A luta pela sobrevivência

Madaya

Imagine que vivia numa cidade sitiada. De um lado as forças de um regime opressor, do outro um grupo de rebeldes, que apesar de se oporem ao regime estão dispostos às mais monstruosas atrocidades. Como se tudo isto não fosse já mau demais, existe um terceiro grupo, bárbaro e radical, que luta pela abolição absoluta de qualquer tipo de liberdade.

A luta diária é pela sobrevivência. Água canalizada ou electricidade são luxos nos quais já ninguém pensa. Importa garantir comida, qualquer que seja, primeiro para os pequenos, depois, se sobrar, para os adultos. Na cidade de Madaya, a situação atinge hoje uma proporção aterradora. Não há comida, há seres humanos a morrer literalmente de fome e outros que vão sobrevivendo através da ingestão de relva ou de outras plantas que crescem nas bermas do que sobra das estradas. As imagens que nos chegam são chocantes e mostram crianças em pele e osso à espera que a morte as liberte do sofrimento.

Imagine-se em Madaya. Ficaria ali, à espera que uma das muitas faces da morte o levasse ou levasse a sua família, ou arriscaria tudo, fugindo para um sítio seguro que garantisse condições mínimas de sobrevivência? No caso de fazer a escolha mais sensata, a de proteger a existência dos seus, qual seria a sua escolha? Rumar a um país hostil como os estados sunitas do Golfo, seguir para um campo de refugiados sem condições e a rebentar pelas costuras no Líbano ou na Jordânia, ou ir em busca do sonho europeu? Parece-me uma escolha fácil de fazer. Seremos humanos o suficiente para perceber isto?

Comments

  1. tancredo says:

    A globalização económica é uma realidade do nosso tempo mas, tal como a UE, não terá grande sucesso se não cuidar antes, do que são as dramáticas realidades regionais.
    .
    O que está acontecer na Síria é a barbárie em pleno século XXI e tem uma explicação, podia e devia ter sido evitada, mas quem tem o poder quis assim, não irá dar explicações e ponto final.

    São os mesmos filhos da puta que criaram o acrónimo PIGS.

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