Sobre a entrevista da António Saraiva à Diário Económico, deixo-vos com esta reflexão encontrada n’Uma Página Numa Rede Social:
Mais vale ter trabalho precário do que desemprego”, diz António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa – uma espécie de sindicato dos patrões -, hoje, ao Diário Económico.
Todo um programa nesta frase, sem a mínima inocência. Fica bem patente a intenção de aproveitar a miséria dos trabalhadores, a tentativa de nivelar por baixo, a exploração desavergonhada da precariedade.
É um dos mantras do modelo de sociedade darwiniana que a Direita defende, onde impera a lei do mais forte, onde é cada qual por si, e que resulta num punhado de multimilionários a sujeitar milhões de trabalhadores às regras que só beneficiam a minoria, numa óbvia subversão do valor mais elementar das sociedades democráticas modernas: a defesa do bem comum.
Pela mesma lógica, mais vale trabalhar por comida do que não trabalhar. Ou trabalhar apenas para melhorar o currículo.
E, enquanto a Direita aplaude, o país acaba com um mar de pessoas que trabalham várias horas acima da média europeia, ganhando menos de metade da média europeia. Essa foi, aliás, a tendência a que o mercado de trabalho português assistiu nos últimos anos.
A falácia argumentativa de António Saraiva chama-se “falsa dicotomia”, e consiste em apresentar um problema com o errado pressuposto de que ele só tem uma de duas soluções – neste caso, a precariedade ou o desemprego.
Não, estas não são as duas únicas soluções para o problema do desemprego. A verdadeira questão, social e intelectualmente honesta, passa por determinar se mais vale ter um trabalho condignamente pago ou estar desempregado. E reparem como António Saraiva descarta, logo à partida, a hipótese do trabalho condignamente pago.
Essa desconsideração pelo salário digno é tão reveladora do que o presidente da CIP realmente pretende, não é?
A relação entre liberdade de contratação e desenvolvimento economico e empresarial precisa de melhor debate, para que tenha algum valor. Os bons e os maus funcionava bem nos filmes de cowbois quando eu era pequeno.
e os vilões?
E os porcos e maus? 🙂
E os sociopatas e os psicopatas ondem ficam nesse esquema?
O que é preciso é debate, vamos debater. Porque o cristof9 acha que somos uns pobres de uns idiotas que precisam de debate para percebermos estas coisas. Por exemplo, não há bons, nem maus, é tudo relativo. Aqueles patrões que se aproveitam dos estágios e recibos verdes e trabalho temporário não são exploradores, mas sim vitimas da sociedade. Temos de os compreender. É preciso é debate, pois.
Depois admiram-se dos operários olharem sempre de soslaio para os patrões.
Quando o patrão dos patrões é deste quilate …
Ultimamente anda por aí um choradinho de todo o tamanho para que, com tanta porcaria que essa gentalha política anda a fazer, se não conclua que os políticos são todos iguais. O pior é que … “cada cavadela, cada minhoca” e nos patrões a história é a mesma.
Por esta lógica” mais vale ser escravo do que morres de fome”
É mais ou menos isso!
Ainda me lembro do tempo em que eles (patrões) fugiram para Espanha e para o Brasil…
Estão a pedir repetição do ocorrido.
Lá está, mais vale fugirem do que perderem a cabeça.
Claro, é que isto da luta por condições dignas de trabalho é uma perseguição mortal. Pobres patrões, já não estão seguros em suas casas! E vivam os palermas!
O capitalismo (selvagem) em todo o seu esplendor:
Heidegger explica: o Ente neste sistema é esmagado, daqui resulta o esquecimento do Ser e então, é o caminho para a selvajaria.
Naquele tempo, 1925, o sistema era chamado de “mundo da técnica” e deu no deu. Na barbárie da Segunda Grande Guerra.