Bilhete do Canadá – A desvantagem da arrogância

Os maus acontecimentos servem para nos ensinar a reflectir. É o que deduzo do resultado das eleições espanholas.

PODEMOS perdeu deputados e foi parar ao terceiro lugar, não por ser da esquerda radical, mas por o seu líder ter escolhido o caminho da arrogância e da sobranceria. Justamente o oposto de Tsipras que, na Grécia, tem aguentado firme com o seu jeito modesto e a sua boa educação.  Iglesias levou longe demais a rudeza com que tratou o PSOE e seus dirigentes. O resultado está à vista: de facto, não é com vinagre que se apanham moscas.

Oxalá a esquerda radical dos outros países da UE, incluindo Portugal, olhem para este pormenor com atenção. A Europa, nesta encruzilhada, precisa dos seus jovens, cheios de idealismo e energia, mas sem atitudes ditatoriais.  Fartos de ditadores estamos nós todos.

 

Comments

  1. Rui Silva says:

    “Gostei” da analogia entre moscas e eleitores.
    E um aparte: o Socialismo só existe em Ditadura.

    Rui SIlva

  2. Edgar Carneiro says:

    Não creio que o Podemos seja radical e, porventura, até de esquerda. Da Grécia a Espanha, já aprendemos que o radicalismo da linguagem nem sempre corresponde a comportamentos de esquerda.

  3. Esquerda radical? O Podemos?
    Se assim for então presumo que o PP seja um partido neo-nazi…
    O Podemos, e o seu homólogo português BE, são partidos de esquerda. Ponto. O CDS e o PSD com as suas obcessões neo-liberais e a destruição do estado social estão mais perto dos partidos de extrema-direita europeus (sim, os mesmos que insultam muçulmanos nos comboios e tatuam suásticas na testa) que o BE ou o Podemos de qualquer partido de verdadeira extrema-esquerda, apesar dos cartazes humorísticos da JSD. Até o PCP difere mais do BE que o CDS do PNR. Basta ver as últimas votações no parlamento.
    Concordo com a maioria do artigo, mas classificar o Podemos como extrema faz parecer o Iglésias com um Lenine wannabe…

    • Rui Silva says:

      Lenine antes de obter o poder, também era um anjo, que apenas queria ajudar os pobres. Qualquer esquerdista com poder trilhará o caminho do totalitarismo, trucidando qualquer que se lhe atravesse o caminho.

      Rui SIlva

      • Ferpin says:

        Nesse caso como garante que o portas não ė um Lenine em potência? Afinal ao que fazem e defendem você diz que é só a fingir e que você com o seu saber de taróloga vê dentro deles um Lenine escondido!!!

        Não se arranjam por aí uns tipos de direita que não tenham um
        discurso indigente?

      • adeus passos says:

        “Qualquer esquerdista com poder trilhará o caminho do totalitarismo”.

        é. claramente. isso deve ser o que ensinam na escolinha de verão da jsd para menores de 12 anos.

        parabéns. o soundbyte imbecil do dia é seu.

  4. Luís V says:

    Há duas incorrecções no seu post. O Podemos não perdeu deputados. Perdeu votos, mas não deputados. O PSOE sim perdeu deputados, cinco deputados, precisamente. E se tivesse acompanhado a campanha saberia que a estratégia do Podemos foi de não agressão ao PSOE, não por bondade, imagino, mas para tentar polarizar ao máximo com o PP, tentando passar a ideia de que o voto útil à esquerda seria no Podemos. Pablo Iglesias positivamente ignorou Pedro Sánchez durante toda a campanha. Foram os dirigentes do PSOE quem, para contrariar esta estratégia, fizeram uma campanha super agressiva contra Pablo Iglesias e o Podemos, fazendo desta formação o seu alvo principal. O PSOE acusou o Podemos de populismo, chavismo, comunismo, financiamento ilegal, e até de simpatias terroristas.
    A estratégia de não agressão ao PSOE acabou por revelar-se errada para o Podemos, como se pode perceber pelos resultados finais, mas a estratégia de agressão do PSOE ao Podemos apenas lhes serviu para travar momentaneamente o desgaste e evitar a ultrapassagem. Os resultados do PSOE foram os piores de sempre. Os anteriores, de 20 de Dezembro, tinham sido os piores de sempre, e os outros antes idem…
    A quem quiser fazer juízos apressados (sobretudo se apoiados na imprensa espanhola publicada em papel) sobre o que se está a passar em Espanha sugiro que consultem os dados da distribuição do voto por idade e por geografia.
    Cumprimentos
    Luís V

  5. Tobias says:

    Pelos vistos a autora do Bilhete viu e ouviu as mesmas reportagens televisivas que eu vi, em que Iglesias foi figura principal. Para mim, a agressividade malcriada ficou muito clara. Mas quem sou eu para contrariar os que reagem
    tão vivamente ao Bilhete? Calhando foi tudo montagem das televisões para difamarem o chefe do Podemos. Coisa chata.

  6. Tobias says:

    Lenine em Portas? Eu só vejo um medíocre descarado em evidência.

  7. José Corvo says:

    Passam-se para a direita com uma facilidade espantosa. O PP obteve mais 14 votos, 5 vindos do PSOE, 8 dos Cidadãos e 1 dos restantes. Com uma terceira votação vão obter os deputados necessários a menos que o Iglésias corte o cabelo .

  8. adeus passos says:

    ena, foi “malcriado”.

    felizmente, o que importa é ser bem educado. é estar, como rajoy, envolvido até ao pescoço em inúmeros escândalos de corrupção e, como se viu na semana passada, tentativas de fraude eleitoral. isso é que é educado e respeitável. isso não é arrogante. é esse o caminho.

  9. joão lopes says:

    os tipos do PP são corruptos,e os eleitores de direita votam neles.Ora ,ser corrupto é um sinal…de arrogancia.

  10. Será que percebi bem? Este post é um apelo à hipocrisia demagógica da esquerda radical para esta se tornar simpática e conquistar incautos. :-O

  11. Luís V says:

    O Podemos não é um partido extremista nem radical. Não percebo como se pode achar que há cinco milhões de extremistas radicais em Espanha. Repito: estude-se a distribuição de voto por geografia e por idade.
    O Podemos é a expressão espanhola de um fenómeno que se pode observar por toda a Europa: a recuperação, por parte de forças politicas emergentes, do espaço ideológico abandonado pelos partidos sociais democratas tradicionais. A diferença, em Espanha, é que em vez de surgir ou ganhar força uma força política xenófoba e autoritária, nasceu um partido que é europeísta (embora defenda a renegociação do tratado orçamental e uma maior democratização das instituições europeias) e inclusivo nas questões sociais.
    Enquanto os seus adversários continuarem a fazer leituras infantis sobre a natureza, a ideologia e as causas do crescimento do Podemos, o fenómeno continuará imparável e a decadência das forças tradicionais inevitável. O PSOE festeja neste momento uma vitória de Pirro e, depois de sabotar de todas as maneiras possíveis a investidura do seu próprio candidato após as eleições de 20 de Dezembro, prepara-se agora para uma abstenção negociada para permitir um governo do PP. A tendência histórica está traçada: a polarização ideológica vai acentuar-se nos próximos tempos e as tensões internas no PSOE também.

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