Assis está definitivamente perdido

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Francisco Teixeira

Assis escreve hoje outro texto no Público que constitui a continuação da sua perdição cultural e ideológica que, no essencial, mostra que quando não é vácuo está errado e não percebeu, dos salões luxemburgueses, a Europa em que as pessoas reais vivem.
Centro-me apenas nos erros mais evidentes e confrangedores…

Erro 1: “Grécia tornou-se o pedaço doente da nova Europa.”
Assis repete aqui os piores e mais soezes estereótipos ultradireitistas: o problema europeu é a Grécia!
Nem sequer imagino como um tipo como o Assis pode pensar isto, e dizê-lo! Por decoro, nem sequer contra-argumento.
Erro 2: “Ocorreu em 2011, quando Georgios Papandreou, recém investido nas funções de primeiro-ministro, informou uma Europa incrédula de que as contas relativas às finanças públicas helénicas tinham sido aldrabadas. Começou aí a crise das dívidas soberanas que tanto prejuízo causou no Velho Continente.”
Assis descobriu que, afinal, a crise das dívidas soberanas não teve nada a ver com a crise bancária americana do subprime (Já de 2006!), particularmente com a queda desastrosa do Lehman Brothers e companhia. Afinal, diz, a crise das dívidas soberanas teve origem na Grécia e na sua falsificação de contas. Feitas pelo PASOK e pela Nova Democracia…
Erro 3: “Os erros [do Syriza] foram os seguintes: a celebração de
uma coligação com a direita hipernacionalista, o recurso a uma retórica antigermânica primária e a incapacidade de estabelecer alianças pragmáticas com governos de outros países.
Quanto ao primeiro erro: “a direita hipernacionalista” (Partidos dos Gregos Independentes) de que fala Assis é, em grande parte, uma cisão da Nova Democracia (Panos Kammenos, o seu líder, é ex-deputado do partido Nova Democracia) com quem o Pasok esteve coligado. Mas que interessa…
Quanto ao segundo erro: “o recurso a uma retórica antigermânica primária”, a questão é que a retórica antigermânica não é primária. É dura porque é certeira e justa. A Alemanha é a líder do programa austeritário pós-democrático que destruiu (sim, já destruiu) a Europa.
Quanto ao terceiro erro: “a incapacidade de estabelecer alianças pragmáticas com governos de outros países”. Mas com que países poderia o Syriza aliar-se? Com Portugal e Passos? Com a Itália e Renzi, que, segundo o próprio Assism, “deu provas da mediocridade”. Com a França de Holland e o seu PM pós-socialista? Com a Espanha hipercorrupta do PP local?
Erro 4: “Confrontado com o seu próprio desespero, o primeiro-ministro grego decidiu-se pela convocação de um referendo de discutível legitimidade democrática que suscitou já a reprovação por parte dessa organização insuspeita que é o Conselho da Europa.” É incrível que a convocação de um referendo sobre uma questão desta magnitude possa ser considerada de “discutível legitimidade”! O facto de Assis subscrever as teses da OCDE apenas confirma o óbvio: a Democracia é um problema para esta gente.

Assis está definitivamente perdido.

Comments

  1. Hélder P. says:

    Os referendos sempre foram um incómodo para o “establishment” da UE desde Maastricht.

    Quando um país ousa chumbar por referendo um dos tratados da UE, o que aconteceu? Repetiu-se o referendo as vezes que foram necessárias para os eleitores entenderem que com a “Europa” não brincam. My way or the highway…

  2. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Este Assis só me leva a fazer um comentário:
    Numa já longínqua noite em Felgueiras, houve um trabalho que não foi completado. E é pena.
    Assis representa o estigma fascista do PS (digo isto sem qualquer medo, porque vivi o fascismo).
    E isto é ainda mais penoso para o PS e para Portugal.

  3. Victor Nogeira says:

    Assis não passa dum intelectual de pacotilha deslumbrado com a sua imagem a quem o Público dá guarida para garatujar umas tretas que depois são amplificadas on line.

  4. O Assis não merece estes trolls tão exaltados e democratas que nem uma opinião diferente dum membro da seita, conseguem discutir com calma. Imagino o que os democratas dirão dos adversários(alias nem é preciso imaginaºao basta escuta-los).
    Um referendo(não plesbisito) tem regras para equilibar a igualdade das duas partes- aqui os nosso “democratas” acham que dum lado o governo, a televisao publica(mas não de todos os gregos a boa pratica socratica) e do outro os contra é uma democarcia!!!
    A Grecia e alguns em todos os PIIGE defendem que os excessos praticados nas despesas devem ser solidariamente pagas pelos que governaram bem)? estranho que nem os gregos querem ser solidarios com os governates que antes deles arruinaram a Grecia, mas com os dinheiros dos alemães já querem!!
    Para quem reclama uma UE mais solidaria, contribuir com insultos e garotadas irresponsaveis é de quem devia era ser independente (total!! do dinheiro também=.
    Coisa que nem pensaram quando andaram a gastar o que nunca produziram. Camaradas agora vamos dividir tudo em conjunto; as galinhas tambem? as galinhas não que eu tambem tenho galinhas!! AH grandes democratas e infantis que julgam que os ricos são tolos.

  5. J.Pinto says:

    Não quero saber do Assis, nem do Passos ou do Costa.

    Eu proponho um referendo em cada um dos países credores, para ver se os respetivos eleitores (perdão, contribuintes) aceitam emprestar mais dinheiro à Grécia.

    Como bons admiradores desse tipo de democracia, sei que me acompanham neste raciocício.

    Ou não?

    Vou esperar pelas vossas respostas, mas imagino que nem sempre defendam a tal democracia, não é verdade?

    • Vítor Cruz says:

      E depois se os cidadãos dos países credores não aceitarem (contra a vontade dos governantes), como é que os bancos dos países credores ganham os milhões?

      • J.Pinto says:

        Se é por causa dos bancos, porque é que o Syriza está tão empenhado no referendo? É deixá-los ir à falência.

        Se não houver acordo entre os credores e o devedor, serão então os bancos a penar. Não sabia que o Syriza era tão defensor dos bancos. Estamos sempre a aprender.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      O caro J. Pinto possivelmente gostará de exercícios masoquistas como propõe.
      É claro hoje que dos 300 mil milhões de euros que a Grécia recebeu, nem 15% foram usados nos sistemas estruturantes do País. Não me pergunte onde estão os 250 mil milhões (números redondos) restantes, mas não será difícil de entender para onde foi o dinheiro, se compararmos ao que por aqui se passa (Bancos, submarinos, construções faraónicas, …).
      Ainda hoje os media anunciam que em Portugal o déficit deste ano irá para os 6% por causa do BES (em vez dos 3% propalados por esta gentalha que nos governa). Repare: BES, o mesmo que na boca do chefe mor, era sólido e na boca do aldrabão-mor, não iria custar um centavo aos portugueses.
      O problema não está em reembolsar os credores quando se tratam de empréstimos saudáveis com aplicações também saudáveis. Essa gentalha do governo, não é mais honesta que qualquer de nós. O problema está na injustiça que representa por todo um povo a pagar – exactamente como no caso Português – todos os desmandos, as vigarices e tropelias que beneficiaram meia dúzia de energúmenos e passar candidamente, a mensagem de honestos e cumpridores.
      Promova os referendos que entender, mas nesta imoralidade toda, saiba onde fica a “estrada da beira” e a “beira da estrada”.

      • J.Pinto says:

        Caro Ernesto,

        Pela sua resposta, parece que estamos muito de acordo um com o outro. Concordo com quase tudo que disse: o dinheiro foi gasto em PPP, em submarinos, eles não são mais honestos do que nós, etc. Concordo com tudo isto.

        Relativamente ao BES, vejo que existe um complô a nível nacional para não se falar (mal). Nem governo, nem oposição, ninguém MIguel Sousa Tavares, nem Marcelos, niguém quer arranjar um culpado, que toda a gente sabe quem é… e não há partido que se salve. Se acha que os nossos governantes não são credíveis, então deve ter a mesma ideia do que eu: quanto menos o Estado interferir melhor, menos probabilidades terá de haver estes tipo de jogos.

        No entanto, fugiu à minha pergunta: se considera que o governo greo fez muito bem em pedir o referendo (isto é a democracia a funcionar), também deve apoiar que todos os países credores devem fazer o mesmo, para ver se os eleitores (contribuintes) estarão dispostos a emprestar à Grécia, certo?

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Meu caro J. Pinto.
          Não leu em nada do que eu escrevi que acho bem (ou mal) que o Siryza tenha solicitado um referendo. A única coisa que me leva a discutir o caso grego, são as semelhanças que vejo com o nosso. E este preocupa-me pois o nosso governo tem-nos “esmifrado” de um modo demolidor e imoral.
          E como se não bastasse tenho que levar com esses papagaios a dizer que o País está melhor.
          Agora, uma coisa lhe afirmo: O Siryza é muito mais consciente que esta Europa de actuação fascista que vai até ao fim do seu poder para SACAR.
          O termo é mesmo este SACAR.
          E digo-lhe porquê: quando se passa à acção correctiva (solicitar a devolução dos empréstimos) sem integrar as responsabilidades deste buraco negro que se criou (ou se preferir, passando por cima da irresponsabilidade dos colegas de cores políticas semelhantes), a classe política não está a prevenir; está a SACAR, pois sabe que mais ano menos ano, o problema volta a acontecer.
          É exactamente isto que tem acontecido.
          Portanto estamos no limite da humanidade, está-se claramente no campo da hipocrisia e do faz de conta, na figura de um perfeito assalto com requintes de banditismo. E entretanto esses quadrilheiros que se arranjam para a vida, levam-na com factores de aumento de riqueza com a política, que são OBSCENOS.
          Poupo-lhe os exemplos que todos deveríamos conhecer.
          É exactamente esta filosofia que me liga ao Siryza. Eles já perceberam que não podem pagar a dívida, facto internacionalmente admitido. O que se está a fazer é exactamente o mesmo que os NAZIS faziam nos campos de concentração: prolongavam a vida sabendo que o prisioneiro mais tarde ou mais cedo ia colapsar.
          Hitler, se fosse vivo constataria quão estúpido foi. Não vale a pena declarar guerra. Gazeiam-se hoje as comunidades de uma forma muito mais malvada e imoral, utilizando o único valor dos crápulas: a moeda.
          O problema é que esta quadrilha é uma comunidade de amigos que vão ao lançamento dos livros de uns, protegem com pulseiras electrónicas uns quantos outros, esquecem-se de uns outros, fazem declarações políticas em como tudo é seguro e que podemos ter a confiança, afirmam que o erário público não será afectado e no fim, é a bandalheira que vemos.
          Para terminar continuo a dizer-lhe que confunde a “estrada da beira” com a “beira da estrada”. Enquanto se não apurar o que aconteceu aos muitos milhões e milhões de euros que nunca chegaram nem à Grécia, nem a Portugal (presumo que com os outros se passa o mesmo), não me falem em dívida.
          Se me roubarem o cartão de crédito e o ladrão gastar à tripa forra eu posso ter a dívida, mas moralmente este é um caso de polícia. Se quiser faça o exercício de comparar a história do cartão de crédito com os submarinos, as auto estradas triplas, as construções faraónicas, os estádios de futebol e, acima de tudo, os BPN e agora o BES. Se depois disto tudo é o povo que vive acima das possibilidades (declarado por um irresponsável que nos diz que os 10.000 euros por mês lhe não chegam), eu sou o “homem-aranha”. Um abraço para si.

          • J.Pinto says:

            No que diz respeito a este governo, eu não defensor deste nem de nenhum governo. Aliás, quem ler os meus blogues sabe muito bem o que defendo e também sabe que tenho criticado este governo em muitas das suas opções.

            No que respeita ao Syriza e à questão do momento, qualquer pessoa consegue perceber que é impossível haver 18 países (representados por chefes de Estado de muitos quadrantes políticos) com toda a culpa e haver um Governo que é o grande protetor e o único que não tem qualquer culpa.

            O governo de Syriza foi completamente irresponsável na forma como encarou as negociações (brincando com o fogo e afrontando claramente os credores). Nunca vi ninguém tão irresponsável…. eu tenho uma opinião bem formada sobre o que movimenta este partido. Mas deixo isso para outros tempos.

            Por falar em SACAR, lembre-se que a Grécia ainda há pouco teve um perdão de mais de 100 000 milhões de euros; tem carência nos juros; taxas mais baixas do que Portugal nos empréstimos; pagamentos mais suaves dos reembolsos, etc. Se há alguém que quer sacar são os gregos. Querem SACAR o dinheiro dos contribuintes dos outros países…

            Quanto ao dinheiro não ter chegado à Grécia, é mais uma história da carochina. Veja o que aconteceu esta semana: só porque o BCE resolveu não prolongar o programa por mais uns dias (porque mais uma vez a GRécia não pagou o que devia), os bancos tiveram de fechar e as pessoas ficaram sem receber o dinheiro que é deles…

  6. antonio oliveira says:

    Quanto ao “Erro 2”, sobre a crise das dívidas soberanas, na minha opinião, Assis deveria ter afirmado que o verdadeiro responsável é o preso nº 44 do Estabelecimento Prisional de Évora.

  7. A Grecia tem 8 submarinos de “barriga para o ar” !!! Quanto custaram e quem os vendeu ??? Eu só tenho dois e não tenho dinheiro para a manutenção .Estou sempre a fugir de dar o nº de contribuinte,não vá o azar baterme à porta e sair-me algum BMW ou Audi ; não tenho garagem nem dinheiro para a gasolina se me sai algum carro estou desgraçado !!!

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      O problema caro António Dias da Costa é que temos muitos 44 (presos é outra coisa) que desfilam entre duas cores e meia há 40 anos.
      O 44 foi apenas mais um, não foi o primeiro e pelo que vemos, também não foi o último.

    • J.Pinto says:

      Tem toda a razão, António. Nós temos dois que não são necessários. Mas a culpa é sempre de quem compra. Quem vende, quer é vender…

      Não podemos culpar os outros do que nós fazemos.

      Atirar sempre a culpa para os outros é uma estratégia de pessoas que apenas querem proteger os seus próprios interesses.

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Mais grave caro J. Pinto.
        Eu não sei se países como Portugal com a história de defesa da costa e das contrapartidas que lhes anunciam, tem hipótese de dizer que não aos submarinos, aviões e outras “armas”.
        E onde estão as contrapartidas?
        E o dinheiro por baixo da mesa?
        Não meu caro. Quem compra quer mesmo comprar, para se abotoar a alcavalas, disfarçadas com contrapartidas que ninguém vê.
        Mas há uma coisa que lhe garanto. Se no meio deste drama todo há quem proteja os seus interesses esses, são com toda a certeza os membros da classe política que se saem sempre bem, com promoções, novos postos, dizem que lucros chorudos, aplicando o princípio: “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte”.
        E pode crer que estamos perante verdadeiros artistas.

        • J.Pinto says:

          Toda a gente pode dizer não a qualquer contrapartida. Não me venham com desculpas de que somos uns coitadinhos que temos de nos submeter às exigências de quem quer que seja. Isso são histórias da carochina.

          Mas estamos a desviar-nos do assunto…….

  8. Assis tem um projecto de poder que nada tem de discreto: aliança do PS com o PSD – e outra direita, se necessário -, projecto que emerge claro em todas as suas intervenções (que, não por acaso, abundam nos mais diversos media). E não se trata de um devaneio conjuntural ou meramente táctico; é a própria base de pensamento e acção de Assis. A questão grega é mais um entre os muitos poleiros em que o garnisé faz ouvir o seu canto. O espectáculo chega a ser repugnante? Sim, mas os fins estão bem à vista desde a candidatura – não o esqueçamos – falhada à liderança do PS. Tem o reduzido mérito de não fingir o que não é. E assim vai abrindo o seu caminho diligentemente, reptando entre os escolhos. Ou, como diria um conhecido personagem de Giscinny, apropriadamente chamado Isnogood: “Quero ser califa no lugar do califa!”.

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