A venda da TAP e um criminoso chamado Pedro Passos Coelho

Crime PPC

Fotomontagem@Uma Página Numa Rede Social

Muito se tem discutido a privatização da TAP. Na arena ideológica, a contenda divide-se essencialmente entre três facções: a direita ultraliberal, sedenta por privatizar todo o país excepto, por enquanto, o solo, o oxigénio e a ZEE (sublinhe-se o “por enquanto”), a esquerda mesmo esquerda, que se opõe ferozmente a esta e a qualquer outra privatização e o PS, que igual a si mesmo se limita a fazer campanha eleitoral, actividade que neste momento passa por ser contra a privatização, apesar de um passado privatizador altamente prejudicial ao país que tenta, sem sucesso, branquear.

Apesar de não ser grande adepto da venda apressada e amadora de património estratégico do Estado a preço de saldo, que de resto tem sido a regra nas três últimas décadas, tendência agravada nestes quase quatro anos de governo PSD/CDS-PP apesar do discurso do auto-intitulado “criminoso” Pedro Passos Coelho que em 2011 acusava o governo de Sócrates de estar a “prometer alienar participações como quem vende os anéis para ir buscar dinheiro”, – actividade a que o primeiro-ministro se dedica agora com tanto afinco – a TAP sempre foi uma daquelas empresas cuja alienação nunca me causou tanta perplexidade como a privatização da EDP, da PT ou dos CTT. Mas, gostemos ou não, a maioria dos portugueses que se deu ao trabalho de votar em 2011 legitima o fanatismo destas pessoas e os abstencionistas são cúmplices desta e de todas as outras privatizações. A democracia é mesmo assim. Se não queremos que o património do Estado continue a ser privatizado em força para alimentar as castas basta rejeitar os partidos do bloco central, simples. Caso contrário eles privatizarão tudo e continuarão a encontrar o seu próximo emprego nos conselhos de administração dos vencedores destes leilões de salvados.

Ainda assim, entristece-me perceber que a TAP é apenas mais uma de um conjunto de privatizações que reforçam a estratégia deste governo, que desde o início consistiu em ir além da Troika, algo que fica patente pelo volume total do negócio das privatizações que ascende já a 9,5 mil milhões de euros, mais 4 mil milhões de euros do que aquilo que a Troika nos exigiu. O valor obtido, porém, tem paradeiro incerto e a nossa dívida continua a aumentar, apesar dos cofres supostamente cheios. Cofres cheios, “anéis” vendidos ou em liquidação total, cortes que se acumulam e mantêm, carga fiscal violenta e a propaganda desenvergonhada que se resume a continuar a mentir aos portugueses na esperança que a aldrabice volte a passar como em 2011: eis a essência da coligação liderada por um mentiroso compulsivo e um pandeireiro político capaz de sacrificar ainda mais o país no altar dos mercados predadores por um pouco mais de poder.

No fundo entristece-me ver esta empresa ser vendida por uns trocos, uma empresa que poderia até ser bastante lucrativa caso não tivéssemos esbanjado tanto dinheiro em operações deficitárias no Brasil ou na compra de Portugálias a terroristas bancários (coisas de socialistas, os tais que agora se insurgem contra a venda da TAP). Até porque se alguém está disposto a dar alguma coisa por ela, é porque a TAP deve valer alguma coisa. Os privados raramente investem em cavalos esbarrados e na nossa história recente abundam exemplos de empresas estatais problemáticas que, após privatizadas, se transformam em fontes de simpáticos lucros. Outras, como o caso dos CTT, chegam mesmo a ser vendidas por trocos apesar de serem já lucrativas, algo que para governantes como os actuais é completamente irrelevante. O que lhes interessa é reduzir as funções do Estado ao mínimo e entregar tudo o que ainda tenha algum valor aos deuses do mercado livre. Se no futuro correr mal, os que cá estiverem que se amanhem que em Portugal não há governos sem heranças catastróficas.

Comments

  1. Como dizia na televisão, entrevistado na rua, à cerca de dois anos, um desgraçado e velho ancião grego; a estes políticos ladrões eu queria que fossem fuzilados! Eu não diria tanto (por agora) mas que os quero ver enjaulados e rapidamente, ai isso quero!

  2. Eu cá era dar-lhe com sexo mágico.

    E perguntam vocês o que é isso do sexo mágico.

    Amante- “Hoje vamos ter sexo mágico!”
    PPC- ” Ai que bom. E o que é isso?”

    Amante: ” Fazemos sexo e tu desapareces a seguir”.

  3. E por onde anda o senhor Irrevogável? O tal patriota que assiste a esta venda da coisa pública e mantém o seu ar de pessoa responsável e séria. Malditos sejais vós, servidores dos interesses capitalistas. Que a terra vos seja pesada no dia em que finarem (em sentido figurado, claro).

  4. Reblogged this on O Retiro do Sossego.

  5. Bom post. Um aparte, após tanta empresa do estado que fornece mau serviço aos clientes, defices e mas decisoes que se revertem como por magia apos a privatizaçao (estaleiros, Tap, transportes, bancos..ainda acha que foi azar com os gestores nomeados? tanto azar não dá para ter uma duvidazinha que talvez o modelo tenha bastas culpas? olhe para os colegios privados e os liceus publicos e interrogue-se porque diabo os primeiros lugares são todos ocupados pelas escola privadas “não nossas”- e não se esquece que os direitos e salarios dos prof nem são iguais.

Trackbacks

  1. […] impostos e piores condições de acesso a apoios sociais, à Educação ou ao SNS. Em simultâneo, o que resta dos “anéis” vai sendo criminosamente vendido por tuta e meia para preencher estes e outros buracos. E a culpa lá vai morrendo solteira, ainda que em união […]

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