    • martinhopm says:

      Ao sr. Joaquim Amado Lopes: amigo, sou um dos que não consegue ter qualquer poupança, nem a curto nem a médio-longo prazo. É chapa ganha, chapa gasta. E tem que se contar e recontar todos os tostões. Talvez por ter trabalhado uma vida inteira, (dos 18 aos 66), por não ter vivido nunca, jamais, em tempo algum, acima das minhas possibilidades, como nos querem impingir, por pagar impostos até ao último cêntimo (sempre assim foi e sempre descontei sobre o que efectivamente recebia/recebo). Talvez a minha situação seja devida à ofensiva carga de impostos sobre quem trabalha (os que têm trabalho, claro, trabalho sem direitos, sem qualquer estabilidade ou garantia, com pagas para não morrer de fome) e sobre os reformados. No fim da vida, vivo cada vez pior e com maiores dificuldades. Isto nem viver é, é sobreviver. Se quiser, eu explico melhor.

      • Joaquim Amado Lopes says:

        martinhopm,
        Não servindo de consolação (pelo contrário), não é de certeza o único português nessa situação. Mas, apesar de os testemunhos pessoais serem importantes para termos noção da realidade das outras pessoas, seria positivo que complementásse a sua descrição com o que acha que deveria/poderia ser feito para deixar de haver portugueses em situações semelhantes à sua.

    • Duvida Joaquim Amado Lopes? Então porque motivo haveria eu de, enquanto hipotético governante, não ter acesso a condições semelhantes àquelas que o actual tem?

      De resto, e pondo as coisas nos seus termos, eu não beneficiaria minimamente das condições proporcionadas por este governo porque eu seria integrante do mesmo logo seriam as condições criadas pelo governo do qual eu faria parte.

      Joaquim, anunciar aos 7 ventos que se enchem os cofres, sem referir que tal só pode acontecer com base em novos empréstimos, é apenas uma desonestidade entre tantas a que este governo nos habituou. Era esse o meu ponto.

      • Joaquim Amado Lopes says:

        Duvido que conseguisse condições semelhantes àquelas que o Governo actual consegue porque o joão lopes condena as acções do Governo que têm contribuido para que as taxas de juro sejam mais baixas. Por exemplo, os “cofres cheios”.

        E a Ministra das Finanças deixou muitíssimo claro que os cofres foram cheios com dinheiro pedido emprestado aproveitando as condições vantajosas que existem agora, para ter uma “almofada” financeira e Portual poder estar tranquilo caso as condições mudem.
        Além de que aqueles a quem seria necessário explicar que os cofres foram cheios com dinheiro pedido emprestado não entenderão ou não quererão entender qualquer explicação que seja dada. Se Portugal tem uma dívida pública monstra e deficit orçamental crónico, é mais do que evidente que foi pedido dinheiro emprestado para encher os cofres.

        A única coisa que justifica ser explicada porque, apesar de ser fácil de entender, não será óbvia para todos é a razão porque vale a pena ter os cofres cheios. A Ministra das Finanças explicou-o de forma clara, não valendo a pena tentar explicar melhor porque só não entende quem não quer entender.

        • joão lopes says:

          eu não “condeno”,eu não sou deus,nem juiz nem militante do EI.gosto sim de dialogar…já agora o que tem a dizer sobre a divida privada? e sobre a distibuição de dividendos por accionistas em empresas sobre endividadas(exemplo PT)?

          • Joaquim Amado Lopes says:

            Condenar é um termo perfeitamente adequado para “achar que não devia ter sido feito”. Não tem necessariamente a ver com moral, se o que o incomoda é essa associação.

            A dívida privada é privada. Acredito na responsabilidade individual e não acho justo que sejam os contribuintes a pagar as dívidas privadas.

            Quanto à distribuição de dividendos de empresas PRIVADAS sobreendividadas, essa é uma questão que diz respeito aos accionistas, às administrações e aos credores.
            Se o joão tem opinião sobre matérias que não lhe dizem respeito (todos as temos) e as quiser expressar, esteja à vontade. Pelo que me diz respeito, não tenho qualquer interesse em discutir num fórum público matérias relativamente às quais não tenho qualquer informação relevante, não posso influenciar, não me dizem respeito e não me afectam a não ser de forma muitíssimo indirecta.

  2. este é dos que come mesmo as criancinhas.

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