Viktor Orbán é uma daquelas pessoas – acho que conta como pessoa, não tenho bem a certeza – que se presidisse a um partido como o Syriza ou o Podemos seria considerado uma ameaça à liberdade e a não sei quantas coisas mais. Felizmente para ele, a opção pela extrema-direita tem-se mostrado uma escolha acertada. Governa a Hungria, agora sem maioria, mas continua em grande forma no que às melhores práticas fascistas diz respeito. E enquanto alguns dos colegas do Partido Popular Europeu (PPE) que podemos ver na foto se dedicam a evitar que o actual governo grego exista, o primeiro-ministro húngaro dedica-se a outras causas como a cruzada pela discussão da reintrodução da pena de morte na União Europeia ou o envio de imigrantes para “campos de internamento”, para serem forçados a trabalhar,
Se isto fosse na Rússia de Putin, bom amigo de Orbán, na Venezuela ou no Irão, soariam alarmes de direitos humanos, neounicórnios cor-de-rosa relinchariam em profunda indignação e o mundo estaria provavelmente perdido. Mas a Hungria do Orbán, que até já foi vice-presidente desse bastião da cultura democrática que é o PPE, não é um desses desvarios esquerdistas que nos levarão à perdição. Afinal de contas, o homem só quer poder eliminar cidadãos “inconvenientes” e criar uma versão moderna dos saudosos campos de trabalhos forçados. Puxão de orelhas e está resolvido. Entre isso e deixar os maluquinhos das reestruturações de dívida à solta, deixem andar o Orbán. Mais fascista menos fascista, este pelo menos já saiu do armário. Será que o jornal do regime também lhe arranja uma história de amor daquelas mesmo fofas e… falsas?
Noutra ocasião vale a pena abordar o sistema prisional e a opção por regime de preso em cela versus preso com actividade laboral.Os 17 mil que temos arrecadados normalmente saem de lá piores. Isso , penso, era diferente nas cadeias salazarentas em que havia trabalhos no exterior.
Campos de internamento para trabalhos forçados soa-me um bocado a Sibéria. Ou mesmo Coreia do Norte. Não sou contra que os reclusos trabalhem mas o ponto aqui não é esse. O ponto aqui é a forma como isto seria abordado caso fosse uma medida tomada, por exemplo, pelo governo do Syriza. Ou pela Venezuela. Ou, pior, pela Rússia. É o branqueamento desde animal fascista que vem sendo feito pelos moralistas europeus de direita, um pouco à imagem do que vem acontecendo com os nazis que dirigem actualmente a Ucrânia.
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