STOP TTIP, STOP CETA!

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Na véspera do show publicitário de Obama e Merkel por ocasião da abertura da Feira de Hannover, a principal feira para tecnologia industrial, saíram ontem à rua opositores do TTIP (EUA-UE) e CETA (Canadá-UE) – os tais acordos previstos para baixarem as normas europeias e entregarem a democracia de bandeja às multinacionais. Foram 90.000 manifestantes segundo os organizadores, 35.000 anuncia a polícia. Terá sido algo entre uma coisa e outra. Mas uma coisa é certa, foi de novo uma colorida e alegre multidão a dizer NÃO aos acordos secretos que supostamente vêm assegurar standards a nível mundial e trazer riqueza e postos de trabalho. A verdade é: o que eles trazem é um rebaixamento (ainda maior) dos standards que temos, colocam a democracia e soberania à mercê do grande capital e trazem mais lucros para os poderosos e mais miséria para os pequenos – como Portugal. A comissão europeia pretende ainda em 2016 passar o CETA no parlamento europeu, ignorando sem apelo nem agravo os parlamentos nacionais. Depois de ratificado, o acordo entra imediatamente em vigor.

É pois hora de dizer NÃO e exigir a ratificação destes acordos nos parlamentos nacionais. Se nós cidadãos não o impedirmos, deixaremos aos nossos filhos um mundo mais manietado, mais miserável e mais obscuro.

trojanisches Pferd han-16

Comments

  1. Ana A. says:

    Num post anterior da Ana Moreno sobre este assunto, o meu comentário foi interpretado como “resignação”.
    A verdade é que eu já tinha assinado a petição contra este processo. E o que me revolta é que, perante estas ameaças ao bem estar e aos direitos dos cidadãos, tenhamos “apenas” como armas: as petições e as manifestações! Algo está muito errado no seio das organizações e instituições, onde se pode, fazer isto: ” … A comissão europeia pretende ainda em 2016 passar o CETA no parlamento europeu, ignorando sem apelo nem agravo os parlamentos nacionais. Depois de ratificado, o acordo entra imediatamente em vigor.”

    Acho que a luta deve ser feita pelos nossos representantes eleitos democraticamente, nos centros de decisão, e não estarmos pura e simplesmente à espera que “a voz da rua” chegue, e surta efeito a quem, pelos vistos, Quer e Pode levar avante tal projecto. Porque, em última instância, estamos sempre dependentes da arbitrariedade dos poderosos.

    • Ana Moreno says:

      Concordo inteiramente Ana A.!! Só que enquanto isso não acontece, não nos resta outra alternativa senão ir para a rua, é a única esperança de não levarmos com este esterco em cima. Não há nenhuma garantia de que consigamos pará-los e se calhar nem conseguimos, mas vamos dar tudo por tudo – é o mínimo que podemos fazer. Os nossos representantes eleitos, inclusive os chamados PSs europeus, infelizmente estão a favor dos todo-poderosos (sem sequer conhecerem o texto); mas uma democracia viva é mais do que colocar uma cruz de 4 em 4 anos. Vale a pena e devemos tentar!
      Aqui vão umas imagens da nossa festa de ontem e mais informação: https://www.youtube.com/watch?v=2NHd-kBpd2M

  2. Rui Silva says:

    O maior período de crescimento em Portugal foi após a adesão à EFTA.
    Isto devia dizer alguma coisa, mas não. O que interessa é ser contra.
    Não vejo nada contra a democracia, mas sim a favor, o facto da empresa onde eu trabalho não seja impedida de vender os n/ produtos aos americanos que os desejam. Mas o mais surpreendente é vocês não verem nisto um atentado à Liberdade.
    Que estranha forma de Democracia e Liberdade são vocês apoiantes ! São democratas que se acham no direito de impedir a liberdade dum cidadão vender aquilo que produz ou comprar aquilo que deseja.

    Rui SIlva

    • Ana Moreno says:

      É o seguinte: ninguém tem nada contra a harmonização de questões e normas técnicas. Porém temos tudo contra a possibilidade de empresas processarem estados soberanos em tribunais privados e que as empresas impossibilitem regulamentações relativas à saúde e ambiente nos parlamentos porque à partida levam o carimbo de obstáculos ao comércio. E temos tudo contra esta forma não democrática de aprovar tratados às escondidas e à margem dos parlamentos nacionais. Soberania para quê, é isso??? Sob o capote da harmonização de pisca-piscas querem fazer-nos engolir o domínio dos gigantes financeiros sobre os cidadãos. Não acredito que alguém possa, sinceramente, ser a favor disto.

      • Rui Silva says:

        Um Estado não deve ser passível de responder perante a justiça. É isso?
        Pois eu acho que deve.
        Os estados são muitas vezes opressores dos seus povos (veja o caso da Alemanha , isto apenas um exemplo extremo), e opressores do simples cidadão, para favorecer determinado Loby “amigo”.
        As legislações técnicas são frequentemente barreiras comerciais encapotadas ( veja o caso do dos EUA e Brasil p.e.).
        Esta questão só pode aumentar a liberdade do cidadão. Veja que se um Estado souber que pode ser obrigado a responder a um tribunal se tentar criar um obstáculo fictício à comercialização de produtos ( impedindo assim a liberdade dos cidadãos obterem algo melhor, mais barato e que achem indispensável para a sua vida ) pode ter que responder a um tribunal independente , com certeza pensará duas vezes .
        Um pouco ao género dum tribunal internacional ( com as devidas salvaguardas de proporcionalidade , um Tribunal Internacional de Haia ).
        Eu por mim sentir-me-ei mais seguro e mais livre com essa situação.
        Fico ainda surpreendido como a Ana pode invocar a democracia com uma manifestação de 90000 pessoas. Acha que 0,00018% de uma população pode condicionar uma decisão.

        Rui SIlva

        • Ana Moreno says:

          Os tribunais a que nos referimos aqui são quasi-privados e já que é possível empresas processarem estados através deles, porque não é possível o contrário? E porque é que um empresário estrangeiro vai ter mais privilégios que um empresário nacional (o estrangeiro vai ter duas portas de entrada no sistema)?? https://www.youtube.com/watch?v=wCQZ_3t5E00
          (clicar para legendas em português)

          Quanto ao larguíssimo grau de protesto a nível europeu contra o TTIP e CETA, lamento informá-lo, mas não deve estar a par das notícias. Dou-lhe o exemplo que conheço de perto: segundo um estudo independente e representativo da fundação Bertelsmann, uma fundação claramente mais pendente para os empresários do que para os interesses dos cidadãos – e tanto é assim que no início das negociações tinha publicado um estudo positivo sobre as perspectivas do TTIP – publicado na semana passada, da população alemã apenas 17% dos alemães são a favor do TTIP; 33% são absolutamente contra e a restante quase metade considera que não tem suficiente informação para se pronunciar e portanto não se pronuncia. Facto que em si já é significativo, pois a estratégia dos seus promotores era ter feito o embrulhinho sem sequer nos apercebermos e pregar-nos com ele em cima. Saíram-lhes as contas um bocado furadas, mas só devido ao empenho forte das organizações dos cidadãos, que estão aqui numa luta de David contra Golias. Podia era juntar-se a nós, pois mesmo o Rui Silva não se há-de reduzir a si próprio, em toda a sua personalidade, ao aspecto de ser um consumidor, estou em crer.

          • Rui Silva says:

            Lanço-lhe o mesmo desafio, porque não deixa de defender esses totalitarismos que tentam impedir a liberdade individual do cidadão ?

            O mundo sem impedimentos politico/totalitários tende para o livre comercio. Na realidade o que hoje se está a tentar fazer é abolir obstáculos colocados arbitrariamente ao longo do tempo por governantes e com o apoio de grupos de pressão (lobys) que sempre saem altamente beneficiados , e prejudicam a esmagadora maioria das populações.
            O exemplo dos alemães é muito curto. Fui logo buscar o exemplo de uma comunidade com tendências nacionalistas muito grandes.

            Em relação aos tribunais “quasi-privados”, não tenho nada contra, se as leis estiverem bem feitas, como não sou contra os julgamentos de juri.

            Quando ao video, acho mesmo fraquinho e tendenciosamente contaminado pela tropa do movimento anti-capitalista, ramificação do marxismo-cultural.

            Rui Silva

  3. Ana Moreno says:

    Não ao comércio livre, sim ao comércio justo!

  4. Nascimento says:

    eheheheh… o que práqui bai pá. Um ranço a ladrar contra os LOBOS,ou LOBYS que ” influenciam” os GOVERNOS! Uau, ó palhaço, para ti vale tudo de argumento rasteiro.
    Quer intão dizer o palhaço, que o que está em jogo, COM O “ACORDO” DO TTIP não é infuênciado por LOBOS, ups, LOBYS!!! Naõ, comigo é assim: cuspo em cima ! E LARGUEZA…. MAS QUAL “DIALOGO” COM UM ESTRUME DESTES?l Livra!

  5. titio2002 says:
  6. Ana Moreno says:

    Então agora imagine que razões é que a economia portuguesa pode ter para estar convencida… tendo que concorrer com a americana. É uma pura manipulação dos cidadãos em favor dos tubarões, isto que andam a tentar fazer.

    • Rui Silva says:

      A minha questão é exactamente oposta.
      Onde é que a economia portuguesa seria prejudicada ?

      Rui SIlva

  7. Martinhopm says:

    Ana Moreno, parabéns por este seu texto e comentários esclarecedores em resposta ao Rui Silva. Só há uma coisa que me preocupa acerca da bondade deste Tratado (TTIP). Porquê está a ser negociado à socapa?

    • Ana Moreno says:

      Bondade????? Está a brincar? Ando há que tempos a escrever e re-escrever sobre os efeitos devastadores destes tratados e que mesmo por isso andam a cozinhá-lo à socapa!!! Pode ver por exemplo o post de hoje:
      https://aventar.eu/2016/05/01/a-precaucao-e-obscurantista/
      Se calhar não percebi a sua intenção… mas pfv. não me fale em bondade dos tratados que me dá uma coisinha má! 🙂

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  1. […] passasse a ICS (não resolve de todo o problema de fundo, mas é um bocadinho menos escandaloso) e conseguimos que o CETA tenha que passar pelos parlamentos nacionais e não seja apenas ratificado lá em […]

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