Sim, estamos todos sujeitos

bombs

Desde o dia em que Durão Barroso decidiu associar Portugal à invasão terrorista do Iraque, sob o pretexto da erradicação de armas de destruição maciça que afinal não existiam, que o nosso país ganhou o seu lugar no radar dos fundamentalistas islâmicos. Estávamos em 2003, dois anos haviam passado desde o 11 de Setembro e, nos dois anos seguintes, Madrid e Londres seriam palco de violentos atentados terroristas. Na estação de Atocha, em Março de 2004, morreram 191 pessoas e 2050 ficaram feridas. No metro de Londres, em Junho de 2005, morreram 56 pessoas e cerca de 700 ficaram feridas. Portugal escapou milagrosamente à barbárie jihadista. Já o Iraque, incomparavelmente mais violento hoje do que antes da invasão, assiste a atentados terroristas com uma cadência quase semanal. O último foi no passado Domingo, num estádio de futebol em Bagdade. Morreram mais de 40 pessoas mas o Facebook não se encheu com bandeiras do Iraque.

Desde ontem que a imprensa tem estado a dar conta de uma suposta ameaça disseminada por um canal de propaganda do Daesh, onde se pode ler “Hoje Bruxelas e o seu aeroporto, e amanhã pode ser Portugal e a Hungria“. Não surpreende. E não surpreende porque um primeiro-ministro ambicioso se decidiu fazer mordomo de três potências mundiais para ascender ao topo da burocracia europeia. Não surpreende porque, nos dias que correm, qualquer anormal com um computador e pouco que fazer pode digitar uma ameaça e criar o pânico. O que não invalida que não devam ser tomadas medidas, algo que parece estar já em curso. E não seria má ideia dar uma espreitadela aos estádios de futebol. Anda por lá muita gente e, segundo pude apurar, é relativamente fácil entrar de mochila às costas, passando mais do que uma barreira de controlo sem sequer ser beliscado.

Lamentavelmente, é bom que nos habituemos. Se uma criança iraquiana pode acordar com o som de uma bomba americana a destruir a sua escola, temos que estar preparados para saltar do sofá porque um fanático qualquer rebentou com uma estação de comboios ao lado de nossa casa. Ou achavam que isto de invadir e patrocinar golpes de Estado no Médio Oriente para controlar recursos petrolíferos e posições geoestratégicas durantes décadas nunca teria consequências?

Comments

  1. Helder says:

    Ora nem mais. O ultimo paragrafo resume tudo limpinho, limpinho. Enquanto acharmos que, para vivermos como vivemos, temos direito a esmagar e explorar outros povos, não se admirem depois de esses povos chegarem ao extremo e … tornarem-se extremistas.
    Infelizmente, poucos são os que tiveram a possibilidade de ver com os seus próprios olhos, mas dizem que, lá de cima, no espaço, na Terra não se vêm fronteiras…

    Excelente texto, principalmente o ultimo parágrafo.

  2. joão lopes says:

    é obvio que odio gera odio,daí a minha constante critica ao aparente unico valor “moral” dos dias que correm:o dinheiro e gente que quer ficar com ele todo,alias a ganancia por dinheiro não tem ideologia nem credo religioso,nem raça..

  3. jose says:

    So nos faltava agora ter esse mordomo! Ladrao de mobilias ou cao de fila no poder

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