O governo de António Costa

governo costa

António Costa e os seus 17 ministros

Passados quatro anos e meio de um governo eleito com uma grande mentira (pode-se dizer fraude?) e reeleito com várias pequenas mentiras (pode-se dizer ilegitimidades?), terminou ontem o assalto ao aparelho de Estado, versão PSD/CDS.

Hoje há um recomeço. Vamos ver se haverá realmente diferença ou não. Há sinais contraditórios neste governo. No lado positivo, a Assembleia da República vai ser o centro da governação, tal como sempre deveria ser, em vez desta ditadura renovada a cada quatro anos, que é o que têm sido os governos com maioria de um partido ou de uma coligação. A probabilidade de governos prepotentes fazerem o que bem lhes apetece, quantas vezes porque um ministro ou um secretário de estado se acha no direito de virar o país de pantanas, fica drasticamente reduzida.

Por outro lado, olho com enorme perplexidade para Eduardo Cabrita e Ana Paula Vitorino, casados, serem ministros neste governo. Idem para Vieira da Silva regressa como ministro da Segurança Social e ter filha, Mariana Vieira da Silva, como secretária de Estado adjunta de António Costa.  E ter Miguel Prata Roque como secretário de estado da presidência do Conselho de Ministros, tendo ele sido o advogado de José Sócrates numa providência cautelar interposta contra o CM e a CMTV. Não conheço a competência das pessoas envolvidas e até acredito que estejam à altura dos cargos. Mas, na política, não basta ser; também é preciso parecer. E esta situação traduz-se em dar o flanco sem necessidade.

Há ainda outras escolhas escolhas igualmente estranhas, como é o caso de Azeredo Lopes para ministro da Defesa e de alguns secretários de estado. Bom, é esperar para ver.

No geral, sinto-me mais seguro com um governo controlado pela Assembleia da República e com o fim do saque da direita à Segurança Social, Saúde, Educação, águas, transportes, etc., etc. Idos os anéis e não havendo dinheiro para obras públicas, era a estas áreas estruturantes do Estado que a direita estava a ir gerar as oportunidades para os fantásticos empreendedores encostados ao Estado.

Espero que tudo corra bem e que a esquerda consiga ultrapassar a vertente táctica para, realmente, crescer em conjunto. Mas como não nasci ontem, realisticamente sei que, mais cedo ou mais tarde, acabarei a escrever contra o governo, pois não estou aqui com uma comissão de serviço, nem à espera de saltar do Aventar para deputado ou qualquer outra nomeação. Vamos ver como avança a governação e se haverá, ou não, coragem para mudar o que tem que ser mudado.

Comments

  1. j. manuel cordeiro says:

    Quanto a isto:

    No geral, sinto-me mais seguro com um governo controlado pela Assembleia da República e com o fim do saque da direita à Segurança Social, Saúde, Educação, águas, transportes, etc., etc. Idos os anéis e não havendo dinheiro para obras públicas, era a estas áreas estruturantes do Estado que a direita estava a ir gerar as oportunidades para os fantásticos empreendedores encostados ao Estado.

    Nem a propósito:

    O que fez o segundo Governo de Passos? Privatizou a TAP e “deu” milhões às Misericórdias
    Ana Rute Silva , Alexandra Campos e Clara Viana 26/11/2015 – 17:43
    Em 27 dias, 16 dos quais em gestão, o XX Governo constitucional não teve tempo (e margem) para deixar muitas marcas. O PÚBLICO fez um levantamento das medidas aprovadas por este Governo, destacando-se a polémica conclusão da privatização da TAP e uma série de medidas na área da saúde.
    (…)
    130 milhões de euros para oito Misericórdias até 2020
    Há uma medida na área da saúde aprovada pelo último Governo PSD-CDS/PP que se destaca pelo valor. É a autorização para a despesa de mais de 130 milhões de euros, até 2020, para a contratação de consultas e cirurgias a oito Misericórdias do Norte do país.

  2. E aquele grande arauto da vida intelectual o Sr. Joao Soares? Bora la todos ser pedreiros livres e especialistas em diamantes?

  3. Joam Roiz says:

    Para onde caminha o Aventar? O autor do post, posta, e logo a seguir, em ” Comments”, o mesmo autor “reposta”, aproveitando para se auto-citar. Megalomania, ou é só para instalar a confusão? E depois, juntando post e “Comments”, parece que se quer deixar passar uma falsa ideia de “isenção neutral”. Agora é hora de definições: está-se de um lado ou está-se do outro, à esquerda ou à direita. Ser-se “isento” e “neutro” é uma espécie de desistência, e o centro político é hoje um lugar vazio e perigoso. Assis já percebeu isso e calou-se.

    • j. manuel cordeiro says:

      No máximo, seria para onde vai o autor.

      Em vez de uma adenda, coloquei um comentário. Vantagens de quem pode escolher.

      Para mim, a política não é uma religião. Coisas minhas. Por isso, não deixo de escrever sobre alguma coisa só porque é esquerda ou direita.

      • Joam Roiz says:

        j. manuel cordeiro: os autores que escrevem no Aventar e os leitores que comentam, queira-se ou não, situam-se num plano diferente [ “(…) Vantagens de quem pode escolher (…)” ]. Continuo a pensar que os dois não devem ser confundidos. Daí, a colocação de uma “adenda”, na minha opinião, teria sido o mais correcto. A caixa de comentários, quanto muito, só deve ser usada pelos autores como “caixa de correio” se e quando entenderem responder a algum comentário. No que toca a ” (…) Para mim, a política não é uma religião (…) não deixo de escrever sobre alguma coisa só porque é esquerda ou direita.”, três notas: 1) Também para mim a política não é uma religião; lamentável é que, quando cheira a comunismo, haja logo quem venha insinuar que o exercício legítimo da acção política de militantes ou simpatizantes se configura como um modo particular de agir em tudo semelhante ao proselitismo de uma qualquer confissão ou seita religiosa (até parece que os adeptos do “pensamento único” neoliberal e da ideologia capitalista, em geral, chegam limpos de pecado original, e que o proselitismo político-ideológico é um exclusivo comunista ou deriva da natureza intrínseca (qual?) da ideologia marxista nas suas diversas matizes). Se quisermos ser sérios, todas as ideologias são na sua base “totalitárias”, conquanto propõem uma certa e determinada visão, uniforme e geral, do que consideram ser o melhor modelo de organização política, económica, social e cultural das sociedades humanas. E, naturalmente, pretendem impô-la, mesmo que só o desejem fazer na base da persuasão democrática. 2) O que chamei à colação, caro j. manuel cordeiro, não foi “deixar de escrever sobre alguma coisa só porque é esquerda ou direita”, mas antes um apelo a um discurso meta-linguístico que possibilite, com alguma confiança, aos seus leitores puderem determinar, na amplitude do arco político-partidário e/ou ideológico, o sítio onde cada leitor na sua individualidade possa hoje “cruzar-se” consigo. 3) Porque cada autor é uma parte do rosto do Aventar e, ao mesmo tempo, é um seu modelador, parece-me importante que o j.manuel cordeiro mantenha em alerta a sua consciência crítica considerando as lógicas e os mecanismo que fizeram muitas pessoas ver no Aventar um blog e uma casa de referência da pluralidade das esquerdas. É por isso, j.manuel cordeiro, que não deve rasurar o lugar de onde fala (Aventar) para privilegiar o lugar para onde quer ou deseja falar.

        • Nascimento says:

          Parece-me que os nomes começam por maiúsculas! Não e´?

  4. Helder P. says:

    A mim, o que me causa mais repulsa é Santos Silva para os Negócios Estrangeiros. Sempre tive dele a imagem de um cão raivoso amestrado por Sócrates, de diplomático parece ter pouco.
    E espero que o ministério de Pedro Marques não traga memórias de Mário Lino.
    Quanto a ter pessoas da mesma família no governo, por enquanto darei o benefício da dúvida e espero que mostrem trabalho. Ser filha de / mulher de não é ainda um delito em Portugal, pelo menos a priori.
    Em geral, acho que é um elenco governativo que junta a experiência de uns à frescura de outros. É um governo PS, não é nem por sombras um governo “patriota e de esquerda”, mas se nem o PC está neste momento interessado na discussão de lana caprina do marxismo-leninismo, acho que temos de trabalhar com o que temos neste momento e ser pragmáticos.

  5. Antonio Santos says:

    Já passei uma vista de olhos pelo programa do governo e sobre o transporte ferroviário, só um projecto: ligar o porto de Sines à rede ferroviária. «o governo proporá um
    plano de aumento da capacidade das infraestruturas portuárias, bem como de ligações
    ferroviárias aos hinterlands europeus, com prioridade para a ligação do porto de Sines à rede
    ferroviária.»
    Excelente ideia. Pena ela já estar concretizada desde Março de 1975.

    • Nascimento says:

      Volta Sérgio Monteiros estás perdoado!!!Bora lá f…der isto tudo que a malta quer o JÁ…..IDE-VOS BADAMERDA!

  6. A maneira como a legislação trava a investigaçaõ e penalização da corrupção é flagrante e precisa urgentemente de ser corrigida; ninguem de bom senso acredita que tenha sido por acaso que está assim, acompanhada pela manifesta capacidade dos meios de investigação e juizes; como se admite que osjuiz C.Alexandre e Teixeira sejam os unicos a poder conduzir casos como o socras, DDT e Macedo?

    • Nascimento says:

      Este teu comentário ajuda-me imenso de manhã ir á retrete. Uau, para a minha congestão intestinal, descobri finalmente, uma maneira de não gastar dinheiro nas farmácias !!! Basta ler-te….é lindo, meu escarro.

  7. para os parasitas que vivem há conta dos fundos comunitários .acabou-se a mama .vão dar banho ao cão , (não ao meu ).

    • Nascimento says:

      Calma Fernando. Isso é o que nós desejamos. Veremos. Mas, ao contrário de vozes sempre dissonantes, mesmo que haja uma ténue esperança …haja esperança!

  8. Nascimento says:

    Há gente que adora o esmagamento dos seus collants…. sentem um vazio sem o PAULINHO e PEDRO….o que farão sem as suas manifestações de merda?

  9. Nascimento says:

    Há gente que faz parte do partido e outros dos reorganizações! Como termina? Em Funcionários do Aparelho.

  10. Nascimento says:

    Esta gente esquece que o Dimitrov e a IC acabou.

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