Otários de esquerda

pata na poça

Entenderam os líderes dos partidos de esquerda que o Observador é um jornal online de direita mas um jornal como os outros e concederam-lhe entrevistas.

O Observador é um projecto político, e não sei se projecto será a palavra mais correcta, pago por multimilionários para substituir o que não têm coragem para fazer, fundar um partido e concorrer às eleições. Os manuais do neo-liberalismo explicam porquê.

Tem de caminho a função de fazer umas transferências bancárias para alguns opinadores da extrema-direita, gente que mete sempre o bolso à frente das causas, e contratou alguns jornalistas para disfarçar a sua verdadeira função.

Passa pela cabeça de alguém que Jerónimo de Sousa dê uma entrevista ao Povo Livre ou que Catarina Martins preste declarações ao Portugal Socialista? Pela de ambos pelos vistos passou. O resultado está à vista, não só no branqueamento que emprestaram ao pasquim, como numa fantástica peça intitulada “O que distingue as nossas esquerdas?“, onde à cabeça Catarina aparece como não querendo o poder e depois se vão “extraindo pistas” e manipulando as afirmações que proferiram, deixando um retrato da esquerda portuguesa pintado pela direita. Uma festa, e de borla.

Que os dirigentes partidários não leiam blogues, e não tenham percebido o que é o Observador, já sabia, agora que ninguém os tenha avisado, isso estranho. Fica a originalidade: como as esquerdas portuguesas meteram a pata na poça. Agora sacudam a lama.

Comments

  1. albanocoelho says:

    Grande pontaria. Subscrevo integralmente.

  2. Nightwish says:

    É esta gentalha que fica muito indignada e chata por não os deixarmos fazer a cobertura das eleições como bem lhes apetece. Temos pena, voltem a fazer jornalismo, a bem ou a mal.

  3. joão lopes says:

    no fundo é o mesmo que o pinto da costa conceder uma entrevista ao jornal do benfica ou ao jornal a bola.ou vice-versa.pelo que o pinto da costa sabe mais num dedo,que a catarina martins/jeronimo juntos.penso eu de que…

  4. Sr Pires says:

    Desta vez concordo consigo, Sr. Professor. Falta aqui o lápis azul do Estaline para colocar isto na ordem. Pouca vergonha, onde já se viu, um jornal que se assume de direita? A fazer frente a esses bastiões da esquerda, como o Publico, o DN, o JN ou a TSF? Não foi para isto que se fez o 25 de Abril!

    • Bastiões de esquerda propriedade de capitalistas de direita. Sim, Calimero.

      • Sr Pires says:

        Ressuscitamos o Saramago e colocamo-lo novamente a sanear a redacção do DN. Que lhe parece, sr Professor João?

        • Reductio ad stalinorum, ainda vá que não vá, é o costume, agora ad saramagum, parece-me exagerado.
          E argumentos, não há? ou a seguir vem a Coreia do Norte?

      • Sr Pires says:

        Já agora, permita-me acrescentar que o “capitalista” Proença de Carvalho do grupo ControlInveste, agora Global Media Group, faz um excelente trabalho na senda de socialista, mas um trabalho fraquinho neste coisa do capitalismo. Com capitalistas destes nem precisamos de socialistas.

        • Mais capitalista e homem do regime que o Proença, não conheço. Começou logo a ganhar a vida na herança Champalimaud.
          “Aderiu ao Partido Socialista, logo após o 25 de Abril, demitindo-se após o 25 de novembro de 1975, para assumir a direcção do Jornal Novo. Em 1978, foi nomeado Ministro da Comunicação Social do IV Governo Constitucional sendo primeiro-ministro Carlos Mota Pinto. Em 1979 torna-se presidente do Conselho de Administração da Radiotelevisão Portuguesa.
          Dirigiu em 1986 a campanha de Diogo Freitas do Amaral para Presidente da República e, dez anos mais tarde, foi mandatário nacional da candidatura presidencial de Cavaco Silva, em 1996.”
          Pelo caminho perdeu a TVI versão mais à direita. Não vale a pena falar dos cargos em empresas, pois não?
          Um homem de esquerda, é claro.

          • E por acaso é um homem de Direita?
            Caramba, acabas de descrever uma verdadeira prostituta do Estado a que isto chegou, ou se preferires, do verdadeiro bloco central de interesses…

          • Sr Pires says:

            Portanto, ser homem do regime do PS e ganhar dinheiro à custa do regime faz dele um capitalista. Reitero então aquilo que havia dito antes: com capitalistas assim, não precisamos de socialistas. (nota: caso não tenha percebido, foi uma adaptação assim um pouco foleira do adágio “com amigos assim, quem precisa de inimigos?”)

            Quanto ao saneamento, foi só para elucidar Sua Reverência Professor do Bloco que num país democrático e livre os jornais podem não ser de esquerda, o que é o caso do Observador (ou do Independente, ou da revista Atlântico, ou..). Um vexame, eu sei. É a ditadura neoliberal ao ataque. Onde já se viu, não sermos todos de esquerda!

          • Existe mercado para jornais mais à esquerda ou mais à direita. E daí? Nem percebo o que tem a ver a propriedade com a linha editorial. Business is business. O mesmo dono pode deter 2 jornais com diferente posicionamento e lucrar com ambos. Se interferir na linha editorial acabará por descaracterizar, perder leitores e provavelmente destruir valor…

          • Acabo de aprender que Mota Pinto foi um ilustre militante do PS.
            E que o PS não é do regime, nem o regime a alternância entre PS e PSD, deve ser socialista, tal como as grandes empresas para onde têm transitado os seus ex-ministros. O P de C nunca foi um distinto jurista do capitalismo português, foi alucinação minha que começou logo no caso Sommer.
            Quanto a essa de me etiquetar do Bloco, devo ter sido refiliado ontem, esqueceram-se foi de me avisar.
            Os neoliberais do Observador que se constituam em partido, e o Carrapatoso que vá a votos. Sempre é mais honesto que não ser, de forma alguma, ora essa, apoiante do PSD, mas pagar um jornal partidário.
            Ainda estou à espera da Coreia do Norte (ou haverá por aí algum trauma com massacres coreanos?).

  5. Um jornal bem escrito com opiniões diversas e fundamentadas pode e pelos vistos é um projecto condenável. Quem só consegue ver pregos não admira que a ferramenta ideal seja um martelo.

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