Mas a ideia não era gastar menos?

Mas a ideia não era gastar menos? Ter superavit orçamental? Reduzir o deficit estrutural?

Esta frase, retirada de uma notícia no Jornal de Negócios, é absolutamente lapidar da loucura que é isto tudo: “Dez colégios com contrato de associação vão avançar para tribunal contra o Ministério da Educação para tentar impedir a suspensão do apoio a turmas de início de ciclo (5.º, 7.º e 10.º anos de escolaridades) nos casos em que existe alternativa na rede pública“.

Portanto, o Estado, no cumprimento da lei e cuidando da aplicação dos parcos recursos dos contribuintes, vai analisar caso-a-caso os contratos de associação e verificar sobreposições. No cumprimento escrupuloso dos contratos assinados colocará em causa o apoio a turmas que já não são necessárias, tendo o cuidado de não interromper ciclos. Mas as empresas privadas, leia-se Escolas do Ensino Particular e Cooperativo que foram subcontratadas para suprir a dificuldade momentânea do Estado em certas freguesias, não concordam e pensam que o Estado deve continuar a subcontratar aquilo de que não precisa.

Nota: não é exatamente isso que dizia o memorando da troika sobre contratos de associação, e que o Governo anterior pura e simplesmente ignorou? Na verdade o memorando, na parte referente a despesas do estado, dizia no ponto 1.8: “reduzindo e racionalizando as transferências para escolas privadas com contratos de associação.”

Aparentemente o PSD, pelas declarações que ouvi do ex-PM, Pedro Passos Coelho, concorda e apoia com esta posição das Escolas do Ensino Particular e Cooperativo subcontratadas pelo Estado. O mesmo senhor que queria lutar contra as gorduras do Estado, as sobreposições, as rendas e contratos desnecessários de todo o tipo, etc. Não se percebe tanto populismo e desnorte. Eu pelo menos não entendo.

E ainda diziam umas piadas sobre a Grécia? A Bancarrota resulta de coisas deste tipo. E há milhares por esse país fora, em muitas áreas. Não querem gastar menos e aplicar o pouco dinheiro que temos em coisas que sirvam todos? Mas depois queixam-se da dívida e dos impostos e de tudo o mais com que legitimidade?

Comments

  1. joão lopes says:

    de uma penada,a conversa neoliberal foi pelo esgoto abaixo.afinal os privados tambem querem a mama do estado,tambem querem o subsidiozito(mesmo que haja escolas publicas na zona,incrivel,não?),e tendo em conta que alguns desses colegios “privados” estão ligados à igreja catolica,e tendo em conta que a igreja não paga impostos(poderiam contribuir para o IMI,por exemplo),isto é caso para dizer…chamem a policia.p.s-a jonet tambem quer com certeza subsidiozitos,claro,é o negocio da caridade,com toda a …etiqueta.

  2. Edgar Carneiro says:

    Afinal quem é que tem vivido acima das suas possibilidades e à custa do orçamento?

  3. Portuga endividado says:

    Afinal o 25 de Abril foi efectuado a favor do povão ou a favor dos faxolas?+

  4. Francisco Megre says:

    Então o que nos levou à bancarrota não foi o investimento massivo do Estado com grandes desperdícios e sobreposições? Afinal os contratos de associação fazem com que o Estado gaste menos ao ter alunos no privado do que no público ou mais? E porque é que não podem ser os pais dos alunos a decidir as escolas em que andam, sendo que o Estado comparticipa na mesma medida que no público? Já agora, se os mais ricos pagassem mais quando andam na escola pública, talvez houvesse mais recursos. Nunca percebi porque é que todos pagam igual o serviço público mas não o privado.

    • joão lopes says:

      quantos país colocam os filhos nos colegios privados…e fogem ao fisco?

      • Francisco Megre says:

        João, não sei. Da mesma maneira que não sei quantos o fazem com os filhos na escola pública, certo?

        • joão lopes says:

          escola publica é paga com impostos,se houvr fuga aos impostos(para offshores,um ex.)o que é que acontece? por outro lado,se eu fugir aos impostos fico com dinheiro para coloar os meus filhos num colegio,certo?

          • Francisco Megre says:

            Se fugires com dinheiro para offshores também podes usar para pagar a escola aos filhos.

    • Portuga endividado says:

      Olha este!
      Quem nos levou à bancarrota foram os Bancos como na Islândia ou ainda não deste por isso?
      Há cada cromo…
      Queres ver que fui eu a comer carapaus fritos com arroz de tomate que fiz falir o país … PORRA!

      • Francisco Megre says:

        Agora já é insultos directamente? Não podias ter dito exactamente a mesma coisa sem insultar?
        Eu acho que não foram só os bancos que levaram o país à bancarrota. Um pequeno exemplo: temos 3 autoestradas paralelas entre o Porto e Lisboa, fora outros investimentos excessivos feitos pelo Estado que somos todos nós.
        Logo, não foram só os bancos. Estes que também emprestaram muito dinheiro ao Estado, a empresas e particulares que depois não pagaram de volta.
        Houve negociatas? Sim. Houve corrupção? Sem dúvida, mas também muita gente que simplesmente ficou sem dinheiro para pagar de volta. Gente simples que também come carapaus fritos com arroz de tomate.

    • MJoão says:

      Exactamente, porque no público é igual para todos , ricos ou pobres. Já o privado rege-se pelas leis do mercado.

  5. doorstep says:

    El Cabreo, por fandangos:

    Estoy mirando y no veo
    al pastor de la manada!
    Sólo diviso los perros
    que la conducen, callada,
    camino del matadero.

    • Portuga endividado says:

      Ya nos hay jodido el profecta…

    • Francisco Megre says:

      Não percebi este comentário.

      • Portuga endividado says:

        Também não era para perceberes.

      • doorstep says:

        Mil desculpas, aqui vai a tradução:

        “Estou a olhar e não vejo
        O pastor desta manada.
        Só vejo os cães
        Que a conduzem, calada,
        À entrada do matadouro.”

        Dum grande poeta contemporâneo andaluz – El Cabrero, e não El Cabreo – como erradamente escrevi. Ainda que “El Cabreo” – “A Raiva” – pudesse ser um bom título…

        Os fandangos são um palo (ritmo, modo, estilo) flamenco, muito usado para descrever realidades desesperantes.

        A obra poética de António Aleixo adapta-se quase toda na perfeição aos fandangos andaluzes.

        Dixit…

  6. Portuga endividado says:

    Mas porque carga de água tenho de pagar (dos meus impostos) ensino dos privados? Vá à Finlândia e ponha lá os olhos.
    Ensino privado? Sim senhores… Se o querem que o paguem!
    Há coisas que um direitolo nunca perceberá.

    • Francisco Megre says:

      Não precisas de me chamar direitolo. Estou aqui a discutir com calma e respeitando os pontos de vista dos outros. Falta de respeito não admito ok?
      Em relação a pagar (dos teus impostos) o ensino privado dos outros: A minha opinião é que eu não vou obrigar os pais de alunos a inscreve-los na escola pública se eles acham que a privada tem mais qualidade, chama-se a isto respeito pela liberdade dos outros.
      Agora, se essa qualidade existe de facto ou não, cabe a quem tem filhos de decidir não achas?
      E se o Estado pagar o equivalente por aluno no ensino privado ou no público, o dinheiro que estás a pagar dos teus impostos é o mesmo, certo?

      • Portuga endividado says:

        Não meu …
        O que tu pagas no privado fica entre ti e o privado e o que eu pago no publico é entre mim e o Estado da Nação e não mistures, porque não é a mesma coisa.
        No privado frequentam 5% de portugueses ou menos e no publico frequentam mais de 95% de portugueses por isso acabemos com as tretas.
        Não queiras comparar os que moram nas serranias e gastam horas para chegar à escola e os meninos do privado que moram a dois quarteirões do colégio privado.
        E não gasto mais pachorra com os Cantinflas da argumentação.

        • Francisco Megre says:

          Outra vez a chamar nomes depreciativos? Mas estou a falar com um adulto ou uma criança mal educada? Já te disse que não gosto de falta de educação, tu por acaso gostas?
          Voltando ao assunto principal, o que fica entre ti e o Estado da nação também me diz respeito. És tu, eu e todos os outros que pagam os impostos para termos serviço público.
          A minha opinião é de que tanto válido eu pagar impostos e tu escolheres por os teus filhos numa escola pública, tenha ela qualidade ou não, como é válido pagarmos impostos para tu, se assim achares melhor para a vida dos teus filhos, escolheres o ensino privado, na medida em que o Estado financie em igual quantia, obviamente não superior.
          O que vai resultar daqui é: ou o ensino público capta mais alunos porque tem mais qualidade e recebe mais financiamentos, ou o revês.
          A minha questão, para concluir, é de que as pessoas são livres de escolher e sobre quem recair as escolhas vão ter mais recursos, sejam públicos ou privados.

      • joão lopes says:

        e o privado não é um negocio privado? primeiro acham que há estado a mais,e depois os privados a primeira coisa que fazem é bater á porta do estado?

        • Francisco Megre says:

          E porque é que não deixamos quem tem filhos escolher o que acha melhor para eles? Depois o Estado que apoie na mesma medida os estabelecimentos privados ou públicos.

          • José Gonçalves says:

            Sobre a liberdade de escolha, eu só faço algumas questões singelas:

            1) O Estado subvenciona fortemente empresas de transportes públicos mas eu gosto mais de andar no meu carro. Posso exigir ao Estado um qualquer subsídio para as minhas despesas?

            2) Na maior parte dos meus percursos de automóvel, eu prefiro circular por auto-estradas, as quais têm qualidade indiscutivelmente superior à das estradas nacionais. Por que é que o Estado não me há-de deixar escolher e pagar a minha utilização às concessionárias?

            3) Eu prefiro ser acompanhado pelo Dr. X, no seu consultório particular, em vez de ter de esperar meses por uma consulta num centro de saúde, com um médico em que não confio tanto. É legítimo esperar que o Estado financie essa minha opção pelo privado?

          • Isto não é “escola pública vs escola privada” — o problema é na mesma área geográfica o Estado estar a financiar duas escolas: a Pública (que entretanto fica às moscas, com o nosso dinheiro enterrado lá) MAIS a privada! Eu repito: duas escolas para a mesma população escolar! Os contratos de associação servem para quê, segundo a Lei que os criou? Suprimir as carências da escola pública! Toda a “polémica” em redor disto que leio é só poeira — tipo “isto é tudo orquestrado pelos comunas” ou “isto é um ataque ao sector privado”. Não é.

            Vamos lá a ver se nos entendemos: se os contratos de associação fossem todos claros, não haveria polémica ou receio por um Governo se propor a rever caso a caso esses contratos, e excluir apenas os casos de financiamentos indevidos! Devíamos estar todos, contribuintes, radiantes com isso! E comecem a rever todas as PPP’s, todas as auto-estradas e pontes, todas as parcerias assinadas pelos governos anteriores! E repare que eu uso o plural: Governos — isto não é uma coisa partidária. É como já escrevi num comentário anterior: é altura dos nossos empreendedores fazer-se grandinhos e deixarem de viver à sombra das mesadas do Estado. A bem da qualidade do serviço que prestam!

          • Francisco Megre says:

            Fernando, também acho que esse ponto específico dos contractos de associação não é uma questão público-privado.
            Mas a grande questão que levantou foi essa, do público-privado.
            Não quero que o Estado continue a afundar dinheiro num sistema caduco e ultrapassado. Acho perfeitamente natural serem os pais a escolher os estabelecimentos de ensino, o Estado a participar igual seja num ou outro, os mais ricos a pagar mais seja no privado ou no público (o que actualmente não acontece) e fecharem as escolas, privadas ou públicas, que os pais rejeitaram inscrever os filhos por não acharem que sejam BOAS.
            Lá está, o que me interessa é a qualidade do ensino, e enquanto as escolas públicas também não sentirem pressão para melhorarem e capacidade de gerarem mais recursos directamente dos alunos mais ricos, isto só vai continuar a piorar.

          • Nightwish says:

            Porque depois não há quem pague a escola pública porque quem tem dinheiro vai pagando cada vez mais pelas notas enquanto quem não tem dinheiro para isso manda os filhos para onde vão os restos que os ricos não querem aturar.
            Fdx pá, até o Bismarck lá chegou.

          • Francisco Megre says:

            Isso demonstra uma falta de fé enorme tanto no ensino público como nos pais…
            Acho que é uma minoria a quantidade de pais que preferem boas notas em vez de um ensino de qualidade.
            Também acho que existem bastantes escola públicas de qualidade que poderiam ter muito a ganhar com mais autonomia, tanto curricular como financeira, e mais competitividade.

        • O Trompas says:

          “Acho que é uma minoria a quantidade de pais que preferem boas notas em vez de um ensino de qualidade.”

          HA HA HA HA HA HA! Em que mundo é que este vive?!!!

          • doorstep says:

            Dá a impressão de assumir que os homens são bons por default, o que é louvável e honroso. Mas também algo perigoso…

      • doorstep says:

        “Não vou obrigar os pais de alunos a inscreve-los na escola pública se eles acham que a privada tem mais qualidade, chama-se a isto respeito pela liberdade dos outros.”

        Asserção falaciosa: a questão não está em que alguém seja obrigado a inscrever os filhos na escola publica, está em que quem inscreve os filhos na pública tenha que pagar custos dos que os inscrevem na privada.

        Além disso o ensino privado, com todo o direito, não está sujeito a qualquer supervisão pública no que diz respeito à gestão das estruturas (e quanto à filtragem das inscrições, o controlo é meramente formal).

        P. ex., quando um certo irrevogável se passeava de jaguar por conta da universidade privada que o empregava, decerto que o Francisco Megre não achava piada nenhuma…

  7. O Trompas says:

    No outro dia, um tipo aqui em Braga recusou-se a correr nos campos desportivos pagos pela câmara municipal (água, luz, relva artificial, equipamentos de musculação,…) com o argumento de que queria era ir para o Holmes Place, porque ele tinha todo o direito a escolher em que ginásio anda.
    Claro que a câmara municipal teria que pagar a mensalidade no dito ginásio, porque caso contrário não haveria dinheiro para por gasolina no Porsche.
    Este história não é real, mas podia ser…

    • Francisco Megre says:

      Compreendo perfeitamente, acho que a CM não deve pagar para ele andar no Holmes Place, até porque não lhe paga para andar nos campos desportivos.
      Nós pagamos todos os campos desportivos através dos impostos e pagam os cidadão de Braga pela CM.
      Se esses equipamentos devem ser criados e se são bem geridos, acho que só uma participação popular mais próxima e directa das instituições nacionais e locais pode resolver esse assunto.

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