Então vamos lá dizer isto em verso, que estamos aqui é para servir.
Ó Passos, que passas tantos dias a mentir, Não sejas piegas e deixa a tua zona de conforto. Arranja trabalho para onde te possas sumir, Mas evita o tacho onde ex-político faz de morto. |
Ó Passos, ó Cavaco, ó Portas
Ouçam uma verdade de arromba
Eu só ficarei satisfeito
Dando-vos cum pano enxarcado pla tromba!
Então vamos dar-lhe poesia:
Bojudo fradalhão de larga venta,
abismo imundo de tabaco esturro,
doutor na asneira, na ciência burro,
com barba hirsuta, que no peito assenta:
No púlpito um domingo se apresenta;
prega nas grades espantoso murro;
e acalmado do povo o grão sussurro
o dique das asneiras arrebenta.
Quatro putas mofavam de seus brados
não querendo que gritasse contra as modas
um pecador dos mais desaforados.
“Não (diz uma), tu padre não me engodas;
sempre me há-de lembrar por meus pecados
a noite, em que me deste nove fodas!”
BOCAGE
Estamos porreiros
Saúde excelente
bem comidos
e dormidos
Ninguém está doente
o que já chateia
O sol aqui é quente
e a chuva fria
Vento em popa
conveniente
O mar tranquilo
regulado
para nadar
A hora é exacta
às doze em ponto
é mesmo meio dia
O melhor que há
passa por cá
vamos ao teatro
vamos ao cinema
vamos ao ballet
Estamos todos porreiros
estamos todos contentes
olarilolé
Vamos ao Algarve
para falar estrangeiro
Vamos viajar
vamos dar uma volta
num cruzeiro
Vamos ao Tavares
vamos ao Lacerda
a todos os lados
aqui e ali
e vamos à merda
ARMINDO MENDES DE CARVALHO
Ó FORMOSURA!
Piolhos cria o cabelo mais dourado;
Branca remela o olho mais vistoso;
Pelo nariz do rosto mais formoso
O monco se divisa pendurado:
Pela boca do rosto mais corado
Hálito sai, às vezes bem asqueroso;
A mais nevada mão sempre é forçoso;
Que de sua dona o cu tenha tocado:
Ao pé dele a melhor natura mora,
Que deitando no mês pode gordura,
Féitdo mijo lança a qualquer hora:
Caga o cu mais alvo merda pura;
Pois se é isto o que tanto se namora,
Em ti mijo, em ti cago, ó formosura!
BOCAGE
Naquelas eras corruptas,
era severa a justiça.
Se as rainhas eram putas,
os reis tinham fraca a piça.
Acordem ó povos do presente!
Esqueçam as fronteiras e as diferenças!
Uni-vos contra o cego jugo!
Repudiai quem de vós faz sua pertença!
Portugal
És um jardim que estás beira-mar
Que governado só por ladrões
Começa no Presidente da República
Acabando nas próprias Fundações
Tudo gente muito bem instruída
Na arte de muito bem roubar
Quando não sabem como fazer
Impostos são de aumentar
São gente que já nem dorme
A pensar na próxima golpada
Toda agente os vê a roubar
Só o P.R. é que não vê nada
Assim temos um governo
Com o apoio de deputados
Acham que tem legitimidade
De por a seita sermos roubados
E como são todos eles doutores
Com canudos bem tirados
Em famosos cursos de roubar
Que lhes deu os bacharelatos
Alguns são tão bem conhecidos
De como eles falam tão bem
Até o povo lhe bate palmas
Por nos roubarem como ninguém
Ainda vou ver esta seita
Pagamos impostos para tudo
O que esta seita inventar
Já só o que falta mesmo
Imposto quando para cagar
Um novo imposto nos criar
Por cada bocejo que dermos
Esse ar termos de se pagar
Esta ladroagem que só nos rouba
Não para de mais impostos criar
Nem sei como ainda não pensaram
Em fazer um por cada passada se dar
Nós povo não temos defesa
Nem a quem nos queixar
Temos um P.R. que é cego
Não vê o governo a nos roubar
É um fartar de vilanagem
Do governo aos deputados
Por Camaras e freguesias
Todos só nos têm roubado
E para nos roubarem mais
Organismos foram inventados
Não passam de mais uns tachos
Para empregar os Boys e afilhados
E assim vai este nosso Portugal
Governado pela seita de ladrões
Sem que nada lhes aconteça
Nem menos vão para prisões
E viva esta linda democracia
Por tantos que é apregoada
O povo vai batendo palmas
Que por esta seita é roubada
E quando chegar às eleições
Lá vai o povo a correr votar
Correndo com uns ladrões
Metendo outros a nos roubar
E damos vivas aos governos
Mais vivas aos deputados
Só falta darmos os parabéns
De eles nos terem roubado
De: António Candeias
Porque a realidade presente é mais ordinária do que a brejeirice de um Bocage (segundo se consta), e assim como dizia Arthur C Clark – “A realidade ultrapassa a ficção” aqui vai…..
ÁGUA
Meus senhores eu sou a água,
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da rasca
tira o cheiro a bacalhau da lasca
que bebe o homem que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
que rega as rosas e os manjericos
que lava o bidé, lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber às fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.
BOCAGE