O que é o Bloco de Esquerda? Um partido radical. O PCP? Um partido radical. E o Podemos? Um partido radical ep perigoso que isso é malta amiga do Chávez! O Syriza? O radicalismo em todo o seu esplendor. Jeremy Corbyn? Um radical que se apoderou do Partido Trabalhista. A lista poderia continuar. Quem afronta o regime que comanda a política europeia é, regra geral, apelidado de radical. São radicais porque se opõem à austeridade cega, radicais porque denunciam as centrais de negócios travestidas de partidos políticos que gerem orçamentos de Estado em benefício das suas clientelas, radicais porque se opõem à ditadura da alta finança, radicais porque querem regulação e um Estado forte que contenha a voracidade do liberalismo sem freio. Tudo radicais. Uma ameaça à admirável democracia das elites que impera no continente europeu.
Nos antípodas destes selvagens temos personalidades do mais elevado gabarito. Viktor Orbán? Um conservador. Pouco importa se defende a reinstituição da pena de morte em toda a Europa, se clama para criação de campos de trabalhos forçados ou se trata refugiados como lixo não-reciclável. Para a comunicação social colaboracionista e para o regime, trata-se de um conservador e não de um radical. O partido do homem até integra o PPE dos nossos PSD e CDS-PP for god sake!
Mas Orbán não é o único fascista conservador em voga por estes dias. Quem também tem feito furor é o presidente da República da Polónia, Andrzej Duda, que se prepara para promulgar uma lei com a qual se pretende bloquear a acção do Tribunal Constitucional daquele país. A tara dos fascistas conservadores contemporâneos. Como se tal não fosse já suficientemente grave, a actual maioria parlamentar polaca, controlada pelo partido fascista conservador Lei e Justiça (irónico), do qual faz parte Duda, pretende também colocar uma trela na comunicação social pública, colocando-a sob alçada directa do governo. Estranho? Nada disso: já tivemos disso por cá.
Bruxelas bateu o pé (inédito). Até porque o Lei e Justiça do presidente Andrzej Duda não integra o PPE do presidente Juncker pelo que o puxão de orelhas se torna mais fácil do que colocar o amigo ditador no seu lugar. No final do dia bebem-se uns copos e fica tudo bem. Afinal de contas, são todos fascistas conservadores.
[…] meteu os ditos no sítio e tomou uma decisão inédita para contrariar o ímpeto totalitário do governo polaco que é conservador mas que aparentemente não é radical. O objectivo é dialogar com o país para tentar reverter a sua deriva extremista de querer […]