Havia no Largo do Caldas, um relógio em contagem descrescente até ao dia em que a Troika se haveria de ir embora. O discurso era heróico e, para a propaganda do hoje defunto PàF, a saída limpa assemelhava-se ao dobrar do Cabo da Tormentas. Por todo o lado, comentadores afectos ao regime, bloggers da corda e perfis falsos no Facebook anunciavam as boas novas da devolução da sobretaxa, dos cofres cheios (de dívida) e da tão almejada saída limpa. Eram bravos, os guerreiros eleitoralistas da coligação.
E contra as expectativas, até certo ponto, a coligação PSD/CDS-PP lá acabou por ganhar as eleições. Uma vitória de pirro, é certo, mas ainda assim uma vitória. Tramou-os a democracia representativa, essa expressão suprema do golpismo que em tempos integrava o leque de opções de Paulo Portas, o homem que, segundo a narrativa da actual oposição parlamentar, seria aquele que teria o PSD e Pedro Passos Coelho refém.
Um a um, os mitos começaram a cair. Caiu o mito dos mercados que haveriam de punir imediatamente o acordo à esquerda, caiu o mito de que o governo do PS apoiado pelos restantes partidos da esquerda parlamentar não duraria mais do que duas semanas, caiu o mito da devolução da sobretaxa e, veremos, poderá ainda cair o mito do défice inferior a 2.7% 3%. Restava-lhes a saída limpa.
Depois veio o Banif. Varrido para debaixo do tapete da propaganda, o Banif era uma bomba-relógio, preparada para explodir a qualquer momento. Explodiu nas mãos de António Costa, que entre constrangimentos comunitários e um leque de péssimas opções, acabou por escolher a que será, aparentemente, a menos má. O seu antecessor afirmou mesmo que não faria diferente, abstendo-se de mão no ar na votação do orçamento rectificativo com que o actual governo procura agora solucionar o problema.
Acontece que o problema não tem três semanas, tem pelo menos três anos. E depois de oito planos de reestruturação chumbados pela Comissão Europeia, de centenas de milhões de euros injectados pelo anterior governo – que, apesar de deter a maioria do capital do banco (60,5%), mais não tinha do que um administrador não-executivo no conselho de administração do Banif -, da exposição da irresponsabilidade e inutilidade absolutas da regulação e da supervisão (Carlos Costa, o tal que garantia que a intervenção no Banif daria 10% de lucro, ainda está no cargo?) e de uma carta da Comissária Europeia para a Concorrência endereçada a Maria Luís Albuquerque que expõe, sem margem para dúvidas, que o problema foi empurrado com barriga para não prejudicar o mito que restava, o da saída limpa, e consequentemente as eleições para as quais Passos Coelho se estaria a lixar, impõe-se uma pergunta: vamos continuar a assistir à discussão do sexo dos anjos ou vamos finalmente testemunhar a tomada de acções concretas para responsabilizar os culpados?
Meus senhores e minhas senhoras, deixemo-nos de rodeios: a saída limpa é uma mentira. O processo Banif é – até ver – o último grande embuste da governação trapaceira de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas e a sua factura é filha legítima do eleitoralismo sem freio e da sede de poder da coligação PSD/CDS-PP. Chamem-se os responsáveis a responder perante a justiça. Todos sabemos quem eles são.
Aqui está o sujeito que lançou o termo geringonça no combate político.
A paz só é possível quando se está preparado para a guerra.
Vai daí, se o dito cujo, aparece à minha frente a geringonçar, leva tamanho pontapé no olho do cú, que a sua la rose de bacará passará a ser um buraco negro.
Achar que o Banif é da exclusiva responsabilidade do anterior governo é extremamente perigoso, porque assim não faltarão outros. O mercado assim obriga, ou coiso.
Com isto refiro-me à solução europeia de consolidação bancária que nos tornará ainda mais um protectorado do euro.
Este deve estar a dormir … continue que não faz falta!
A dormir está a Mónica se acha que o problema não é endémico à estrutura da UE e ao capitalismo moderno.
Espero ver estes gajos na prisão tão breve quanto possível ou haverá levantamento popular! Fartos!
Todos para a prisão mentirosos que enganaram os eleitores com a saida limpa que a final era suja e bem suja mentirosos.