As lições de propaganda de Marques Mendes

MarquesM

Em artigo de despedida do painel de cronistas da visão, Marques Mendes dedicou algumas linhas a elogiar Jorge Sampaio, recentemente distinguido com o Prémio Nelson Mandela. Não irei discutir a justiça na entrega do galardão mas apenas a conclusão genial do barão social-democrata: esta distinção é relevante por ser ilustrativa da afirmação de personalidades portuguesas à escala planetária. E aproveita a deixa, claro, para fazer um mimo ao amigo Durão Barroso.

Durão não prestigiou Portugal. Durão envergonhou o nosso país com a sua postura servil. Durão foi a quarta ou quinta escolha dos burocratas para um cargo no qual nem sequer deixou marca. Durão abandonou aqueles que o elegeram por um salário melhor com mordomias dignas de príncipes sauditas. Não sem antes se meter no terrorismo de Estado norte-americano, fazendo o papel de mordomo nas Lajes. Durão deixou a UE pior do que a encontrou. Durão foi inútil para Portugal e para a UE. Prestigiou o quê?

Claro que Marques Mendes não poderia ir embora sem uma última bastonada no Syriza. A posição dele não difere muito da hostilidade do pensamento único dominante. Mas não deixa de ser tremendamente hipócrita ver um apoiante tão convicto de Passos Coelho acusar os actuais governantes gregos de arrogantes e pouco prudentes na sua retórica eleitoral. Que é por estas e por outras que os cidadãos se afastam e desconfiam dos políticos. O que o influente opinion maker parece ignorar é que isso acontece, em larga medida, por causa de partidos como o dele, repletos de sanguessugas penduradas nos cofres públicos, incompetentes e traficantes de influências que foram destruindo a economia deste país às prestações enquanto se banquetearam, das mais variadas formas, com os grandes negociatas à custa do erário público. Que arrastaram a democracia para as ruas da amargura. Que substituíram a meritocracia por redes de homens de mão. Com certeza que Marques Mendes conhecerá alguns destes indivíduos. Já agora, por onde andou ele nos últimos quatro anos? Ou será que considera Passos Coelho arrogante e pouco prudente na sua retórica eleitoral?

Imagem@SIC Notícias

Comments

  1. Nightwish says:

    Marques Mendes conhece esses indivíduos porque é um deles, segundo li no outro dia.
    Eu devia era ter criado uma sociedade de advogados para viver às custas do estado…

  2. Uma pequena discordância; quando se elogia o Sampaio não há nada a apontar; no caso do Durao (e basta ver pelo que o substituiu) o desempenho do cargo envergonha os portugueses?!!
    Quando se critica o que governo grego fez algo mal, é mais que evidente que não se está a dizer bem do governo português. Fazer esses paralelisnos é dum feciosismo e duma tacanhez que envergonha e envenena uma reflexão séria.E reduz as pessoas a vegetais acefalos que só conhecem duas cores.

  3. Não se esqueça que Durão Barroso “viu” as armas de destruição maciça no Iraque. É, na verdade, um homem com um grande olho. Mais um que equiparado a Bush não passa de terrorista. Sim, a destruição de Iraques, Libias, Tunísias e Sírias, para além dos regimes despóticos, foram actos criminosos pelas consequências que geraram. E Durão era Presidente da Comissão. Por certo que também tem responsabilidades. Ou era um verbo de encher?

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