Paulo Portas, mestre do bluff e da evasão

Debate

Num debate onde a moderadora Ana Lourenço e Catarina Martins procuraram debater a situação real do país, Paulo Portas socorreu-se de um discurso evasivo dedicando seguramente metade da sua intervenção a empurrar a sua adversária para a situação grega e para o Syriza. O resto foi o auto-elogio do costume, com indicadores manipulados aqui e ali, e a tão sua dualidade de critérios que lhe permite refugiar-se por trás do memorando para justificar o desastre social em que o seu governo mergulhou o país para de seguida ignorar o impacto crise internacional no crescimento desenfreado da dívida pública portuguesa durante o mandato socialista ou até afirmar que nada podiam fazer contra a agenda imposta pelos credores no que a reformas laborais geradoras de precariedade diz respeito para depois dizer que conseguiu contrariar essa mesma agenda para que a TSU dos idosos não avançasse.

Terminou o debate num esforço final para monopolizar o tempo disponível enquanto fugia às questões da líder do BE, nomeadamente o plafonamento das pensões, questão cara ao líder daquele que em tempos se auto-intitulava de partido dos pensionistas e que há pouco mais de três semanas deu luz verde ao corte de 600 milhões nos rendimentos dos reformados. Assim se fintam as questões essenciais. Assim debate Portas quando não está na oposição.

Mas verdadeiramente interessante é ver que Portas continua igual a si próprio no que à dissimulação diz respeito. A certa altura, o irrevogável diz que, uma vez mais aludindo ao caso grego como se o seu debate fosse com Alexis Tsipras, que “O bluff é para casinos, não para a política“. Interessante vindo da parte da mesma pessoa que protagonizou um dos maiores bluffs da história política nacional no dia em que simulou a sua demissão apenas para ficar com o pote de vice-primeiro-ministro. Gostemos ou não, existem poucos jogadores na política nacional com o jogo de cintura de Paulo Portas, que com uma mão de duque/sete off conseguem limpar a mesa.

Foto: Marcos Borga@Expresso

Comments

  1. Anónimo says:

    Como se esperava o trunfo grego usado e sobretudo abusado. O resto foi um exercicio, de Portas, em demagogia política, da pior. Curiosamente até foi mal educado, um triste contraste com a serena compostura da Sra. D. Bloco.

  2. E já no fim, o pantomineiro tira da cartola: foi o governo que pôs a Banca a pagar mais impostos.

    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/09/artes-de-ilusionista-na-tributacao.html?m=1

  3. Desculpar-se com o memorando para justificar o desatsre social!!!. Pelos visto havia um caminho melhor viavel e só agora é que o mostram ao eleitorado. Será que é votarem na politica do Costa? é que tanta promessa e facilidade me cheira a socrates2; e isso já sabemos o que nos tem custado a gramar.

    • Nascimento says:

      Ena pá o que vai de confusão nessa cabecinha….o que fumas-te antes do debate,meu? A erva tá toda marada, ou é demasiado incenso na carola?

  4. AMachado says:

    Na verdade ele só vai à televisão cumprir calendário pois 75 % do seu eleitorado é composto por velhotes “miseráveis” e reacionários até ao tutano apelidados pelo amigo dele como “peste grisalha” e que são seduzidos nas arruadas e nas feiras. E para esses ele nem precisa de discursos coerentes, bastam umas promessas ocas, uns bonés, bandeirinhas, sacos plásticos esferográficas e uns beijinhos de Judas. Ou seja: a culpa não é dos políticos (sejam eles, Passos Coelho, Lula da Silva, Paulo Portas ou Dilma) a culpa é de povos ignorantes e imbecilizados pela religião e pela média (mérdia) que os elegem a troco de uma esmola.

  5. Rui Silva says:

    Em relação á insistência no Syriza a culpa é inteira do BE. Pois foi o BE que se colou de corpo e alma ao referido partido.
    Até colaborou na campanha…
    O que o BE não antecipou ( ao contrário da maioria das pessoas que não acreditam em “Pais Natais”) foi a curta duração da festa, lá por terras gregas.
    Nesta campanha já pressentindo a derrocada , já ninguém do bloco lá porá os pés ( egoisticamente diga-se de passagem) para ajudar o partido irmão .
    Em relação ao debate propriamente, a Catarina pareceu-me “o ratinho” nas garras do “gatão sabido” do Portas que brincou com ela a seu bel-prazer.

    cumps

    Rui Silva

    • Augusto says:

      Se é essa a sua opinião , então estou certo que não viu o debate.

      • Nascimento says:

        Claro que não viu. Ele é mais bolos. Por isso é que o Ruizinho rabisca tanto desta vez… é que “alguém” lhe disse que, o Paulinho, engasgou-se com a Catarina. Foi tão giro ver, após o debate, as alminhas comentadoras, embasbacadas, sem saberem o que dizer, ou então a dizerem que ele , (Portas), parecia ” algo cansado” !!!Estavam, tudo convencido de que a “moçoila” levasse uma tareia do guru dos mérdia, e, saiu-lhes pelas traseiras. eheheheheh….

      • Quer desenvolver?

    • Portanto o Syriza vai a votos por cá? desconhecia.

  6. Ricardo Sa Couto says:

    Não vi o debate, e não penso ver nenhum debate, pois não passa de um circo mediatico, sem nenhum proveito para o povo, aliás, como se tem provado ao longo dos anos, que estes artistas governam o país.
    Ao leer este post e ficar a saber que os partidos da coligação continuam, a esgrimir as eleições na Grecia e o resultados conseguidos pelo Syriza nas negociações, fico surpreendido, perplexo e pergunto-me:
    Como é que é possível os partidos da oposição não os terem calado de vez, com esta falacia da Grecia, que é um argumento tão fraquinho e ao mesmo tempo uma boa maneira de como diz um velho ditado “Virar a caça contra o caçador”?
    Vejamos:
    Desde que esta coligação tomou posse, desde o início sempre teve como lema “Portugal não é a Grecia” e temos que nos afastar o mais possivel de nos parecermos a eles. Quantas vezes ouvi o saudoso faz-me rir Relvas dizer isto.
    Ora vejamos.
    Portugal não é a Grecia, os portugueses não são os Gregos.
    Infelizmente, quanto aos politicos Gregos e os congeneres portugueses não se pode dizer o mesmo, esses sim têm muito em comum.
    A Nova Democracia e o Pasok, ao igual que os socialistas e os do Psd, ambos os bandos governando os respectivos paises durante décadas,levaram os países à miséria, não têm desculpas de nenhuma natureza.
    A corrupção desenfreada, a justiça que não funciona, as obras megalonomas, ( Olimpiadas.Europeu de futebol), as PPP, BPN e tudo o que nós sabemos, resultaram no que toca a Portugal, num dos paises mais desiguais e um dos paises mais corruptos da Europa civilizada.
    Na Grecia o governo recorreu a empresas especializadas Americanas, para aldrabar as contas perante os parceiros Europeus. Aqui nem foi preciso, já somos especializados nisso há muitos anos.
    Lembram-se quando o Barroso depois de vários anos na oposição, dizer cobras e lagartos do governo, ganhar as eleições, dizer que não podia cumprir com as promessas eleitorais, porque o país estava de Tanga e que não se podia mentir aos parceiros Europeus dessa maneira.
    Algo parecido com o que o Jardim fez na Madeira, no tempo em que a Troica esteve aqui a analisar as contas e só se veio a saber depois, que a Madeira estava falida.
    Os tais esqueletos no armário do que Passos falava e que lhe sairam do proprio partido.
    Resumindo para não me alargar muiro mais.
    Há um partido na Grecia que ganha as eleições, com a firme convicção de resolver os problemas que os corruptos partidos lá do burgo criaram.
    Quando tentam fazer algo pelo seu país e cumprir com aquilo que prometeram ao povo, encontram-se com toda a oposição dos partidos, instalados na Europa em maioria, ou seja os Psd, Socialistas e Cds que tèm sido coniventes com os respetivos partidos corruptos, Em portugal, Espanha, Italia e a Grecia, e são tão covardes, que fazem o possível e o impossível, para impossibilitar, que este partido, que estava a tentar algo pelo seu povo, chegasse aos resultados que todos sabemos.
    Todos nós, só mesmo aqueles que fazem do povo ignorantes, ficamos a saber que os partidos na liderança em Portugal e na Espanha, foram os que tiveram na linha da frente, opondo-se a que Syriza conseguisse negociar, para bem do seu povo, algo que eles nunca fizeram, pois, sabiam que se o Syriza conseguisse, isto seria dar como perdidas as eleições que se avizinham.
    E isto do “que se lixem as eleições ” é mais uma maneira de burlar o Zé Povinho.
    Não nos enganemos.
    Há quatro paises na Europa que têm sido governados há décadas, pelos mesmos partidos e os resultados são os que todos sabemos.
    Portugal. Espanha, Italia e a Grecia.
    Esses povos têm aquilo que merecem e como se aproximam eleições e continuam a ser os mesmos favoritos a ganhar, porque é que haveriam de mudar, se o povo até os apoia e gosta deles.
    Siga o circo que é disso que o povo gosta,

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