Os canais de informação portugueses estão a passar incessantemente o discurso da senhora Trump, uma modelo eslovena (irónico) com idade para ser filha do lunático, que pouco mais fez que ler um plágio do discurso de Michelle Obama em 2008. Deve ser uma existência interessante, a de uma modelo emigrante casada com um fundamentalista anti-emigração, cuja existência não deverá ir muito além de centros comerciais, cocktails interessantíssimos e roupas chiques a valer, tudo isto na companhia dos amigos racistas e xenófobos do marido, entretidos a fazer piadas sobre muros e emigrantes corridos ao biqueiro. O botox até estala mas a malta agradece. Na ausência de um discurso sensato e mentalmente são, teremos sempre as curvas da única potencial próxima primeira-dama do centro do império para nos distrair. A seita do chá deve estar a adorar. Conservador mais conservador, não há!
Há emigrantes e emigrantes…
Estes louros ou louras, de olhos azuis, da pura raça ariana, agradam a essa figura que, por si só e pelo lugar a que lhe permitem concorrer, é definidora da mentalidade americana.
A televisão portuguesa tem que ter notícias para passar que estejam de acordo com a sua linha editorial. E na falta de mais um atentado ou de um discurso do presidente ou da oposição, opta por estes “posts”.
A oeste, nada de novo..
Deixem-me que lhes diga:
– Lá que a gaja parece ser boa de cama, lá isso parece…
Chama parvo ao Trampas!
Este discurso está muito bem imitado e a gravação está óptima com a sobreposição das vozes das duas damas !!!
Roubou-o à Michelle, ou à elite americana, que diz sempre o mesmo mas marimba-se para o que diz? É que essas frases já ouvi/li várias vezes de muita gente, mas continua a ser uma trampa.
Convém realçar (ou se calhar não convém…) que o discurso teve 15 minutos e após grande escrutínio dos meios de comunicação pró-democratas lá conseguiram encontrar 30 segundos similares a um discurso de Michelle, que, por acaso, até é cheio de banalidades e vulgaridades. O que é triste é que não se fala de outra coisa, até parece que não houve uma convenção republicana que, diz-se em nota de rodapé, acabou por correr bem para o candidato.
O que não deixa de ser irónico é o escárnio com que este artigo está escrito. A “modelo eslovena” que se casou com um “tipo com idade para ser seu pai”. As curvas que nos servem para distrair (machismo implícito). Num dia somos cidadãos do mundo, no outro não gostamos dessas tipas eslovenas e checas com ar de dança do varão. Num dia achamos que homens podem casar com homens, no outro achamos que o amor tem idades. Num dia somos pela igualdade de género, no outro achamos que loiraças pouco mais fazem do que beber uns cocktails e ter o cérebro a vegetar. Num dia achamos graça à mistura cultural, no outro achamos que um norte-americano casar com uma eslovena é do mais conservador que há. Deve ser difícil ser de esquerda e fazer todas estas equações.
Eu sei que não tenho a graça de um Ricardo Araújo Pereira ou de um Bruno Nogueira mas desde quando é que se tornou proibido fazer humor, ainda que de fraca qualidade?
P.S. Acredite ou não, se há país para além de Portugal onde tenho amigos é precisamente na Eslovénia. E o cliché da dança do varão que tentou associar ao meu post não podia estar mais longe da realidade.
Eu até achei o discurso muito bem elaborado. E não me enganei sobre a origem: foi escrito em conjunto pelo Professor Doutor Google, pelo Dr. Copy e pelo Mestre Paste! Uma equipa de sonho!