30 anos de esquerda e direita: alguns números

As sondagens têm sido uma das partes tristes desta campanha. Não ao nível da ausência do Marco António, candidato nº 2 do PSD no Porto, mas, certamente uma situação de lamentar.

E, por achar curiosos alguns dos números apresentados, fui tentar perceber o que se tem passado nos últimos 30, em termos de resultados eleitorais para as legislativas. Encontrei algumas notas curiosas.

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Por economia de escrita, vamos agrupar os partidos em Esquerda (PS+ CDU / APU + BE) e Direita (PSD / CDS).

Em 1995, com Guterres, a esquerda passou a liderar e só em 2011 a direita passou, realmente para a frente de modo significativo. Se fosse procurar um padrão, diria que o ciclo da direita ainda está para durar.

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A direita tem uma média de 45,4% e a esquerda de 46,5, sendo que a amplitude desta é maior que a da direita, que parece mais estável. Um dado comprovado até pela ausência de partidos à direita, enquanto que, à esquerda, até parece que cada eleitor precisa do seu.

Procurei também perceber de que modo os votos no PSD e no PS influenciam de forma decisiva a vitória da direita ou da esquerda, ou se, pelo contrário, os votos nos partidos mais pequenos são mais decisivos. Há um dado esmagador: sempre que o CDS fica atrás da CDU + BE, o PS perde as eleições. E, observando sobre este ângulo, a Esquerda para chegar ao Governo precisa que o PS tenha mais votos que o PSD. Nestas eleições, para além do PSD, o PS tem que vencer o CDS, realidade nunca antes experimentada.

Ora, comparando os resultados daquelas coisas a que alguns chamam sondagens, podemos verificar que nunca a direita teve um resultado tão mau como agora. Ou, dito de outro modo, a direita para ganhar eleições, só em 1985 conseguiu ficar abaixo dos 40%. E, os números hoje em cima da mesa mostram que a Esquerda vale 51%, valor suficiente para ganhar as eleições.

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As conclusões ficam para a caixa de comentários

Comments

  1. Precisávamos, como de pão para a boca, de uma verdadeira união à esquerda… mas não com este PS.

  2. Maria João says:

    Depois de ler acerca do afunilamento democrático ali atrás, tema sobre o qual, tendo eu já lido Orwell e tendo já escutado alguns excertos de Noam Chomsky a quem já o leu, para além de ter já concluído que o sistema eleitoral é/está vocacionado para impedir o acesso ao poder aos partidos mais pequenos, falar de sondagens ou análise estatística dos resultados de eleições anteriores parece-me desprovido de sentido.
    Conclusões? Só a já mui afamada “mudam as moscas,… “

    • Rui Silva says:

      Cara Maria João,
      Essa é a essência da democracia.

      cumps

      Rui Silva

  3. Talvez que a dicotomia esquerda/direita leve ao engano e não seja aí o que faz a diferença. Presumo que hoje só os donossaurios ou ortodoxos é que dão valor a dicotomia apregoada do PREC: abaixo a direita reacionária!! afinal os maus estáo todos dum lado e os bons estão todos do outro, é uma falácia para tótós primários que tem apenas umas franjas de cretinos.

    • Meu caro, a questão é mais complicada do que isso. Dizer que não há esquerda, nem direita é, em si mesmo, uma opção política. E, nunca como hoje, esteve tão vincada essa diferença.

  4. Hagi says:

    Caro João Paulo,

    Refere no seu texto “Há um dado esmagador: sempre que o CDS fica atrás da CDU + BE, o PS perde as eleições.”

    No entanto, tal não parece verificar-se em 1999, 2005 e 2009, de acordo com os dados constantes da tabela.

    Terá sido lapso ou erro meu de interpretação?

    Obrigado.

    Cumprimentos

    • Pois, tem toda a razão… Mas, não tenho aqui a tabela original. Confesso que, no momento analisei PC e CDS, per si, isto é, não contando o BE junto com o PC. E devo ter trazido essa ideia para o texto, a que a tabela não corresponde. Vou tentar rectificar.
      Obrigado pelo comentário,
      JP

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