Duas concepções do mundo

Elite versus povo, poder e obediência, riqueza por oposição ao resto (que inclui o que alguns remediados pensam ser um cheiro a riqueza), direito natural e igualdade de direitos, sistema exclusivo vs. sistema inclusivo.

Escola para a elite versus escola pública.

O sistema educativo público também pode ser elitista, no sentido de incluir os melhores. Na verdade inclui todos, sendo essa a grande diferença. Não exige um passe de cifrões nem o berço certo.

É todo um conceito de sociedade. Amarela ou com todas as cores.

Comments

  1. anónimo says:

    Bagão Felix argumenta que aumentar os rendimentos dos trabalhadores resulta em aumento das importações e da dívida pública.
    E depois exclama que o aumento das despesas foi com a compra de automóveis, como se os trabalhadores andassem a comprar carros de luxo.
    O fulano não quer perceber que, durante os anos de corte e sacrifício, as famílias andaram a adiar muitas despesas essenciais.
    O fulano não quer perceber que basta um pouco de esperança para que as famílias voltem a pensar em ter um filho, em comprar casa, e carro utilitário.
    O fulano não quer perceber que basta um pouco de esperança para que a produção e o mercado interno se revitalizem, sem necessidade de importações.

    • Rita says:

      Subscrevo na íntegra. Cabecinhas pensadoras teimam na teoria de que o que é bom é o empobrecimento. Irra que são casmurros!…

    • Nightwish says:

      Para a direita moderna, a balança comercial é o supra-sumo da economia, justificando assim a necessidade contínua de empobrecer. Porque não defender trabalhar de graça de uma vez, para serem honestos?

    • O Bagão Pouca Terra... says:

      Este país não precisa de “Bagões”. Precisa é de “Locomotibas”…

  2. anónima says:

    “sistema exclusivo vs. sistema inclusivo”

    O sistema de ensino público, nomeadamente à entrada (pré-primária e primária, por exemplo) até há muito pouco tempo seleccionava alunos com base no critério de proximidade geográfica de residência ou local de trabalho dos pais. Duas consequências (o exemplo de Coimbra):
    – Escolas próximas de zonas residenciais “mais abastadas” (Solum, p. ex.) aceitavam apenas alunos com pais mais “abastados” (que vivem na zona); alunos de zonas “problemáticas” (Bairro do Ingote, p. ex.) só podiam ir para escolas “problemáticas”;
    – O sistema era ainda assim contornado por alguns pais (os que podiam) de fora de zonas residenciais “mais abastadas” arranjando moradas de tios, primos, amigos, …

    Tudo isto durou décadas (ainda dura?) na Escola Pública “inclusiva”, com o beneplácito e olhar para o lado dos grandes defensores da Escola Pública que “inclui todos” e “não exige um passe de cifrões nem o berço certo.”

    Ainda em Coimbra, quando vemos para onde foram direccionadas as obras de requalificação do Parque Escolar verificamos que as grandes contempladas foram a Brotero e o D. Maria (lado a lado, literalmente, na Solum). Só para conextualizar: o D. Maria fica geralmente no topo dos rankings nacionais (sem necessitar das obras!) e é geralmente considerado a Escola Secundária da “elite” de Coimbra.

    Já para não falar da maravilhosa escola pública inclusiva onde o sucesso depende essencialmente do poder de contratar explicações extra … dadas essencialmente por professores do ensino público.

    Não sejamos totalmente hipócritas.

  3. anónima says:

    Ainda sobre o meu comentário anterior.

    Quantos alunos da Cova da Moura andaram no Liceu Camões em Lisboa, essa escola pública inclusiva (http://caras.sapo.pt/famosos/2013-12-08-antigos-alunos-do-liceu-camoes-reunem-se-em-gala-solidaria)?

  4. anónima says:

    Os verdadeiros defensores da Escola Pública (onde eu me considero incluída) têm de ser críticos para a melhorar. Não podem simplesmente gritar slogans e tapar os olhos ao que acontece na escola pública.
    Os meus dois comentários anteriores ilustram o facto de a Escola Pública ter mimetizado a segregação (que é real) associada à área de residência, nomeadamente ao adoptar critérios de proximidade geográfica para seleccionar alunos.
    Mas há mais exemplos a que não é possível fechar os olhos: quem tem filhos na Escola Pública conhece muito bem a forma como são constituídas as turmas (e as pressões dos pais para os seus filhos ficarem “na turma certa”) e como lhes são atribuídos os professores (e vice-versa, como os professores escolhem as turmas).

    “sistema exclusivo vs. sistema inclusivo”? Não sejamos totalmente hipócritas, ou estaremos a prestar um mau serviço à Escola Pública. Para a melhorar é necessário identificar e corrigir os seus problemas.

    • j. manuel cordeiro says:

      Olá anónima. Obrigado pelas contribuições.

      Não sendo professor, reconheço mesmo assim os cenários que refere. Não havendo sistemas perfeitos, há que melhorá-los. Mas entre os dois modelos de escola há uma diferença fundamental devido à sua génese: a escola privada é, por inerência, não inclusiva.

      Há ainda um outro aspecto, que tem a ver com os “interesses” instalados. Porque é que, ao longo de décadas, não houve dinheiro para estabelecer uma rede pré-escolar, mas houve dinheiro para financiar os estabelecimentos privados do pré-escolar? A resposta serve, também, para explicar porque é é que uma pequena minoria de colégios privados conseguiu fazer tanto barulho barulho devido à redução de perspectiva de negócio . Não ser completamente hipócrita inclui reconhecer que há um coisas que não mudam porque quem o pode fazer não o faz. Não tem a ver com o modelo, mas sim com as pessoas que o comandam.

      • anónima says:

        “Não havendo sistemas perfeitos, há que melhorá-los.”
        Isso é verdade, mas não vi até agora qualquer tentativa de melhorar, ou sequer de denunciar, a verdadeira segregação que existe em muitas escolas públicas. Uma situação que dura há décadas, que todos conhecem, mas de que ninguém fala. E, perdoe-me a franqueza, não são casos pontuais: a questão da segregação por localização geográfica é sistémica. Embora o argumento de dar prioridade a alunos que residam perto das escolas tenha uma racionalidade que se compreende, o resultado final é um sistema de segregação por localização geográfica na Escola Pública que é, por natureza, não inclusivo.
        E isso remete para a questão dos interesses instalados. Não são só os donos de colégios privados tipo GPS que se aproveitam dos interesses instalados. Os pais das escolas públicas de elite (não há que ter medo de chamar as coisas como elas são – a elite do D. Maria em Coimbra, do Liceu Camões em Lisboa, ….), que seleccionam as turmas para os filhos, que seleccionam os professores para as turmas, que exigem (e conseguem) que sejam as “suas” escolas a beneficiar de obras, capturaram há muito tempo a escola pública. E se for necessário ainda se vangloriam em público de defender a Escola Pública. Os professores das escolas públicas de elite, que escolhem os alunos para as “suas” turmas, que escolhem os seus horários, que usam os rankings das notas dos seus alunos para inflacionar os preços das explicações que dão “por fora” (sem recibo), capturaram há muito tempo a escola pública. E se for necessário ainda se vangloriam de defender a Escola Pública: quantos professores do D. Maria estariam dispostos a trocar os seus alunos (os filhos dos médicos e professores universitários de Coimbra) a ir dar aulas uma semana para o Bairro do Ingote em Coimbra (um bairro com uma comunidade cigana muito expressiva)?
        E os negócios à volta das explicações? Ninguém vê, ninguém fala? São professores de escolas privadas que as dão?

        A escola privada bem pode ser, por inerência, não inclusiva. A Escola Pública, sendo por inerência inclusiva, é na prática, e há muito tempo, profundamente segregadora em muitos aspetos.

      • anónima says:

        Para rematar.
        Como já deve ter percebido, sou de Coimbra. Tenho dois filhos em idade escolar e conheço bem a realidade da Escola Pública nesta cidade. Por mim, bem podiam fechar todas as escolas privadas da cidade. Estou-me nas tintas.
        Quando o D. Maria ficou à frente do ranking nacional todos salientaram que tal se devia ao meio socio-economico onde se inseria. Concordo plenamente. É óbvio. O que ninguém foi capaz de dizer com todas as letras é que o D. Maria é o exemplo mais gritante da Escola Pública não-inclusiva. Está à vista de todos mas ninguém o menciona. É tabu. Enquanto isso, a segregação prossegue, e os professores e pais dos alunos do D. Maria ainda se dão ao luxo de estar na linha da frente da defesa da Escola Pública, provavelmente lado a lado com os pais dos alunos da Escola do Ingote. Quantos D. Maria existem por esse país fora?

        • j. manuel cordeiro says:

          Que solução preconiza?

          • anónima says:

            Que depois de resolvida a questão dos Contratos de Associação (eliminando-os – assunto que já me parece arrumado) a mesma energia seja dedicada à denúncia dos mecanismos de exclusão e segregação na Escola Pública. Porque para mim, e para muitos pais da Escola Pública, esta discussão pouco ou nada diz uma vez que uma escola privada estaria sempre fora do horizonte. O que me faz confusão e leva a alguma revolta é a disparidade na denúncia de exclusão e segregação Escola Pública vs Escola Privada (políticos, sindicatos, …) e que ninguém discuta a exclusão e segregação Escola Pública (das elites) vs Escola Pública (dos outros). Para quem está do lado da Escola Pública (dos outros), o silêncio à volta da exclusão e segregação na Escola Pública, o constante afirmar em público que a génese da Escola Pública é a inclusão (quando na prática não é em larga medida), que os interesses instalados só estão à volta da Escola Privada, … roça o insulto (sofrido em silêncio).
            Para quando uma grande manifestação pare exigir o fim da exclusão e segregação Escola Pública, da separação entre Escola Pública (das elites) e Escola Pública (dos outros)? Para nunca.
            Infelizmente a sensação que fica é que quem mais se manifesta na defesa da Escola Pública é quem tem os filhos na Escola Pública (das elites). Os outros são meros figurantes: comem e calam.

  5. Todos sabemos que nem tudo está bem na escola pública, na saúde pública, na Segurança Social, etc.
    Todos sabemos que há discriminação em todos os sectores do estado.
    Para que isso não aconteça, todos temos o dever de denunciar o amiguismo e o compadrio a quem de direito.
    Em suma, estamos muito longe do almejado.
    Contudo, não é essa a motivação das cúpulas dos amarelos.
    A igreja católica do século XII e certos capitalistas que já devem anos às grades, têm enriquecido à custa do suor de quem trabalha e, por isso, está na hora de mudar o paradigma.
    Não tenho que pagar a escola do filho do meu vizinho, que por acaso é um empresário rico.
    É isso que está em causa e traduz-se numa só palavra: CHULICE.

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