Avaliando pelo que mostram as capas dos jornais de hoje, o financiamento ontem conseguido por Portugal não teve juros negativos.
Se é um feito ou não, é outra conversa. O facto é que quando aconteceu pela primeira vez, com o governo da troika, foi um estrondoso acontecimento. E, então, ter sido um feito é, também, outra conversa, a mesma atrás referida.
Há duas ou três possibilidades para tão débil cobertura mediática. Ou os tipos da geringonça são uns nabos em termos de comunicação, ou a imprensa está sobre controlo da direita. Ou então passa-se um pouco de ambas as situações, que é o que me parece ser o caso.
Fantástico é observar as carpideiras da direita a assobiar para o lado. Revela que o entusiasmo e pessimismo que, selectivamente, delas se apodera não é mais do que tesão de mijo, pardon my French.
Não é nenhuma dessas hipóteses! A mais lógica (e já que falaste em tesão, ainda que de mijo!) é que a outra foi notícia com destaque porque foi a PRIMEIRA VEZ! É como perder a virgindade (ligação à tesão!), a 1ª merece até merece ser alvo de reportagem, as seguintes já ninguém liga!
Neste caso, ainda por cima em época migratória, ninguém quer saber de juros negativos.
Se essa lógica tivesse paralelo com a realidade, então não haveria notícias quando os empréstimos são feitos com juros superiores ao habitual.
Evidente que tem! Se estamos a falar de juros superiores ao habitual, tal significa que estamos a ser castigados e como tal tudo o que é castigo merece cobertura jornalística!
Chutou para canto.
Já agora, não alinho no discurso do Crime e Castigo.
Lá está! É por achares que é “discurso” que continuas a ficar admirado com as posições da “imprensa”!
E mais divertido ainda… Não alinhas com a realidade “Castigo” vs “Recompensa”!
Não, é mesmo crime, como em “vivemos acima das nossas possibilidades” e castigo, como em “temos que sair da zona de conforto”. Este discurso nojento pretende que foi o assalariado, que até foi para o desemprego, o causador da crise. São coisas minhas, mas não alinho nisto.
Só quem não quer ver (e há muitos ceguinhos…) é que não compreende que foi necessário a tropa sair com os tanques e chaimites para a rua, para se resolver o problema das colónias.
Vieram para a rua e em 1 ano e picos estava resolvido o problema que demorava anos e anos …
Agora.
Podem ladrar à vontade, já que a vossa azia dura há 42 anos e vai durar ainda mais…
Camarada. Portugal emitiu divida com juros negativos… mas so com short-term maturities. O que e’ que isto que dizer? Que os mercados acham muitissimo improvavel que Portugal (ie o ECB neste caso) nao pague estas bonds no curto prazo.
O entusiasmo e’ muito limitado, e isto tem razao de ser. Sabe qual e’? E’ que o financiamento a longo-prazo conta uma historia bastante diferente. As yields das obrigacoes a 10 anos ja subiram mais de 30% com A.Costa no Governo (desceram mais de 70% desde que P.Coelho tomou posse ate as eleicoes legislativas de 2015). E se reparar na trajectoria dessas mesmas yields em comparacao com as yields de Espanha (que nem Governo consegue formar ha nao sei quantos meses) desde as eleicoes de 4 de Outubro de 2015, talvez consiga perceber por que motivo e’ tao limitado o entusiasmo. Nos ja pagamos o dobro de Espanha para nos financiarmos a longo prazo. Na altura das eleicoes pagavamos o mesmo.
Mas dar-se ao trabalho de perceber esta historia talvez fosse na fosse mais, da sua parte, que “tesao de mijo”.
Cumprimentos
PS: perdoem-me a falta acentuacao, nao escrevo num teclado portugues.
Parece que em Março de 2015 a emissão também foi a curto prazo e isso não impediu que se lançassem foguetes.
http://economico.sapo.pt/noticias/ja-ha-divida-portuguesa-com-juros-negativos-e-isso-e-bom_213236.html
E consta que até houve fogo de artifício, comparando alhos e bugalhos.
http://observador.pt/2015/04/09/portugal-com-juros-negativos-na-divida-a-2-anos/
Passada a pujança do título, lá para o meio da peça chega o “mas”.
“Trata-se de títulos que estão a ser negociados entre os investidores, e não emissões reais pelo Estado português.”
Sobre o entusiasmo, devia saber que não existiram nem existem razões que o justifique. O viagra chama-se BCE, antes e agora.
Apesar de curto o prazo, nao deixa de ser 4 vezes superior (2 anos VS 6 meses). E apesar de tudo, tratam-se de situacoes completamente diferentes: a de um pais que, depois de anos sem ir aos mercados, consegue financiar-se com juros muitissimo baixos (nas noticias que citou, verdade seja dita, tratava-se dos mercados secundarios e nao do pais directamente) VS a de um pais que ja se financia nos mercados ha algum tempo, e numa altura em que todos os paises da Europa (ou quase) se financiam com juros muitissimo baixos/negativos. Mas enfim, se acha que os jornais deviam ter dado outro eco a esta ultima emissao, muito bem – sinceramente nao tenho qualquer opiniao em relacao a isso e acho que isso importa pouco ou quase nada. O que me importa a mim e’ que, de facto, pagamos o dobro para nos financiarmos a longo prazo do que paga a Espanha que nem Governo formado tem. E ha um ano atras pagavamos sensivelmente o mesmo. Podemos pensar que o importante e’ o que o Observador publica ou deixa de publicar… para mim isto e’ mais importante, por exemplo (o trend e’ inegavel):
https://sdw.ecb.europa.eu/quickview.do;jsessionid=6A3822AAEA6B5144A5AA97140D11CF43?SERIES_KEY=290.CISS.M.PT.Z0Z.4F.EC.SOV_CI.IDX
“Apesar de curto o prazo, nao deixa de ser 4 vezes superior (2 anos VS 6 meses)”
É que as situações são mesmo diferentes, tal como refere “nas noticias que citou, verdade seja dita, tratava-se dos mercados secundarios e nao do pais directamente”.
Anyway, talvez tenha achado que estou a pretender dar defender o presente governo. Não é o caso. O meu argumento é sobre a valorização/desvalorização selectiva que é feita das notícas por parte dos media. Poderá dizer que “ah e tal, agora estamos pior e mais não sei o quê”, mas as análises não são lineares, nem práticas numa caixa de comentários. Se antes e agora correu/corre bem ou mal, é o assunto para as outras que referi. E essas conversas são longas. Por exemplo, quando Schäuble deixa cair, sem querer, claro, que Portugal vai ter um novo resgate, isso são ou não condições objectivas para alterar os juros? E quando o anterior governo sucessivamente falhou as metas propostas, mas tendo elogios desse mesmo Schäuble, foi ou não uma acção que melhorou os juros?
Exemplos dessa selectividade:
“Ambos (Portugal e a Irlanda) puseram em prática grandes esforços, estão a cumprir o que é pedido pelos programas de ajuda e estão no bom caminho.”
Wolfgang Schauble, 18 de Abril de 2013
“Quando na Alemanha abordamos as políticas de combate à chamada crise europeia falamos sempre da história de sucesso de Portugal. Estamos muito confiantes e não há nenhum problema.”
Wolfgang Schauble, 22 de Maio de 2013
“Portugal está no bom caminho.”
Wolfgang Schauble, 22 de novembro de 2013
“Os países-membros que têm mais sucesso são os que enfrentaram programas de assistência, porque cumpriram a sua missão.”
Wolfgang Schauble, 25 de Janeiro de 2014
http://derterrorist.blogs.sapo.pt/bombardeamento-preventivo-3326023
Concordo em relacao a Schauble. Completamente desapropriado e irresponsavel (e muito provavelmente propositado) o comentario sobre o hipotetico novo resgate. E sim, tem impacto directo na percepcao dos mercados em relacao a’ divida de Portugal – e, logo, nos nossos juros. O pior e’ que temo que ele tenha razao.
Cumprimentos
A notícia foi , mais, esta http://economico.sapo.pt/noticias/divida-publica-aumenta-para-238-mil-milhoes-em-maio_255114.html ou esta http://economico.sapo.pt/noticias/juros-da-divida-de-portugal-a-subir-a-2-5-e-10-anos_255058.html, mais aquele gajo que se chama qualquer coisa Coelho que não se cala e mais a outra que tem Cristas , não há pachorra!
A direita sabe perfeitamente que nunca vai conseguir competir em pé de igualdade com a esquerda. Uma direita que protege os 1% com o sangue e suor dos 99%? Nem com 80% de abstenção esses parvos conseguiam um deputado que fosse. Então resta-lhes apenas estes truques mesquinhos e desonestos. O controlo dos media é dos truques mais velhos do mundo. Não há um único ditador que não o use, Infelizmente a esquerda não o pode usar sob pena de comprometer a própria filosofia. É como o bom aluno que fica sempre atrás do mongo da turma porque este não hesita em cabular. Veja-se o que se passa no UK com os ataques mediáticos constantes ao Jeremy Corbyn. Depois de anos e anos entre governos de direita moderada e direita menos moderada, era de esperar outra coisa? Porque é que Portugal havia de ser diferente? Enquanto os jornais e estações de televisão forem detidos por grandes conglomerados financeiros, por de trás desses está sempre alguém estupidamente rico. No UKtemos o Rupert Murdoch, por cá temos o Balsemão.Adivinhem para que lado pende essa gente
UM comentário digno honesto e patriótico. Perceberam pessoal da caranguejola..
Ou há aí propagandistas a mais ou eu ando a ler os jornais errados. Nunca um aldrabão teve uma imprensa tão meiga como a do nº dois do socrates e as noticias até de organismos nacionais ou internacionaii de seridade indesmentível, avisando que vamos por maus caminhos e alertando para as más consequencias (arrepia sentir como a mesma situação se passou com o seu chefe o socrates antes de 2011), e pelo menos os tudologos que eu leio (tirando o Observador) dizem nim , no se passa nada. Onde estarão a tal imprensa criminosa ? claro que dentro de meses vamos tirrar a prova dos voves, pena que tarde demais e os tais propagandistas eclipsam-se como se viu no passado.