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Já tínhamos o melhor jogador de futebol do mundo, o melhor treinador de futebol do mundo (e, se não estou em erro, o segundo melhor também), o melhor agente de futebol do mundo, o melhor corredor de maratonas BTT do mundo, o melhor praticante de jiu-jitsu do mundo (nem no Japão, toma!), o melhor lagar do mundo, o melhor peixe do mundo e, claro está, faltava-nos o melhor mordomo do mundo. Confesso que já acreditava nele antes mesmo do anúncio da mudança de bandeja e pano para o Financial District, mas o convite – chamemos-lhes assim – do Goldman Sachs é a grande confirmação que Portugal esperava. Nem sei como se deu tanta importância ao jogo da bola.
Por falar em jogo da bola, lembram-se da forma como ele anunciou oficialmente à nação que nos ia deixar com a tanga, o Portas e o Santana, mudando-se para Bruxelas enquanto a malta festejava o Ricardo sem luvas? Topam? Sem luvas. E os mordomos, aqueles mesmo chiques a valer como o Durão, usam luvas. Demais. O Durão é tão bom que até podia ir à baliza. Com luvinhas fininhas de mordomo. Não passava meia…
Foto@Revista Sábado
Durão Barroso chegou a primeiro-ministro no taxi de Paulo Portas, tendo posteriormente obtido o seu MBA de mordomo nas Lajes, foi servir no Clube em 2003 e, enquanto a Grécia fazia das dela à nossa selecção (sempre a armar a bandalheira, o raio da Grécia), por ocasião da indisposição de dois ou três senhores que perderam a oportunidade única de agarrar o cargo, o camarada Durão, figura carismática do período revolucionário e da pesca do cherne, foi destacado para servir na Comissão Europeia. Só ao alcance dos mais aptos.
Quem também andou a fazer das dele com a Grécia foi o Goldman Sachs, esse templo do wahhabismo financeiro onde jihadistas da neoliberdade desenham planos divinos para aniquilar esquerdalhos incumpridores, o que às vezes leva a que se cometam alguns excessos, obviamente toleráveis. E o que andaram eles a fazer? Fizeram truques com a dívida pública grega e transformaram aquele paraíso numa pátria desgovernada de syrizas furiosos. Maldita Grécia. Sim, maldita Grécia, o Goldman Sachs estava só a fazer o seu trabalho. Já a Grécia, toda a gente sabe, é pátria de gente depravada que bebe muito vinho.
Voltemos ao homem do momento. Quem? O Éder? Esse também, mas agora é tempo para falar de coisas sérias. Durão Barroso. Grande Durão! O camarada Durão chegou ao fim da sua brilhante carreira de Alfred da senhora Merkel, sempre um cavalheiro este Durão, e como não quer voltar a esse exercício de mediocridade que é a vida politico-partidária, para parafrasear o seu grande amigo Portas, vai agora viver o sonho americano a servir os grandes senhores da banca mundial na sua cruzada pela neoliberdade absoluta. É oficial, temos o melhor mordomo do mundo. E quem criticar é invejoso. Ou será que o caro leitor encontra outro epíteto para alguém que critica um homem que sacrifica o seu mandato de primeiro-ministro a meio do percurso para servir em Bruxelas, depois de promover uma invasão bem sucedida que pacificou exemplarmente um estado soberano e a região em que se insere e que, após 10 anos dourados de crescimento e prosperidade à frente da Comissão Europeia, segue para uma instituição bancária exemplar e transparente? Só alguém muito mal-intencionado pode criticar tal decisão. Fascistas!
Como já vi alguém referir, teve o dom de destruir ainda mais a democraticidade europeia ao fazer do poder da comissão uma não-entidade.
Concordo totalmente com tudo que disse.O Eça nunca esteve tão actual e, já agora, parabéns pela lucidez.: D
“todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade. ..”
Eça de Queiroz, in ‘Distrito de Évora (1867)
O individuo quando foi escolhido para a CE , a esquerda em Portugal ,fartou-se de menorizar o cargo e a pessoa.
Dizia que foi escolhido por poder ser controlado , não mandava nada, era um “bota de elástico” etc etc…
Agora que saiu e foi para o GS já manda e tem muita influencia.
Uma destas análises tem que estar errada …
Rui Silva
Tudo o que o texto diz é que ele é mordomo, um pau-mandado, e nada disso muda por ir para a GS. As grandes instituições financeiras, por tradição, recebem de braços abertos os políticos que estão sempre vergados perante os superiores interesses da banca. Nada muda.
É só a análise do Rui Silva, como sempre, que está errada
um pobre de espirito com uma conta bancaria do tamanho do mundo(e depois ainda dizem que falta dinheiro na economia,pudera ,há gajos que querem ter o dinheiro todo do mundo.são fetiches)
Acho que também temos (tivemos?) o maior pão com chouriço do mundo.