Claro como água

O Observador oficial da extrema-direita pariu uma proposta de nova Constituição. Fui ver. Onde está:

Artigo 1.º

República Portuguesa

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Riscavam a vontade popular, e o resto.

Ainda não substituíram pela jurisprudência divina ou o voto censitário dos empreendedores, nem assumem que querem uma sociedade presa, injusta e de caridade.

Fica para o próximo sonho erótico, seja com a tropa, ou com um Sebastião vindo e cavalgando seu submarino branco, ou mesmo a América após a vitória de um candidato do partido do chá.

Comments

  1. Artur says:

    Sr. Cardoso, ilumine-me se faz favor: o que é a vontade popular?

    • Nightwish says:

      É a vontade dos cidadãos em geral por oposição à vontade de uma faixa selecta do cidadãos que sai sempre a ganhar.

  2. É só uma proposta. Até à versão final ainda riscam o “soberana” e a “dignidade da pessoa humana”.

  3. Rui SIlva says:

    A vontade popular é, nomeadamente o resultado eleitoral. Os que mais defendem a constituição atual, estão volta e meia na rua a pedir a demissão dos governos, que foram eleitos… pela vontade popular.
    A vontade popular só, interessa quando coincide com a minha.

    cumps

    Rui Silva

    • Conhece a origem da expressão “votar com os pés”?

      • Rui SIlva says:

        Já agora o João José Cardoso votava pelo pessoal todo, uma vez que não “vota com os pés” e assim a vontade popular seria bem e legitimamente representada.

        cumps

        Rui SIlva

    • Artur says:

      Também era a ideia que eu tinha da vontade popular. Agora já só me falta saber porque é que a Constituição diz que Portugal é uma Republica (…) baseada (…) na vontade popular, mas depois um pouco mais para a frente logo impõe limites ao que a “vontade popular” pode escolher…ou seja o povo manda como quer ser governado, mas…com juizinho.

      • Quais limites?

        • Artur says:

          Imposição: forma republicana de governo;
          Restrição: Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.

          Eu pessoalmente até concordo (apenas incluiria também a ideologia comunista e o fundamentalismo religioso por uma questão de igualdade) mas não deixam de ser limites e assim não podemos falar em “vontade popular” como um direito absoluto e totalmente livre do povo poder eleger quem bem entender que o deve representar/governar.

          • Claro, proibir a ideologia comunista. Deixamos o Calaboto à solta a sai o salazarista doentio que sempre foi.
            Vou-lhe contar uma novidade: este regime foi criado por uma revolução que derrubou o seu regime, o de 33. E a monarquia foi à vida, em 1910. Chama-se legitimidade revolucionária, e é nela que reside precisamente a vontade popular.
            Não entendeu? estude História, é assim que funciona o mundo.

          • Rui SIlva says:

            Essa agora João José´Cardoso. Então para si se alguém condena a ditadura comunista só pode ser Salazarista.
            Se for um Inglês será também Salazarista?
            E já agora não acha que a “legitimação revolucionária” devia ser votada?
            Não, não é assim que funciona o mundo. Olhe o exemplo da Inglaterra, não precisou de revoluções para ser um País avançado no que á liberdade diz respeito.
            Também leio muitas vezes aqui grandes louvores a países de Regime Monárquico…

            cumps

            RS

          • Comecemos pela ignorância: vá estudar a História da Inglaterra, nomeadamente a do séc. XVII. E quanto a liberdade de expressão num país onde um republicano pode ser preso apenas por defender uma república, teve piada.
            O seu salazarismo não está apenas no anti-comunismo primário, que é precisamente o pai dos fascismos. Está também no ataque à Constituição, e aos conceitos que invoca para discordar dela. E sim, foi votada, por uma Assembleia Constituinte eleita, ao contrário do “plebiscito” anedótico de 33.

      • Rui SIlva says:

        Meu caro João José Cardoso , seculo XVII ? ? ?
        A Inglaterra limitou o poder do Rei no inicio do Sec. XIII.
        Você aconselha você os demais a estudarem História…
        O nosso Portugal era ainda um jovem

        cumps

        RS

    • Nightwish says:

      Em primeiro lugar, não se vota num governo em Portugal, pelo que estes não são eleitos, nem tão pouco num primeiro-ministro.
      Em segundo lugar, vota-se de acordo com promessas eleitorais em geral e com um programa de governo em particular. Usar todas as mentiras possíveis para obter a cruzinha e depois chamar a isso democracia não tem o mínimo de legitimidade.

    • José almeida says:

      A vontade popular é cada vez mais um chavão. Acha que um país pobre pode ser livre? Acha que quem come a ‘sopa dos pobres’ vota em Liberdade? Já refletiu que seja qual for a sua (do pobre) opção de voto em nada vai alterar o seu estado? Sabe que nas próximas legislativas mais de 20% dos inscritos nos cadernos eleitorais vive no limiar da pobreza? Sabe qual vai ser o resultado das próximas legislativas? Não sabe? Eu sei….. vai ficar tudo na mesma. Ficando tudo na mesma acha que vai ser respeitada a vontade do povo? Eu acho que não! Servirão para alguma coisa estas legislativas? Não! Nem para mudar as moscas.

  4. Artur says:

    Vejo os mesmo perigos no fascismo, no comunismo, em monarquias absolutistas ou teocracias…todos, na História, estabeleceram severos limites às liberdades individuais em prol das suas ideias sobre o bem comum…prefiro os insipidos, incompetentes e corruptos, mas inofensivos PP-PS-PSDs…

  5. Artur says:

    E a legitimidade revolucionária dás-lhe o direito de impor às gerações presentes e futuras as formas de governo que podem escolher? A lei do mais forte prevalece sobre a vontade popular futura? Onde é que está a LIBERDADE no meio disto tudo?

    • A liberdade é precisamente o que sempre, mas sempre, ao longo da História, só foi conquistado através de revoluções. Não fossem elas e ainda estávamos no absolutismo.

    • José almeida says:

      Liberdade é o Syriza ganhar as eleições e só poder fazer o que a Alemanha quer. Liberdade é na Madeira haver uma maioria absoluta com 18% dos inscritos nos cadernos eleitorais. Liberdade é passar fome mas poder mandar os governantes p’ro c****. Liberdade é 300.000 jovens abandonarem o país sem autorização dos pais…… quer que continue?

      • Rui SIlva says:

        Caro José Almeida,

        O Siriza ganhou as eleições na Grécia, não foi na Alemanha nem em Portugal.

        cumps

        Rui Silva

  6. Artur says:

    A lei do mais forte prevalece sobre a vontade popular futura?
    Queria antes dizer a vontade do vencedor da revolução prevalece sobre a vontade popular futura?

    • Vontade popular futura é o quê? o seu desejo?
      E as revoluções são ilegítimas porquê? porque derrubam tiranias?

      • Rui SIlva says:

        Mas normalmente criam novas tiranias.
        Veja a implantação da Republica em Portugal. Nunca se sujeitou á legitimação popular, negou o voto as mulheres, aos homens sem instrução ou riqueza, e por fim lançou o País na mais perfeita miséria abrindo caminho á Ditadura Salazarista. Só neste processo revolucionário perdemos décadas de desenvolvimento em relação aos outros países europeus.
        Veja o caso mais recente “25 Abril de 74” Só por sorte não aconteceu a implantação de outra ditadura, mas quase.

        cumps

        RS

        • A monarquia é que se sujeitou à legitimação popular, não negou o voto as mulheres e aos homens sem instrução ou riqueza, e por fim não lançou o País na mais perfeita miséria abrindo caminho à República.
          Ó homem, leia livros.

          • Rui SIlva says:

            Ou seja, você gosta é de Revoluções, porque gosta, prontos. Não gosta para que algo seja mudado .
            Mas está certo, uma revolução, ironicamente é isso mesmo , uma volta de 360º. No fim fica tudo na mesma.

            Cumps

            RS

          • Prontos, se o diz, quem sou eu para o contrariar a meu próprio respeito.
            Estes pequenos tiques salazarentos são assim tão irrepremíveis?

        • Nightwish says:

          Pois, como a revolução de 74, a revolução indiana, a revolução para acabar com o apartheid, a revolução irlandesa, a revolução protestante…
          Como a revolução francesa e a russa não obrigaram muitos outros países a mudarem rapidamente o direito das pessoas… O status quo é que é.

  7. Sr. da Porta ao Lado says:

    É engraçado que aqueles que falam mais de “mudança” são os primeiros a negá-la, chamando automaticamente “fascistas” ou “extrema-direita” a quem propõe que a Constituição seja mudada, não apresentando motivos válidos para o não o fazer. Curiosamente são os mesmos que defendem muito a “legitimidade popular”, mas só quando lhes convém. São os mesmos que apelidam de fascistas tudo o que não concorda com eles, mas são os primeiros a proteger crápulas como aqueles do PREC que quase implementaram uma nova ditadura, precisamente violando o “espírito de Abril”, o espírito da democracia, com o qual tanto gostam de encher a boca mas de nada sabem. Quando se é para discutir uma reforma do poder político, cai-se no vazio, porque quem propõe uma reforma constitucional é um “fascista.”
    Podem dizer o que quiserem, mas têm exactamente a mesma mentalidade dos fascistas que tanto criticam:
    1933 ” Podes ter a ideologia que quiseres – desde que devas respeitinho ao Doutor Salazar e ao Estado Novo, se não és um perigoso “comunista”.
    1975 ” Podes ter a ideologia que quiseres, desde que respeites o “socialismo” e que tenhas respeitinho à Constituição que não votaste e aos “militares de Abril” que andam a matar pessoas indiscriminadamente, senão és um perigoso ” fascista”.
    Descubram as diferenças.

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