O Embuste no Vale do Tua

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O destino do AMOR” é certamente um slogan que enche de orgulho José Cascarejo, ex-autarca de Alijó, cúmplice da pornográfica barragem do Tua e elevado, claro, à categoria de director da coisa. Aliás, é um slogan que enche de orgulho todos os autarcas do vale do Tua.

E ao prezado leitor do Aventar apresenta-se-lhe a questão: “como se promove um pretenso “parque natural regional” instituído depois de perpetrado o crime que inutiliza metade do vale do Tua? A resposta é fácil: criam-se frases fantásticas, polidas e reluzentes, a puxar à emoção do espaço aberto e livre. A natureza a pulsar quer oferecer-nos o que tem de melhor:

“É a natureza que grita!” (de facto, grita…)
“São os vales, as sombras das frondosas árvores” (serão os milhares de sobreiros e oliveiras cortados por causa da subida das águas?)
“São as águas cristalinas que refrescam o amor” (as águas eutrofizadas, é isso?)

E porque um parque natural, estimará o prezado leitor do Aventar, é algo visual (para lá de sonoro, olfactivo, táctil e emotivo?), qual a melhor imagem possível para promover o vale do Tua?
A resposta tipicamente cascarejana não podia ser outra: uma estrada de terra batida, remotamente africana ou na América selvagem e… um carro.
Um carro vermelho que é para ser ainda mais bonito.
Se o parolismo tinha limites, os mesmos acabam de ser ultrapassados por um carro vermelho.

Não seria de prever, prezado leitor do Aventar, que um parque natural se promovesse com imagens do mesmo parque natural?
Ou tem esta gente bem almoçada medo e pavor de mostrar que o “parque natural regional do vale do Tua” é o que sobra depois do conluio que tem levado a barragem do Tua avante?

E o que dizer do vídeo promocional que consegue a proeza de não ter uma única imagem natural do parque? Porque um vídeo promocional de um parque natural… em animação digital?
Tenham vergonha…

Comments

  1. Depois do que sabiamente Dario escreve, não há comentários a fazer. Está tudo dito! É a hipocrisia no seu mais puro estado, elevado à enésima potência. Um argumento da barragem (dos que a aceitaram a troco do que se vê) era o «potenciar do turismo» (?)…como se o magnífico vale e linha do Tua não fossem uma jóia que só precisava de ser (bem) preservada.
    Agora que a barragem não foi travada é que aparecem os «últimos passeios», o parque natural e o mais que virá.
    A população perdeu o comboio, leia-se a mobilidade, mas faz-se grande publicidade ao comboio turístico que (quiçá) andará pelo que resta da linha,
    Um crime que se vestiu de «opção política» para não ter paragem no tribunal.
    Um embuste,

  2. francisco rodrigues says:

    os políticos são a podridão deste país

  3. Simples: o vale do Tua, tal como o conhecíamos, deixou de existir, portanto agora é recriado como ficção. Para mim, até faz sentido meterem uma foto do Grand Canyon ou lá o que é.. Why not?!! “O destino do amor” parece um título pomposo de uma dessas produções pirosas fabricadas tipo enlatados na América. Não me surpreende também que a promo do parque natural não use imagens da sua própria paisagem (já que parte da beleza estará debaixo de água), e meta antes um video de animação…

Trackbacks

  1. […] ainda que referir a posterior “obscenidade” da criação do “Parque Natural do Vale do Tua”. Em Novembro de 2010, o IGESPAR recusou a classificação da Linha e Vale do Tua a […]

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