O novo governo está a criar uma enorme expectativa junto da população, farta que estava de levar pancada da direita radical que nos governou nos últimos anos. Nas escolas e na educação há também um novo olhar sobre as politicas educativas, que se esperam, poderem ajudar a melhorar o sistema educativo, no seu sentido mais amplo.
Será, por isso, natural que comecem a ser conhecidas algumas novidades, como é o caso do fim dos exames do quarto ano e a sua substituição, segundo o Jornal de Notícias, pelas provas de aferição.
Ainda sem informação oficial, a notícia do JN parece responder à crítica da direita que projecta no fim dos exames uma ideia de escola facilitista.
E, sobre esta questão, importa deixar algumas notas:
- em 2012, escrevi no Aventar que
Quanto às provas de aferição são um excelente instrumento de aferição do sistema que têm vindo a fornecer alguns elementos bem interessantes, de análise do trabalho das escolas (ver relatórios disponíveis).
Não são exames e muito bem. Numa escola de todos e para todos não faz qualquer sentido existir um instrumento que promova exclusões. É, por isso, um erro transformar as provas de aferição em exames.”
- Lembrei também um texto do Miguel, que citando José Pacheco, sugere:
Aliás, se eu mandasse, haveria exames logo no acesso à primeira classe. Os que não passassem ficariam no Jardim de infância. Sim, porque ninguém está livre – e ainda, para mais, as famílias numerosas – de lhe calhar na rifa um puto que (como dizem os especialistas especialmente especializados em educação especial) tenha dois ou três anos de atraso. E o que é que eles vão fazer para a escola?
Mas, no momento em que estamos, repito a necessidade que todos têm (sociedade, escola, professores, alunos) de saber em que ponto está o nosso sistema educativo, qualquer coisa do tipo “perceber o estado da arte”. No entanto, esta necessidade tem que condicionar o menos possível o processo de aprendizagem e, sempre que possível, o de ensino. Acabar com o treino para exames é fundamental e será para ontem.
Temos TODOS necessidade saber o que se aprende, ou antes, queremos TODOS saber sobre TUDO o que se passa nas salas de aula. E, para isso, há uma primeira novidade a introduzir – a Matemática e o Português não são tudo. São uma parte importante, mas não são tudo. É preciso aferir outras áreas, como o Estudo do Meio e as expressões no primeiro ciclo ou as ciências, o inglês e a história no 2ºciclo. Não há saberes mais importantes. Quem só sabe de matemática, nem de matemática sabe.
Depois, penso que seria de equacionar a possibilidade de fazer o trabalho por amostragem – seria possível ter um sistema em que um ano seria a prova A e B, no seguinte a C e a D ou, escolher algumas escolas por sorteio?
Obviamente, sou também sensível à ideia de que tudo isto poderia ser feito ao nível de escola – poderia e seria bem melhor, mas não creio que a Autonomia da escola esteja no ponto em que isto seja possível.
Importa ainda lembrar que nem todos aprendemos da mesma maneira – uns ao ler, outros a ver esquemas, outros… Que diabo, porque é que temos todos que mostrar o que sabemos, numa prova escrita?
Será importante criar condições para que os alunos possam mostrar o seu trabalho de diferentes formas, até porque, a nossa sociedade valoriza hoje menos as competências formais e valoriza a comunicação, o improviso, a adaptação…
E, quanto ao facilitismo, ao discurso do “no meu tempo é que era”, duas notas:
a) Com os exames de Nuno Crato, o insucesso e o abandono escolar aumentaram; um jovem (com menos de 18 anos) ou está na escola, ainda que “a saber pouco”, ou está na rua. Eu escolho a primeira;
b) A Escolaridade obrigatória é de 12 anos e temos que criar condições para que todos aprendam o mais possível nesse percurso que, em algum momento (fim do 9º) tem que ser diferenciado para todos.
É ensurdecedor o silencio ,que certos círculos fazem sobre os resultados, cada vez piores, em comparação com os anos antes, das escolas publicas “nossas” e resultado dos negocios entre as corporações e o sindicado para as negociações com os sindicatos da educação, a que pomposamente têm dado o titulo de ministro da educação.
Basta ver os diversos abortos, como por exemplo a pseudo avaliação de profs, que como é obvio só iria dar barraca.
Confesso que não entendi. Negócios com os sindicatos? Exames e notas piores? Qual é a relação?