Postcards from Canada #1

A room with a view on the 11th floor, in downtown Toronto

Cheguei ao Canadá há cerca de 3 horas e ainda vi pouco ou nada e fotografei menos ainda. Estou a pé há 18 horas, viajei não sei quantas mais, fumei poucos cigarros, perdi 5 horas a caminho, conheci uma açoreana – agora cidadã do Canadá – que me ajudou muito a passar o longo voo até aqui e a esquecer a nicotina, entre frases semeadas de inglês e pastilhas elásticas de morango… e a quem não perguntei sequer o nome (nem ela a mim, diga-se).

Cheguei eu e chegou mala, gigante e pesada. Na alfândega só me perguntaram o que vinha fazer ao Canadá, ‘I am here to attend the World Congress of Rural Sociology’, respondi, transpirada e cansadíssima. A verdade é que não me perguntaram mais nada, deram-me um carimbo e nem quiseram saber dos 260 cigarros com que viajei. Fiquei desapontada. Esperava um interrogatório à antiga e dedos acusadores, mas nada. Devo ter cara de anjinho. Aguardo com impaciência o momento de cruzar a fronteira para os Estados Unidos e de me fazerem 450 000 perguntas. Por essa altura a quantidade de cigarros também já deve ter diminuido. De qualquer maneira vou ter de os racionar se não quero gastar os meus parcos recursos num maço ou dois de tabaco.

Já me maravilhei diante dos arranha-céus de Toronto e da Union Station. Paguei tanto por uma água como por uma viagem de táxi (ainda que curta). Tenho sono. Tenho falta de nicotina. E a mala não se desfaz sozinha. Afinal, apesar de ter andado 5 horas para trás, a verdade é que elas não se perderam de mim. Vou desfazer a mala, fumar um cigarro, tomar banho e dormir. Amanhã há mais se me levantar da cama, coisa que desconfio que farei, claro. Era preciso ser parva para fazer esta viagem e não aproveitar um dos dias livres aqui, antes das férias. O congresso só começa dia 10.

Aí são 3 e um minuto da manhã. Aqui são 22 e um minuto. Tenho um quarto no 11º andar, num hotel da baixa. Um quarto com uma vista espetacular, diga-se. Acho que para já, está tudo bem. Sim, acabo de afastar o cortinado da janela grande do quarto e a vista é sumptuosa. Sim, está tudo bem de certeza.

Comments

  1. Bem vinda à minha Província e País natal, penso que o Canada é simpático e educado para com os visitantes estrangeiros e espero que goste.
    Na fronteira costumam preocupar-se mais com a hipótese de trazer plantas ou animais que possam ser portadores de doenças e pragas ao Canada, quando atravesso a fronteira para sul costumo de facto enfrentar um inquérito muito mais apertado (por vezes pouco simpático) que na maioria das fronteiras que já passei, mesmo utilizando passaporte Canadiano e saberem que tenho emprego fixo num Governo de um Estado aliado.

    • Obrigada! de facto assim é… o povo do canadá parece-me mesmo muito simpático e afável. Estou a gostar, sim. A ver o que me acontece quando viajar para os Estados Unidos 🙂

  2. bem vinda à civilização e á parte do mundo onde as regras foram feitas para cumprir – e sim…aproveite e goze bem que Canadá e EE UU são de facto a civilização

    • Obrigada pelas boas vindas. Até agora não tenho razão de queixa… mas não sei se os EUA e o Canadá são exclusivos disso da ‘civilização’, acho que não 🙂

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