There were more urgent emergencies than mine.
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Esta imagem, do Prós e Contras de ontem, merece três breves comentários (*):
- Depois de ‘selecção‘, de ‘Egipto‘ e de ‘pára‘, voltamos a verificar que o AO90 não é nem adoptado, nem necessário.
- Devido ao AO90, em português europeu, é criada a grafia ‘excecionais‘ e eliminada a grafia ‘excepcionais‘— contudo, em português do Brasil, a grafia ‘excepcionais‘ mantém-se.
- Octávio Ribeiro é o autor da frase:
A nova ortografia só se estenderá a todos os textos do jornal, respectiva primeira página e manchete, caro Leitor, quando já ninguém estranhar a palavra “facto” escrita sem cê.
Continuação de uma óptima semana.
(*) O ‘contra-natura’ da frase de Ribeiro é extremamente interessante, mas neste momento há “more urgent emergencies”.
Este indivíduo é um idiota… de facto. Se se desse ao trabalho de ler o Acordo Ortográfico, pouparia “figuras tristes” evitáveis na televisão… 🙁
Pior ainda que “exce(p)cionais”, é capaz de ser, por exemplo, “conce(p)ção” e “rece(p)ção, que no Brasil continuam com o P e cá perderam-no (para além de várias outras). Como vamos ensinar às nossas crianças (e distinguir nós próprios) que em conceção (ex-concepção) o E é aberto e relativo a conceBer, mas que em “concessão” o mesmo E é fechado e tem relação com “conceDer”? Como explicar também por que motivo se deve abrir o E da penúltima sílaba de receção (ex-recepção), relativo a receber, mas fechá-lo em recessão (diminuição económica prolongada)? São mais confusões à porta, tanto fonéticas como gráficas ou ainda semânticas.
Esqueci-me de acrescentar que estas e outras diferenças entre o Brasil e Portugal (sem falar de Angola e Moçambique que simplesmente não ratificaram o “acordo” e continuam com a grafia pré-AO), estas diferenças, dizia, visaram a “UNIFICAR” a Língua Portuguesa nos vários países………….
Deêm a um burocrata um palco, que seguramente ele inventará um enredo.
Otávio. Director.
Quando, no início dos anos 70, um novo Acordo Ortográfico eliminou os acentos grave e circunflexo em palavras com o sufixo “-mente” e com sufixos iniciados por “z” (-zinho, -zito…), foram inúmeras as confusões e os mal-entendidos. Ouvia dizer-se: já não há acentos em português, o acento circunflexo e o acento grave deixaram de existir, agora já não sabemos escrever, etc. etc.
Assim, depois deste Acordo, qualquer palavra acentuada, que seja acrescentada de um sufixo (“-mente”, “-zinho”, etc.), perde o acento:
só – somente; sozinho (antes do Acordo de 1971: sòmente; sòzinho)
avô, avó – avozinho, avozinha (antes do Acordo de 1971: avôzinho; avòzinha)
café – cafezinho, cafeeiro (antes do Acordo de 1971: cafèzinho, cafèeiro)
cortês, órfão – cortesmente, orfãozinho (antes do Acordo de 1971: cortêsmente, òrfãozinho [NB: o til não é um acento] )
Desta maneira, depois do Acordo de 1971, o acento grave (`) passou a existir, unicamente, nas seguintes palavras portuguesas: “à / às” e “àquele / àquela / àqueles / àquelas” (“eu vou à praia”; “eu vou àquela praia”)
Se, nessa altura, houvesse Internet tal como hoje, os protestos seriam inúmeros – e muita gente revoltar-se-ia contra tal absurdo, “fruto do impulso de gente ignorante e com pouca cultura”, “nunca seremos colaboracionistas e cooperantes de uma ESTUPIDEZ deste calibre”, “Trouxe vantagens? Nenhumas. Nunca se escreveu com tantos erros em Portugal, como presentemente”, “Ó gentinha ignorante!!!!!! “, “Fique com a sua ortografia terceiro-mundista, que eu ficarei com a ortografia CULTA da Língua Portuguesa”…
Ó, João Nogueira da Costa, você faz a ideia das enormidades que aqui escreveu? Acordo de 1971?