Nasce hoje Roy Batty, vivo há 34 anos

blade-runner-windows-to-the-soul-thoughts-on--L-4rEUMJAll those moments will be lost in time, like tears in rain.

Roy Batty, Blade Runner

Em 1983, entrei, salvo erro, num dos cinemas do Girassolum, uma das salas hoje defuntas de Coimbra. Apesar de o filme ter um título em português (Perigo Iminente – ou Perigo Eminente, como viria a ler-se em muitas cassetes VHS de videoclubes manhosos), é e será sempre conhecido por Blade Runner, no original e para os amigos.

Foram muitas as coisas que me impressionaram no filme, num constante estranhamento que se foi entranhando: um cenário em que o futuro da ficção científica era perigosamente verosímil, um Harrison Ford chandleriano (até se sentia um cheirinho a Humphrey Bogart , com direito a voz off de filme negro), uma banda sonora inquietante, a beleza serena e frágil de Sean Young e um dos melhores e mais complexos vilões da História do meu Cinema, Roy Batty, papel desempenhado por Rutger Hauer.

Batty era um replicant, ou seja, um andróide. Estava programado, tal como outros três companheiros, para morrer numa determinada data. Os quatro tentam adiar a morte, como é próprio dos seres vivos, mais ou menos humanos. Extremamente violentos e dotados de força sobre-humana, são perseguidos por Deckard (Harrison Ford).

roy1-kps-ID000002-1024x576@GP-WebDe acordo com os dados do filme, Roy Batty foi activado no dia 8 de Janeiro de 2016. Comemora-se hoje, portanto, a data de nascimento de uma personagem que existe há 34 anos.

A sua última fala, diante de um perseguidor desamparado, é um momento extraordinário de cinema: texto, imagem, voz, água, morte. As palavras foram (re)escritas pelo próprio actor na noite anterior à rodagem da cena.

Rutger Hauer é um dos vilões da minha vida. Viria a reencontrá-lo em Terror na Auto-estrada e no magnífico Amor e Sangue, uma extraordinária visão suja da Idade Média.

Ao saber hoje da data de nascimento desta personagem, lembrei-me, é claro, do José Braga, que me fez ler o Philip K. Dick, e do João José Cardoso. O Blade Runner trouxe-me, ainda, mais um texto da Carla. Obrigado, Roy Batty.

E chove.

Comments

  1. Vila do Conde says:

    António
    Obrigado por me lembrares a efeméride. Vi o Blade Runner acho que três vezes no cinema e várias em casa no DVD. Na segunda do cinema fiz questão de levar o meu pai.e… no final ele chorou mesmo…só o vi chorar duas vezes essa foi a última…
    Abraço

  2. Escatota Biribó says:

    Parabéns ao Roy,criado pelo J. F. Sebastian, e cuja longevidade, fruto da sua consciência, viria a ser limitada a 4 anos, se não me engano no prazo.
    Que excelente momento António, quem se lembraria da data de nascimento de um personagem que só viria a nascer no futuro, e esse futuro já foi.

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