Pedro Passos Coelho e o síndrome de Estocolmo

Refém

As lideranças do PSD e do CDS-PP, com o apoio das suas tropas estacionadas na comunicação social, vêm insistindo na narrativa de um governo refém dos partidos com quem firmou o acordo pós-eleitoral. Em declarações recentes, em que acusou o governo de ser “comandado” pelo Bloco de Esquerda, Pedro Passos Coelho afirmou

Há uma coisa que impressiona – não é o Partido Socialista, que escolheu um candidato a primeiro-ministro derrotado, estar à frente de um Governo; é que um partido, que é o Bloco de Esquerda, que tem 10% de resultado, esteja a comandar o Governo em Portugal.

(…) se a moda pega noutros países europeus (…) Não é aquele (regime) em que eu quero viver e democrático é que ele não é.

Nas últimas eleições, o Bloco de Esquerda conseguiu uma votação de 10,19%. Já no acto eleitoral de 2011, que culminou numa coligação pós-eleitoral – ou “golpe de Estado” na novilíngua dos ayatollas da direita nacional – entre o PSD e o CDS-PP, o partido de Portas conseguiu uma votação de 11,70%. Portanto Passos fica impressionado porque um partido com 10,19% do resultado tenha influência sobre a governação mas não ficou minimamente impressionado quando Portas e os seus 11,70% fizeram dele gato-sapato:

Acho que estamos conversados no que a governos reféns de partidos minoritários diz respeito. Assim, apenas uma nota final para o tiro no pé de Pedro Passos Coelho. Diz o deputado que não quer viver num regime em que um partido pequeno tem a capacidade de pressionar a força maioritária de uma coligação. Que não é democrático. Mas, se assim é, como conseguiu ele sobreviver durante quatro anos e meio de pressões do CDS-PP e de Paulo Portas? Como viveu ele num país em que o CDS-PP, que tinha apenas 11,70% do eleitorado, comandava o governo de Portugal? Como pôde Passos, usando as suas palavras, governar – ou ser governado – de forma não-democrática? O síndrome de Estocolmo bateu-lhe forte, coitado!

Fotomontagem via Uma Página Numa Rede Social

Comments

  1. A conclusão que se podia retirar, em ambos os casos, é que é preciso um conjunto de poderes políticos cada vez mais vasto para assegurar uma maioria… sinal de fragmentação, de falta de convicção, de falta de credibilidade e em última análise, de fraqueza.

    • Nightwish says:

      São opiniões. Para uns, democracia são um governo durante anos a fazer o que lhes apetece mesmo que nada tenha a ver com as promessas ou com o programa de governo. Para outros, deve ser uma busca constante de compromisso entre o governo e os eleitos directamente pelas pessoas.

      • São factos. Ninguém faz alianças, explícitas ou implícitas, a não ser que não tenha poder suficiente para se impor por direito próprio. É a natureza do poder.

        Acho que devíamos esclarecer uma coisa… as negociações entre as elites de um partido e as elites de outro partido não são “um compromisso entre o governo e os eleitos directamente pelas pessoas”. São processos opacos onde máquinas partidárias e os seus interesses na “sociedade civil” chegam a acordos através de trocas mútuas. O cidadão não é tido nem achado. Apenas lhe é pedido que valide o produto final.

        • Nascimento says:

          Ui que análise! Foi descoberta pelo Hermerdio a pólvora….DEMOCRÁTICA!! É para guardar tão sábios rabiscos!Ai, ai, e se cá nevasse, fazia-se cá esqui…né?Estmos “esclarecidíssimos” ó Hermerdio!Só uma duvida ó Hermerdio: o que é que propões de melhor?Salazar…hum, talvez. Assim acabava-se com esta merda do parlamento não era Hermerdio?Pois…chatices .

        • Nascimento says:

          Ou como dizia o outro: ” o que tu queres sei eu!”…

  2. Nuno Lopes says:

    Não me parece que o governo de coligação que existia antes, em que PSD e CDS estavam… coligados seja comparável ao modelo da Geringonça. Era preciso BE, PCP e PEV no governo para haver comparação.

    • Não é isso que está em causa. O que está em causa é a relação entre partido maioritário e respectivos parceiros.

      • Nuno Lopes says:

        Sim… partido maioritário de uma posição conjunta? Parceiros que não têm responsabilidades governativas?

        • Não têm responsabilidades governativas mas estão comprometidos com o governo. Não é muito diferente ainda que, na minha opinião, fizesse mais sentido ambos os partidos integrarem o governo.

          • Nuno Lopes says:

            Estar no governo, ter lá ministros é muitíssimo diferente de estar comprometido com o governo. As relações de poder que se estabelecem são necessariamente diferentes. É a responsabilidade que cai em cima desse ministro, e do respetivo partido.

    • Nascimento says:

      Já se sabe que o problema está nas ” comparações”…cada vez que vomita , só sai estrume…é assim o rapazola.

      • Nuno Lopes says:

        Coitado de si e de quem tem a infelicidade de conviver consigo.

        • Nascimento says:

          Digo sempre o mesmo de todos os travestidos de “democratas”.Ranço que tenta limpar com cuspo a imagem refletida,uma imagem velha,fascista.
          Os rabiscos não enganam.Os sinais?Estão todos aqui expostos pelo Nuninho!Só os totós perdem tempo a “dialogar”,”civilizadamente”,com quem se presta a fode-los !?Paninhos quentes para com merdosos cinicos como tu?Livra!

          • Nuno Lopes says:

            Procure ajuda para sair desse inferno que criou para si e para todos o que o rodeiam. É o que de mais importante tem a fazer neste momento e talvez o passo mais importante de toda a sua vida.

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