António Saraiva, o perturbador social

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Em Maio, perante o anúncio da CGTP, que se preparava para uma “semana de luta”, António Saraiva afirmou, aos microfones da TSF, que não era “pela conflitualidade, pela greve, pela perturbação social” que se resolviam os problemas dos trabalhadores. A resposta estava no diálogo. 

Mas algo mudou e, por estes dias, o mesmo António Saraiva, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, admitiu a possibilidade de uma manifestação de empresários caso o governo avance com o aumento do salário mínimo para 557€ e, simultaneamente, com as alterações à legislação laboral previstas. No espaço de cinco meses, o diálogo deixou de ser a resposta, dando lugar à “conflitualidade” e à “perturbação social”.

Vivemos tempos estranhos. Os humoristas não devem saber para onde se virar, com tantos camaradas a emergir do apocalipse geringonço.

Fotomontagem via Uma Página Numa Rede Social

Comments

  1. o camarada saraiva tem toda a razão. ontem li uma brilhante prosa que mostrava que facilmente um casal com rendimento global de 2000 euros chega com 500 mil euros em poupanças á reforma. no mínimo! portanto, com 557 mesmo assim deve sder fácil poupar uns 200 mil…

    • certos palermas, regra geral com carimbo das jotas no lombo, parecem viver dentro de uma bolha sem contacto com o mundo real. ou então aldrabam deliberadamente, o que, dado o carimbo, não admira.

  2. Konigvs says:

    E de repente lembrei-me do outro, que dizia que “não se podem incendiar as ruas”! Um dia destes temos manifestações de milhares de ricos às portas do parlamento, contra o aumento dos impostos… que nunca pagaram.

  3. Os salários mínimos em Portugal são demasiado baixos para a dignificação do trabalho. Portugal não conseguirá nunca ser um país mais justo sem que os salários sejam justos.

    Como mudar esta situação, principalmente com o atual clima financeiro tão mau para as PME e que são os que empregam mais trabalhadores do que as grandes corporações? Não parece que haja uma solução fácil.

    • Konigvs says:

      Nem sempre o clima está mau para aqueles que ganham milhões, e exploram o pobre coitado do trabalhador, muitas vezes especializado. E tanto exploram os merceeiros do Continente e Pingo doce (os mais ricos do país que pagam os impostos na Holanda) pagando salários de miséria, como exploram as pequenas empresas que ganham muito dinheiro e pagam misérias aos trabalhadores, porque querem ficar com os lucros todos para si.

      Se houvesse consciência social dos patrões, não era preciso um Estado ter inscrito na sua Lei o valor mínimo que se pode pagar pelo trabalho. Muitos países não têm salários mínimos, porque os empresários sentiriam vergonha de pagar 500€ mensais aos trabalhadores, mas em Portugal não houvesse a obrigação de pagar o mínimo que seja a alguém, bem que muitos ofereciam uma bucha de pão e uma malga de vinho.

      • Sou empregador. Nunca paguei salários mínimos aos meus trabalhadores, paguei sempre acima do permitido. Nunca consegui que a minha empresa crescesse para empregar mais trabalhadores. O eterno coitadinho de dono de PME!

        • joão lopes says:

          a solução esta mesmo muito difícil:promeiro porque as PME vão acabar por exemplo no ramo da alimentação,graças á mega corporação Monsanto/bayer.ou seja,o comunismo é um erro,porque o Estado não pode mandar em todos,mas agora vão ter a Monsanto/bayer a mandar em todos.

      • as suas ultimas palavras lembra-me um grande empresário, que se a memoria não me atraiçoa se chama Belmiro Chulo de Azevedo, que um dia disse que “o português sabe que é melhor trabalhar por pouco do que por nada”. E por pouco, pode entender-se a tal malga de vinho, a buchita de pão e a extraordinária boa vontade de ainda dar, extra, um naco de chouriço.

        • Konigvs says:

          O povo costuma dizer que que “quanto mais nos curvamos mais se nos vê o rego do cu”. E ainda por estes dias os meus pais comentavam comigo, a situação de uma professora, que até é dona ou da família que tem uma empresa de autocarros, e que, com a desculpa de ter sofrido cortes salariais, disse à empregada doméstica que também iria ter de lhe cortar o salário. Ora, por norma o que as pessoas fazem é, curvar-se e aceitar o que lhe dão. Mas esta senhora, disse-lhe “se me baixar o salário eu vou trabalhar para outro lado”. E pronto, a coitada da senhora professora de classe média-alta, lá teve que passar a viver acima das suas possibilidades pagando o que não podia à empregada doméstica. E é nestas situações que digo, e já tenho escrito muitas vezes também (até em situações de violência doméstica) muitas vezes o culpado das situações é a própria vítima. Veja-se a questão dos estágios profissionais? De quem é a culpa se não dos estagiários que aceitam que lhes roubem o pouco que recebem? Se nenhum aluno aceitasse tais condições, nenhum patrão ousaria pensar nessa gracinha.
          E ainda por estes dias, uma amiga, que está a fazer um curso profissional na capital da ourivesaria me dizia “aqui os patrões tratam os mestres artesãos (que precisam de anos e anos de experiência para criar as peças) como escravos, e pagam-lhes uma miséria e ficam com o dinheiro todo para eles. Em Lisboa ou Algarve ganham o dobro daqui.” E disse-me que então no estrangeiro é incomparável o que se ganha.
          E eu ainda me lembro muito bem de ouvir o meu avô, contar da fome que passava, nos tempos que andava a “servir” nas casa dos senhores que tinham quintas.. ainda me lembro muitos bem de ouvir as histórias dos “Lixas de Covelo”. Gente muito crente e que rezava o terço todas as noites, enquanto davam fome de criar bicho aos “escravos”.

  4. A proposta de Jerónimo de Souza nas pensões são as melhores devia ser 20 € por para pensões até 1000€ por mes e de 10€ de 1000€ até 2000€ p/m.para cima disso podem
    ficar na mesma,estes não sentem tanto a miséria que esta instalada neste país em relação a pensões…

  5. Rui Naldinho says:

    Esta gente não se enxerga. Primeiro foi a estratégia do medo. Se não ficássemos com os mesmos, vulgo PAF, se não seguíssemos o mesmo caminho, vulgo cortes salariais e destruição do estado social, viria de novo a Troika.
    Até parece que ela não anda por aí trimestralmente a passear. Alguma vez saiu de cá? Que me lembre nunca ! Andou foi debaixo do tapete como uma lagartixa, estilo Banif, CGD, BES, etc.
    Agora, desanimados pelo facto do Diabo não ter aparecido, querem fazer manifestaçoes ás reversões da Geringonça.
    Venham elas!
    Vamos ver se agora os telejornais dão números diferentes na participação dos manifestantes. Desta vez vai ser uma enchente.
    Já estou a imaginar o José Gomes Ferreira a dar a notícia na SIC

  6. Rui Naldinho says:

    Já estou a imaginar o José Gomes Ferreira a comentar no Telejornal da SIC, dando número exato de manifestantes.
    – Uma enchente! ( dirá ele)

  7. Nightwish says:

    Deviam fazer greve, o aumento de productividade era enorme.

  8. mario pinto says:

    Procurem saber o que este Senhor fazia na CT da Lisnave quando foi empregado dos Melos. A perturbação social à muito que lhe vai na alma, mas no sentido inverso………

  9. fleitao says:

    É espantoso que, em pleno século XXI e depois de todas as atribulações dos últimos 40 anos, a classe empresarial se faça representar por um homem tão antiquado e limitado. É este o rosto de progresso e modernidade que querem mostrar aos investidores com vista a possíveis parcerias? Não dá para acreditar em mentalidades tão retrógradas.

    • pois eu acho que ele tem mesmo cara de mamão e chorão. Portanto, adequa-se.

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