Afinal, a coligação PSD/CDS-PP também aldraba em campanha. E não é a primeira vez

PSD cartaz

O cartazgate que está a agitar a silly season atravessou a fronteira do Largo do Rato e chegou à São Caetano à Lapa e ao Caldas. Tratam-se de situações muito diferentes, gritam as claques, da blogosfera da corda até ao jornal electrónico do regime. E têm razão: são situações diferentes. No caso do PS manipularam-se os figurantes, a quem foram coladas histórias que nada tinham que ver com eles, e mentiu-se os portugueses. No caso do PSD o logro atingiu apenas os portugueses, os figurantes não são para aqui chamados porque as suas fotografias vieram de um banco de imagens. Estarei a mentir, com o intuito de iludir os meus concidadãos por motivos de estratégia política? Nada disso: não sou político nem me chamo Pedro Passos Coelho. Mas trago comigo as palavras de um político, José Matos Rosa, dirigente social-democrata encarregue de dirigir a campanha da coligaçãol, que permitirão explicar melhor onde quero chegar:

Quisemos humanizar a campanha. Aquelas pessoas representam o esforço que nós, portugueses, jovens e idosos, fizemos nos últimos anos.

Não representam nada. Aquelas pessoas são modelos que deram a sua cara para outras acções de Marketing, e que a campanha do PSD escolheu a dedo para um determinado fim. O que de resto é legitimo. Agora não venham para cima dos portugueses com paleio de saco a falar sobre a humanização da campanha. Querem humanizar a campanha encontrem rostos de portugueses que partilhem vínculos com os restantes portugueses a quem as mensagens se destinam. Portugueses que representem os milagres propagandeados pelo governo. E se não aparecer ninguém não devem faltar jotas dispostos a tudo, basta que lhes expliquem ao que vão para não fazerem as figuras ridículas que o PS fez. Porque estes modelos húngaros, australianos ou franceses não “representam o esforço que nós, portugueses, jovens ou idosos, fizeram nos últimos anos“. Um boy sentado no Eleven a comer caviar representa bem melhor. Até porque aquele caviar é pago com o dinheiro dos impostos dos portugueses, jovens ou idosos os tais que fizeram o esforço. Já agora, substituir a palavra “esforço” por “assalto” dava um tom mais credível à coisa.

Quando a honestidade está em cima da mesa, não se é muito ou pouco honesto. Ou se é honesto ou não se é. Não existe meio termo para a honestidade. E no caso dos cartazes, ambas as campanhas foram desonestas. Não é por a desonestidade da coligação ter sido menos vergonhosa que a do PS que passa a ser honesta. De resto, o partido que manda na coligação não é novo nestas andanças da desonestidade eleitoral. Já andou metido em aldrabices que mais do que serem feitas com dinheiro dos nossos impostos, resultaram em consideráveis fugas ao fisco e outras maroscas mais. Ou pensarão eles que já nos esquecemos da Face Oculta do PSD e dos esquemas da amiga de infância de Marco António Costa? Não esquecemos. Cuidado com as pedras que atiram para o telhado do vizinho. A procissão nem no adro vai.

Comments

  1. AntónioF says:

    E pior que isso, caro João Mendes, uma das caras utilizadas, não aquela por si referênciada, segundo as notícias, foi usada numa campanha publicitária num produto concorrente a um dos mais emblemáticos produtos portugueses: o azeite

    http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=4725391

  2. O maior choque da minha vida vai ser descobrir que as Martas (sim, que já vão na segunda) da Ok afinal não se chamam Marta…

    Mas tem tudo a ver com usar funcionários precários duma junta de freguesia sem lhes pedir autorização, oh se tem.

    Oh gente mais patética.

    • Rui Moringa says:

      A “Marta” n.º 2 não é Marta. Tem outro nome, obviamente. Parece que é médica e se dedica a fazer anúncios quando convidada.
      Mas a propaganda não é a arte de enganar fora do dia 1 de abril?

      • Rui, eu sei (é Cristina). A primeira também não era Marta (era Xana). Aplique-se a ironia ao meu comentário, se faz favor.

    • Não tem tudo a ver. E isso está muito claro no texto. A questão é mesmo a honestidade de quem se precipita a atirar pedras ao telhado do vizinho.

  3. j. manuel cordeiro says:

    Não arranjam quem dê a cara pelo que querem fazer.

    http://snag.gy/hUclw.jpg

  4. atentoàs cenas says:

    eram mais honestos se usassem a figura da Erica Fontes , é portuguesa e aparece nas televisões estrangeiras e tudo

  5. Convido a verem o cartaz do dão sebastião Costa que colocaram aqui na rotunda e olhando para a cara rosada do lider; eu fiquei enojado com a falta de senso, de decência e de vergonha de quem. em Portugal (não estou a falar dos EUA ou Inglaterra) acha que cai bem mostrar menos ou mais cor na imagem de alguém. Ou o cartaz é obra dum opositor ou um criativo que está apostado em que se sinta repulsa de tais práticas. Inqualificável. Queira-se ou não votar no PS isto é duma indignidade que envergonha qualquer português.

    • Na minha terra, a Trofa (ficamos sem saber onde fica a sua rotunda), o actual autarca, que na altura da campanha para as Autárquicas não tinha ainda 40 anos, teve espalhados pelo concelho uma série de cartazes em que foi virtualmente envelhecido devido ao facto do eleitorado sénior não o conhecer. Indignidade? Nada disso, são estratégias. Indigno é mentir, alimentar despesismos ou nomear boys.

  6. Mas alguém ainda decide o seu voto baseados em cartazes? Pelo que eu sei, muito poucos. Apenas existem porque tem que se pagar favores a agencias de comunicaçao e para manter a máquina partidária ocupada antes do início da campanha.
    De resto, optar entre quem utilizou a imagem sem autorização para um cartaz e entre quem utilizou o voto sem autorização para destruir o país, destruir a Educação, SNS e manter os privilégios e aumentá-los IRCamente à classe dominante, será bem fácil a quem esteja lúcido.

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  1. […] [citação encontrada aqui] […]

  2. […] do I, Expresso e JN) que revelam ilegalidades na campanha da coligação Portugal à Frente. Como se a aldrabice não tivesse sido já suficiente. Resumidamente, a empresa a quem a coligação comprou as fotografias para os cartazes que estão […]

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