Joseph Stiglitz sobre Portugal e o euro

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Em entrevista à Antena 1, o economista norte-americano Joseph Stiglitz explicou ao jornalista da Antena 1, Frederico Pinheiro, que não existem condições políticas na Europa para se fazerem as reformas necessárias. Stiglitz refere que é melhor para Portugal sair do euro. [Antena 1]

  • As fragilidades do euro e os problemas por ele criados.
  • A ausência de vontade política para se adoptarem soluções.
  • Os preconceitos alemães e os diagnósticos errados.
  • As consequências da austeridade.
  • A saída do euro como mal menor e a reestruturação da dívida
  • As agências de rating e as ajudas à banca.

Segue-se uma transcrição livre de partes da entrevista.

O euro foi criado de início com problemas. A estrutura do euro é o problema. Por exemplo uma das regras básicas é que os países não podem ter défice superiores a três por cento do PIB. Por vezes nas recessões económicas é preciso estimular a economia e isso pode levar a défices superiores a três por cento do PIB. Para o euro funcionar teríamos que romper essas regras básicas, mudá-las.

Com o euro eliminaram-se dois dos mais importantes mecanismos de ajustamento: taxa de juro e de câmbio. Não os compensaram com nada. Fizeram ainda pior, pois confiaram na política orçamental, limitada, e disseram que o BCE teria que se focar na inflação e não no emprego e no crescimento económico.

As Europa está a correr demasiados riscos, a saltar de crise em crise, à beira do precipício.

O BCE não será capaz de resolver os problemas sozinho. Funciona melhor quando há excesso de procura, mas não num contexto de falta de procura.

As reformas para fazerem o euro funcionar não são grandes, do ponto de vista económico. Podem ser facilmente implementadas, mas não existe vontade política. O euro foi um projecto político, mas a vontade política para criar as instituições políticas para fazer o euro funcionar não existiu.

Acho que a Europa, como um todo, devia começar a pensar num divórcio euro-amigável com alguns países. Pensarem em formas como lidar com a saída. Não será um processo isento de dificuldades, mas o actual sistema é muito prejudicial. Portugal sabe disso. Foi uma década perdida e, no caso da Grécia, foram, pelo menos, perdidos 25 anos. Os custos foram enormes. Emigração. Tenho amigos em Portugal que emigraram. Pais que não vêem os filhos. São infelizes. O mal que isto faz às famílias e à economia. É o futuro de Portugal que está em risco. As escolhas não são agradáveis, mas se reconhecermos o custo de continuarmos neste pântano, o risco de Portugal sair do euro poderá ser mais baixo do que ficar.

Acho que é cada vez claro que ficar é mais custoso do que sair. A ideia de ficar tem sido defendida com base na esperança de que haverá uma posição suave por parte na Alemanha, que as políticas de austeridade prescritas pelos alemães vão funcionar. Apesar da teoria económica, e mesmo o FMI, mostrem claramente que a austeridade nunca irá funcionar. O que acontece é o oposto do que os visionários criadores do euro esperaram. Esperaram que o euro levaria à prosperidade, logo à solidariedade política. Mas o que está realmente a acontecer é que o euro levou à estagnação, a uma falta de solidariedade e a descriminações.

Nunca vi  o tipo de divisão que vemos hoje. A caricatura é que os europeus do sul são preguiçosos, mesmo que vá contra os factos. A OCDE mostra claramente que os gregos trabalham mais horas do que os alemães. Mas a Alemanha recusa-se a reconhecer isso e continua a acreditar que o principal problema foi o descontrolo orçamental, quando a Espanha e a Irlanda tiveram excedentes orçamentais antes da crise. Não podem acusá-los de descontrolo orçamental como causa dos problemas. Como continuam a falhar no diagnóstico, continuam a falhar na prescrição.

Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha e Itália não teriam evitado a crise se tivessem os défices equilibrados. O euro foi criado num tempo em que uma ideologia económica era predominante, que agora sabemos que está errada e que muitos já sabíamos antes estar errada. Uma ideologia segundo a qual se o governos fizessem as coisas bem – mantendo o défice baixo e a inflação baixa, o sector privado trataria do resto e haveria estabilidade económica, crescimento económico e eficiência económica.

Se o euro tivesse começado sete anos mais tarde, depois da crise asiática, veriam que esses países tinham orçamentos excedentários e baixa inflação. Não tinham problema do lado público. Foi uma falha completa do sector privado. Se o euro tivesse sido criado após a crise de 2008 veríamos agora que os mercados privados não são eficientes nem estáveis. O que precisamos é de estrita e forte regulação por parte dos governos.

Até o FMI, que foi o bastião da austeridade, reconhece que esta leva à contracção. O FMI recomenda fortemente políticas de crescimento, em vez de austeridade. Por isso, a Alemanha é praticamente única no mundo inteiro. E apesar disso, pelo papel determinante que tem no euro, impõe as políticas que estão a falhar. Portugal estão com problemas porque fizeram o que lhes disseram para fazer.

O dano que está a ser feito a estes países enquanto o capital sai e fragiliza o sistema financeiro e leva os pequenos negócios à falência não será desfeito rapidamente. Não se desbancarrotam empresas depois destas ficarem na bancarrota.

Portugal e os outros países em crise têm que dizer à europeia que como está não dá. Não podemos continuar a sofre com um conjunto de políticas que não funcionam. Tem que ficar claro que ou a Europa faz as reformas, ou um haverá uma dinâmica crítica num país, ou em vários em conjunto, de separação. Esse processo criará, por si, um custo elevado para a Alemanha. Estas reformas é do interesse dos alemães. Os benefícios da Alemanha têm sido, em parte, a custo dos países do sul europeu.

Por causa das políticas da troika, a dívida da Grécia piorou e, agora, está perto dos 200% do PIB.

Se se mantiverem estas políticas, a reestruturação da dívida é inevitável. O FMI disse claramente que a dívida grega tinha que ser reestruturada, mas os alemães não aceitaram. O resultado é que a Grécia não será capaz de pagar a dívida.

Saindo do euro, podem, como parte do processo, reestruturar a dívida  e ficam livres dos condicionamentos que os impedem de crescer. É uma transição dura. Mas depois a economia terá condições para crescer. O problema é que para países como a Grécia e Portugal, as restrições criam restrições sem fim. O último programa adoptado na Grécia, em 2015, era suposto ser a cura para os problemas gregos, mas o PIB continuou a cair porque a austeridade continuou a ser aplicada.

A influência das agências de rating reflecte as profundas ineficiências dos mercados financeiros e as suas irracionalidades. Lembremo-nos que estas deram a nota máxima aos produtos que levaram ao colapso do sistema financeiro norte-americano. Estiveram envolvidas em fraudes. Porque devemos prestar atenção a estas agências com um histórico tão pobre e com uma honestidade tão questionável é um mistério para mim. O facto de os mercados financeiros ainda lhes prestarem atenção diz mais sobre eles mesmos do que qualquer outra coisa.

O melhor a fazer a médio prazo para ajudar a banca é meter a economia a crescer. Quando temos economias em recessão, os bancos não ficarão bem porque as pessoas não conseguirão pagar as dívidas. A actual estratégia de consolidação da banca vai levar a um sector menos competitivo e menos dinâmico, com taxas de juro mais altas. Será um sistema menos capaz de responder às necessidades da sociedade. Acho essa estratégia muito questionável.

Comments

  1. Nightwish says:

    “após um elevado aumento do rácio da dívida, os impostos devem ser aumentados apenas na medida necessária para estabilizar a dívida. Aumentar a carga fiscal mais do que o necessário, apenas para reduzir a dívida, não seria eficiente porque a carga fiscal excessiva cresce mais do que proporcionalmente em relação à taxa do imposto”

    – Um perigoso comunista

  2. anónimo says:

    Já o Álvaro Cunhal apontava os erros, as falácias, as omissões, e os riscos, da construção e integração na União Europeia e monetária, tal como estava a ser feito.
    Foi calado pelo regime e caluniado na praça publica.
    Quem tinha o tempo de antena e foi apresentado como génio, foi a parelha Soares e Cavaco, e depois a parelha do “porreiro pá”, Sócrates e Durão.
    Duas parelhas de bestas que nos arrastaram para este buraco, e que foram devidamente recompensados pelo regime de gatunos que se instalou em Portugal, na Europa e no Mundo.
    O tempo mostrou quem tinha toda a razão.
    Mas ninguém deu o Prémio Nobel ao Cunhal.

    • JgMenos says:

      O Cunhal foi um sábio soviético.
      O seu pensamento tem a mesma validade do sovietismo, . é história,

      • Rui Silva says:

        Realmente o que os está a fazer falta é o grande pensamento económico do Cunhal !
        Realmente …

        Rui SIlva

  3. JgMenos says:

    Uma receita, duas soluções.
    Alguém acredita que o homem está a projectar uma geringonça a gerir uma saída do euro?
    O que ele projecta são políticas que sustentem um sistema capitalista sem nuances geringonçosas.

  4. Anónimo says:

    Noam Chomsky
    Quem manda no mundo?

    • Rui Silva says:

      Fico sempre surpreendido quando ainda encontro alguém que dá algum credito a este individuo apoiante de ditadores e dizendo que é pela liberdade de expressão.
      Vejam o que o individuo fez a Daniel L. Everett no Brasil, só para terem uma pequena amostra do espírito democrático e científico destas “Divindades”.

      Rui SIlva

    • Afonso Valverde says:

      Estou a ler Noam Chomsky. Fresquinho entre nós…
      Declaração de interesses politicos: Não sou comunista, mas tenho votado no Partido Comunista. Razão principal: Têm dado créditos à coerência, são (estranhamente sós) nacionalistas (apesar de ideológicamente seerem interacionalistas) porque põem à vista as contradições da EU e do Euro.

      Estou de acordo com o tema do postal de que devemos pensar em sair do euro, ou seja, fazer um plano de saída e submetê-lo a referendo, ou talvez não porque para entrar não se referendou.
      Sair do euro não é só uma questão ideológica é uma questão de sobrevivÊncia e de soberania nacional.
      Partilhar soberania não é capitular à nomenclatura de bruxelas e ao poder do BCE que apesar de tudo ainda lá tem um italiano prudente.
      O PCP tem raazão em querer estruturar uma saído do euro para acautelar o mais possivel a economia ao serviço da vida das pessoas e não o contrário como está sendo feito agora e usando um mecanismo de exploração (euro).

      • Rui Silva says:

        Por isso é que fora do euro (moeda) falimos duas vezes em 10 anos !!!
        Faz mesmo sentido o seu argumento.
        A soberania não tem a ver com a moeda. Portugal já foi pais com várias moedas em circulação em simultâneo. Há países que não tem moeda própria. A Holanda é menos soberana por não usar o florin ?
        A Inglaterra saiu por falta de soberania e não estava no euro.
        Eu concordaria com a saída da EU caso o euro se mantive-se como moeda. Só assim poderíamos ter algum controlo sobre os políticos.

        • Rui Silva says:

          PS: reparei no seu “fresquinho entre nós”.
          Só se for para si, eu já à muito conheço a essa “peça”.

          Rui SIlva

  5. Rui Silva says:

    Este Stiglitz é um cá um prato !
    Este tipo de mentalidade já ruiu há 27 anos.
    Este é o economista/activista que defende … wait for it …. a nacionalização da banca americana!
    Gostava de saber hoje a posição do individuo sobre a Venezuela, que segundo os seus parâmetros fez tudo bem: regulou ao mais ínfimo pormenor toda a economia (nacionalizando-a) desde: distribuição alimentar, relação laboral, imprensa transportes , enfim tudo. Tem em seu poder essa “ferramenta fantástica ” na mão dos socialistas que é a MOEDA PRÓPRIA, e os resultados estão à vista.
    Ainda me lembro da sua visita á Venezuela em 2007, altura em que se deslocou ao País para apadrinhar a aplicação das suas teorias:

    “Venezuela’s economic growth has been very impressive in the last few years,” Stiglitz said during his speech at a forum on Strategies for Emerging Markets sponsored by the Bank of Venezuela.

    Enfim o homem só pode ter razão, então não é “Prémio Nobel”…

    Rui SIlva

    • Anónimo says:

      O Rui Silva é um génio.
      Devia receber o prémio Nobel.

      • Rui Silva says:

        O Prof. Stiglitz foi agraciado com o Nobel da Economia pelos seus estudos dos mercados com assimetria de informação, não foi por estes disparates e posições que tem dito/tomado ultimamente.
        Parece-me que você é daqueles que acha que para criticar um “Vaca Sagrada” temos que ter assim uma especie de Pedigree intelectual ?
        Mas se for quantos “Premios Nobeles ” quer que lhe cite que sorriem destes tiques “socio-comunistas” do Stiglitz.

        Rui SIlva

        • noone says:

          Já agora, se não fosse muito trabalho…

          • Pois, já agora… 🙂

          • Rui Silva says:

            Por acaso dá trabalho e consome tempo que não tenho, vocês podiam googlar e logo ficavam a saber. Mas, e assim de repente e de memoria aí vão alguns:
            Friedrich Hayek,Milton Friedman, Ludwig von Mises, Mario Vargas Llosa, Robert E. Lucas, Henry Kissinger,
            E já agora, uma vez que não os conheciam, aceitem a minha humilde recomendação e informem-se e leiam estes e outros , vão ver que valem a pena e verão que é muito melhor que formar opiniões que não sejam com as parvidades dos nossos políticos e “comentadeiros” de televisão.

            Rui Silva

    • Afonso Valverde says:

      Ó Rui, consegue explicar o que se passa na Venezuela?!
      Tenho de admitir que não sei porque razão um país se torna assim, naquilo…
      Não creio que as causas estejam todas dentro da Venezuela. Disse creio porque não conheço factos, mas devem existir.
      Não acredito que seja só responsabildade do Presidente Maduro.
      Sei, o preço do petróleo baixou. O exemplo de Angola coloca isso em evidência.
      Já agora! A Venezuela para além do petr´leo produz o quê e exporta o quê? Não sei. Turismo?
      Um país que não tem um reserva estratégica a nível alimentar e energética está sujeito aos desmando dos seus inimigos.
      Cortam a ração e o povo geme com o objectivo de mudar os políticos.
      Aqui esperava-se que o mesmoa contecesse com a geringonça, mas penso que têm tido habildade de fazer a negociação para não nos cortarem a “ração”. Não tenha dúvidas se o nosso governo não fosse od interesse dos credores tenha a certeza que eles iriam colocar-nos uns contra os outros para de forma indirecta receberm o que éd eles e mamteram a forma de governo que lhe dê garantias.
      Pensamos que mandamos?!
      Assim mandamos pouco…

      • Rui Silva says:

        Caro Afonso Valverde,

        Venho a acompanhar o que se passa na Venezuela já há bastante tempo(há mais de 15 anos) e percebo bem o que se passa. A Venezuela é só um dos países mais ricos da América do Sul.
        Mas não tão rico que sobreviva a uma administração tão má (Socialismo).
        E sim, sei quem são os culpados.
        Os culpados são os venezuelanos. Os venezuelanos estão a sofrer as consequências das suas livres escolhas.
        Mas este caso da Venezuela não irá ser diferente dos demais casos que tem vindo a suceder ao longo da História. E as explicações para a desgraça será invariavelmente pouco original.
        Claro que a culpa terá que ser atribuída aos “outros”, que não deixaram implantar o “verdadeiro socialismo”. Mas sabe , estão errados , isto é o verdadeiro socialismo, não existe outro.

        Olhe para os vizinhos tradicionalmente pobres que cujas pátrias não foram bafejadas pela mãe natureza, com as riquezas da Venezuela (Colúmbia, Chile p.e.) Quem diria há 50 anos que seriam países em que se iria viver melhor que na Venezuela. Os nossos emigrantes na Venezuela seriam os primeiros a não acreditarem…

        cumps

        Rui SIlva

        • Afonso Valverde says:

          Bem, Rui, diga-me, por favor,sabendo-se que a Venezuela foi bafejada pela Natureza e que tem petróleo:
          – Mas tem mais o quê?:
          – Produz o quê?
          – Vende a quem e o quê?.
          Aceito, segundo julgo compreender dos seus argumentos que a estrutura social e política não consegue um equilíbrio que seja capaz de dar ao povo uma boa qualidade de vida comparada com a dos vizinhos, menos bafejados pela Natureza.Mas isso é tudo para explicar o “desastre”?
          Não compreendo, e é mesmo assim, o que quer dizer com as palavras sobre Noam Chomsky: [já à muito conheço a essa “peça”]. Permita a correção “há” em vez de “à”.
          Do autor conheço-lhe os estudos. Da sua vida social o seu ativismo contra a guerra do Vietname e a sua luta contra formas descaradas de exploração de grupos sociais.

          • Rui Silva says:

            Caro Afonso, o que quero dizer em relação a Noam Chomsky:
            Para mim é mais um intelectual arrogante que foi defensor de ditaduras responsáveis por verdadeiros horrores e julga ter sempre razão e não admite que o contradigam. Veja por exemplo o que ele fez com Daniel Everett no Brasil, que é uma pequena amostra.

            cumps

            Rui Silva

    • Nightwish says:

      Pois, a América latina devia ser toda como a Colômbia e matar toda a gente que fala em direitos do trabalho para proteger multinacionais estrangeiras.
      Já viu quem disse a frase que citei acima?

      • Rui Silva says:

        O autor foi “Um perigoso comunista” ou alguém que de repente se viu a gerir “a massa falida” de uma empresa herdada.

        Mas a citação que apresenta é desprovida de qualquer sentido económico, enquanto o autor não definir o que é um elevado aumento do rácio da divida. É 1% , 2% , 5% 10 % , 200 %?
        E o autor consegue teorizar sobre o rácio da dívida abstraindo-se do stock da dívida ?
        Depois de saber esses “pequenos pormenores” , o que eu gostava que o autor esclarecesse, era qual é esse valor. Depois de saber qual é esse valor , gostava de saber qual o crescimento previsto nessa situação.

        Provavelmente o autor não sabe, como ninguém saberá. A economia é um ramo das Ciências Sociais, tem muito pouco de exactidão.

        A boa gestão deve sim, evitar que se chegue ao ponto de ruptura, para que seja possivel manter um nível de impostos o mais baixo possivel, para que o crescimento económico ( a única coisa que tira os pobres da pobreza) não seja prejudicado.

        Por isso Nightwish , o comentário que aqui colocou não acrescentou nada ao mundo, são apenas palavras seguidas uma ás outras. Digamos que não temos ponta por onde lhe pagar é autenticamente um comentário vazio. Falta-lhe contexto.

        Rui SIlva

        • Nightwish says:

          O contexto é a zona Euro. Que mais contexto quer?
          E que é que o nível de impostos baixo tem a ver com o crescimento económico? Ou o valor da dívida? Ou do défice? Coisa nenhuma sem contexto; já no da zona Euro é empobrecimento ad eternum graças à estagnação secular. O que era preciso era matar os sindicalistas, isso é que funciona bem na América Latina.

    • Este tipo de mentalidade que sublinha que o euro eliminou dois dos mais importantes mecanismos de ajustamento, a taxa de juro e de câmbio? E que não houve nem há vontade política para encontrar alternativas? E que todos, até o inenarrável Victor Gaspar, dizem que a austeridade não funciona? Realmente, completamente ultrapassada. Mas se o rigor orçamental é a nova silver bullet, só não percebo os problemas nas economias que tinham superavit.

  6. anónimo says:

    Ainda está por inventar o prémio Nobel para premiar a maldade e a estupidez.

  7. anónimo says:

    Um exército que mata os próprios recrutas, merecia prémio e condecoração pelo sr presidente da republica.
    Um exército, de um país que está em paz, que consome os parcos recursos nacionais, e que não ajuda a fazer a prevenção e o combate aos incêndios, mais um prémio para a parasitagem e o desgoverno da nação.

  8. Afonso Valverde says:

    Ó sr. anónimo,
    Tenha tino!
    Estamos em paz, está certo, mas é sempre pereclitante.
    Se estivermos em guerra ou precisarmos de verdadeiros militares o senhor aceita que eles não atuem porque está muito calor?!
    Lamento muito que tenha morrido um “comando” em formação para Sargento creio.
    Mas a vida miliatar tem riscos e sendo comando ainda mais.
    Sempre morreram militares em treino.
    Fui militar em tempo de “paz” e assisti ao vivo e a cores a camaradas meus ficarem com lesões para a vida devido a circunstâncias de exercício militar. Poderiam, um ou outro ter morrido se as circunstâncias fossem ainda mais graves.
    O militar é um cidadão sujeito a muitos riscos. Esses riscos são inerentes à sua condição.
    Há algums profissoes que têm também riscos profissionais e são remuneradas por isso ou têm algumas compensações.
    O risco é inerente à vida.
    O senhor e todos nós nascemos de um “comportamento de risco” dos nosso paisinhos em favor de algo mais além, o grupo a espécie.
    O amor apenas mitiga esse risco…
    Pense…

    • Anónimo says:

      Pensei, e continuo a pensar que, um soldado morrer por insolação, outro precisar de transplante do fígado, e outros irem parar ao hospital, por causa do calor excessivo, isso não é treino de soldado, isso é um assassinato, por incompetência de quem manda.
      Quem manda na tropa, não recebe ou não lê a informação e os avisos da Protecção Civil?
      Para aquelas condições climáticas, não há procedimentos adequados e obrigatórios, para proteger a saúde e a vida dos soldados?
      A condição e a resistência física dos recrutas não é avaliada com antecedência, para os graduados conhecerem os casos excepcionais, para não ultrapassarem o limite de cada um, e para preservarem a vida dos soldados?
      Um dos objectivos do treino, é aprender a gerir e a evitar os riscos; portanto o objectivo não é morrer; o objectivo é permanecer vivo e continuar a lutar.
      Se em paz, é normal os graduados da tropa condenarem os recrutas a uma morte gratuita e inútil, porque é um “risco profissional”, inerente à função, e normal; se em guerra as mortes também forem justificadas pelo “risco profissional”; então o inimigo vai agradecer porque são os próprios graduados nacionais que induzem o risco de vida e matam os nossos soldados.

  9. Afonso Valverde says:

    Quantos instruendos estavam no exercício? Morreu um. Lamentável e penoso. É sempre um Ser Humano que morre. Único irrepetível, Sim. Nem falo sequer na dor da família.
    Se controlarmos os riscos todos não há risco. Estufas perfeitas não existem.
    Sr., se não houvesse exercício não havia risco.
    Morte gratuita!? Que conceito é esse?
    É um risco haver mortes…Percebe?! Independentemente de todo o planeamento, compreende?
    Sei do que falo por teoria e por experiência. Fui militar, dos bons e dos “especiais”. Nos exercícios levamos as nossas capacidades sempre ao limite e algumas vezes para além das instruções recebidas. Percebe? Ninguém mandava exagerar mas o grupo decidia exagerar para fazermos tudo bem feito e sempre melhor, percebe?

  10. anónimo says:

    Penso que os exercícios militares se destinam a treinar os recrutas para as actividades e procedimentos militares, e a ensinar-lhes a não se deixarem matar.
    Penso que os exercícios não se destinam criar riscos de vida e a matar os recrutas.
    Penso que um soldado morto só serve para toda a gente “lamentar”, e para oferecer “solidariedade” à família.
    Penso que, seja na guerra ou seja no exercício militar, quem está a dirigir a coisa, tem que ter em conta as condições atmosféricas, e tem que ter em conta as particularidades dos recrutas, para não lhes exigir o que obviamente eles não podem suportar.
    Penso que, se o exército for para a guerra, sem conhecer as condições atmosféricas, e sem conhecer os soldados, a derrota é certa.

  11. fleitao says:

    Sempre foi ponto assente que a soberania dum país assenta nas suas fronteiras e na sua moeda. Portugal não tem as duas.
    Se for possível ter moeda própria, acho óptimo. O resto virá por acréscimo e Portugal nem tem de dar um passo – quem vai dar com tudo em pantanas são os que erguem muros. Para sossego dos que precisarem, afirmo que nunca fui comunista nem pretendo sê.lo.

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