As tracking polls (tp) que nos tem sido” servidas ao quilo ” pela RTP e pela TVI têm levantado muita polémica. Tanta polémica que o que se tem discutido nesta campanha são estas e não o que foi feito na última legislatura, nem as ideias e propostas para o futuro do país. Estas são mesmo o ruído de fundo que faltava e interessava à coligação PSD / CDS.
As amostras das trackings polls são pequenas mas são dinâmicas, dado que em média a cada 4 dias, a amostra altera-se na sua totalidade. Os inquéritos são efectuados por chamada telefónica, em norma para a rede fixa, que dão origem muitas vezes a resultados enviesados, atendendo a que um número considerável de portugueses não possuem telefone fixo, bem como a grande maioria da população activa está automaticamente excluída dada a hora em que são efectuados a maioria dos inquéritos. Os inquéritos efectuados através de chamada telefónica produzem também elevados níveis de não resposta bem como de pessoas que recusam responder. Por algum motivo as próprias estações televisivas chamam às tracking polls estimativas eleitorais.
Entendo que as tp permitem observar tendências de subida e descida de cada partido e a evolução dos indecisos. Não são instrumento da medição de intenção de voto. Porém são indicadores que não devem ser desprezados e que a evolução dos dados devem ser seguidos com atenção. As sondagens são mais confiáveis porque têm amostras maiores e, por isso, margens de erro mais baixas, por sua vez, as tracking polls tem margens de erro mais altas, muitas vezes a rondar os 5%, consequência da própria forma como são efectuadas.
Aliás a própria legislação obriga as sondagens a cumprir determinadas obrigações legais, porém a mesma é omissa em relação às tracking polls. Logo aqui pode inferir-se que estamos perante trabalhos distintos que poderão levar, no caso das tracking polls, a estudos menos rigorosos. Esta novidade das tracking polls divulgadas diariamente pela comunicação social deveria merecer uma reflexão profunda pela parte da ERC de forma a que estes tipo de estudos de opinião estejam sujeitos no futuro a uma legislação mais apertada.
Porém convém também esclarecer que ambas medem o comportamento dos inquiridos no dia em que estão a ser efectuadas e não o comportamento que os mesmos inquiridos poderão vir a ter 3 ou 4 dias ou uma semana depois do momento em que foram auscultados.
Mas as eleições não se decidem com tracking pools ou sondagens, decidem-se no próximo Domingo e com o voto dos portugueses. Estou convicto que muito dificilmente a coligação PSD / CDS perderá as eleições. Entendo mesmo que só um ” terramoto eleitoral ” poderá levar à derrota da PaF.
Analisados e trabalhados os resultados eleitorais das eleições legislativas, a partir de 1995, talvez a minha formação académica permita-me olhar para este fenómeno eleitoral com mais clarividência. Após esta minha análise percebi que muitos comentadores esqueceram-se que António Costa para ganhar as eleições tem que convencer entre 2.000.000 a 2.150.000 portugueses a votarem no PS. Por si só conseguir este resultado, em condições normais, já me parecia díficil. Mas a tudo isto acresce um facto muito importante. Uma parte substancial dos descontentes com o actual governo emigraram. Foram mais de 300.000 portugueses que na sua esmagadora maioria não vai votar no próximo Domingo. Estes dois argumentos levam-me a dizer que, apenas por um milagre, António Costa e o PS poderão vencer as eleições Legislativas no próximo Domingo.
Para mim é claro quem vai ganhar as eleições, porém, muito mais nebuloso é o facto de muito dificilmente a PaF conseguir obter uma maioria no parlamento. E por isto, muito mais importante que as eleições de Domingo: é o Day After. É o dia 5 de Outubro.
Como vai ser possível os partidos chegarem a um entendimento de forma a que tenhamos no Parlamento uma configuração política que permita termos um governo estável nos próximos 4 anos? Isto sim preocupa-me e é fundamental para o futuro de Portugal.
Tenho a esperança, que caso não haja uma maioria parlamentar consequência directa do voto dos portugueses, o PSD, o PS e o CDS estabeleçam uma plataforma de diálogo formando um governo tri-partido colocando acima de tudo e de todos os superiores interesses do nosso país. Portugal agradece!
POEMA AOS INDECISOS
Não sou livre de votar
No tempo de avançar
O voto útil não o permite
Por muito que isso me irrite
E a extrema esquerda é responsável
Da desgraça em que vivemos
Não merece que nela votemos
Pois já não é confiável
Da coligação nem vale a pena falar
Ou ainda há alguém que nela vá votar?
É bom não esquecer que foi esta coligação
Que decidiu abater tudo o que era cidadão
De funcionários públicos a professores
De reformados a pensionistas
Até autores e artistas
Esta é uma coligação de exploradores
Que sejamos realmente francos
Só serviu para salvar os bancos
Esta é a coligação do irrevogável
Que não passa linhas vermelhas
Mas deixou o país instável
Até levar um puxão de orelhas
O outro mandou-nos emigrar
E não estava a brincar
Depois chamou-nos piegas
A nós e aos nossos colegas
Afinal, quem é esta gente
Que mente, desmente
E nada tem de decente?
Felizmente há esperança
Uma aposta de confiança
É votar no António Costa
Aquele que a malta até gosta
O único a apresentar proposta
Que bem pode ser a resposta
Que Portugal tanto precisa
Vota PS ó gente indecisa
PS – Poema de um cidadão anónimo com boa memória que se sente profundamente traído por ter acreditado e votado em Pedro Passos Coelho há quatro anos
Artigo interessante, de um ponto de vista descritivo, na sua parte inicial. Só não percebo como chega a conclusão tão bizarra! … Feelings à mistura com a metodologia “científica” ??!!!! …. Bizarrias da leitura do destino, na ausência de dados fiáveis? !!!! …. Adivinhação?
As ditas cujas têm menos credibilidade do que o polvo que adivinhava resultados. Não chegam sequer a estar erradas.
Quanto a estabilidade, não obrigado. Quanto maior a estabilidade, maior o roubo.
Ganhe ou não o PAF, aquilo que é verdadeiramente relevante nestas eleições não é o PS não ter mais votos, é como é que há tanta gente disposta a votar nos crápulas que nos governaram nos últimos 4 anos e meio. Dizem-nos que o PSD e o CDS terão um resultado equivalente ao seu eleitorado tradicional. Mas não era suposto haver, entre este eleitorado (sobretudo no PSD), um grande número de descontentes incapazes de votar nestes idiotas? Como Pacheco Pereira e outros notáveis (verdadeiros) sociais-democratas do PSD, que recusam votar na coligação.