José Gomes Ferreira arrependeu-se

Rui Naldinho

Todos já sabemos que o subdiretor da SIC Noticias tem sido um verdadeiro “Spin doctor” dos partidos da oposição e das confederações patronais, no canal de televisão do grupo IMPRESA.

José Gomes Ferreira, Fevereiro de 2014

Assumisse ele essa sua condição, não vinha dai mal ao mundo, pois ninguém está inibido de simpatizar com partidos, sindicatos ou associações sócio profissionais e empresariais. O problema só surge quando alguém que se presume ser independente e equidistante numa entrevista ou num debate televisivo sobre determinados assuntos, transita de moderador para defensor de uma das partes.

Num artigo assinado por si, na página eletrónica da SIC Noticias, a 11 de outubro de 2016, José Gomes Ferreira, num dos raros momentos de lucidez de que há memória nos últimos tempos, tenta num esforço inglório afastar-se em vão das últimas polémicas que o tem atormentado, como uma espécie de lacaio da direita politica na comunicação social.

Começa por tecer rasgados elogios às medidas mais emblemáticas que o governo da Geringonça implementou no último ano, detalhando uma a uma, com exceção da sobretaxa sobre o património. Pudera, depois de tanta asneira que ele disse sobre esse assunto, assumir que errou seria desastroso para sua já pouca credibilidade. Mas do mal, o menos.
Como não há bela sem senão, o subdiretor da SIC Noticias dá no final do seu artigo uma nova guinada à direita, voltando ao seu registo habitual. E remata:

“Sempre achei que a política económica do actual governo começa a construir a casa pelo telhado”

“Os melhores amigos dos banqueiros que cavaram a nossa desgraça colectiva são os políticos de esquerda que só sabem governar com défices cobertos a crédito”.

Eu, pobre diabo, não tenho dúvidas que os banqueiros são os melhores amigos da esquerda. “Talvez por isso mesmo tenham contratado os serviços de Oliveira e Costa para o BPN, Dias Loureiro no BPN, Abdool Karim Vakil no BPN, Ângelo Correia na FOMENTINVEST, Fernando Nogueira no BCP, Paulo Teixeira Pinto no BCP, e alguns mais que não me ocorrem de momento. Tudo gente do PSD.
Como podemos constatar no final do seu artigo, o miserável discurso da direita politica está de volta na escrita de José Gomes Ferreira, num exercício de hipocrisia digno de um Donald Trump. Para ele, a culpa não morre solteira, mas é atribuída aos políticos de esquerda que não souberam ser bons polícias dos políticos corruptos da direita. A culpa não é do ladrão mas sim do polícia.

É pena que José Gomes Ferreira se tenha arrependido de falar da verdade, e prefira continuar a viver da manipulação e da mentira.

Ele lá saberá por quê?

Comments

  1. Total mentira vive este governo… o anterior… e o anterior e… o 25 de Abril até se fez por causa do dinheiro e tudo. Se se fala é porque se fala. A grande questão é que já não há dias como os do 25 porque as pessoas são cobardes e julgam que basta protestar na net… depois vem o lobo (Sócas) e comeu o chocolate. Povo português é assim… logo que caia na conta do banco a reforma é para a ganza… e PS pra
    frente q não gosto de banqueiros até á próxima desgraça déficite não é comigo bora lá.

    • Mete mais tabaco que isso passa…

    • José Peralta says:

      Mas, ó Rui Mesquita !

      E sobre o tema do post e as reptilíneas “opiniões” do j.g. ferreira, o que tem a dizer ?

      Será que ele quer mostrar agora a “grande flexibilidade” da sua coluna vertebral, quer mudar de “azimute” e servir novos senhores, porque “os outros” já não estão a dar ?

      É que, além de banalidades, futilidades, e trivialidades (“o lobo que comeu o chocolate” e também “comeu” a avózinha, o grande malandro…), você não diz peva…

  2. Nightwish says:

    “Os melhores amigos dos banqueiros que cavaram a nossa desgraça colectiva são os políticos de esquerda que só sabem governar com défices cobertos a crédito”

    Ao contrário dos de direita que só sabem governar com défices cobertos a crédito? JGF sabe bem que a economia não se mede em défices, e se não sabe devia estudar economia.

  3. jorge c says:

    Creio q está a baralhar as coisas… Os senhores PSDs q refere, não estão nesse filme na qualidade de políticos mas de banqueiros, fariseus e corruptos, como são todos. Logo o homem está certo no q diz.. Um banqueiro fariseu nunca tem ideologia. A sua ideologia é viver à custa do trabalho dos outros fomentando a desgraça alheia.

    • Rui Naldinho says:

      Pois, quando o banqueiro é do PSD, e rouba, já não é do PSD. Fica-se pelo farisaísmo.
      Oliveira e Costa até nem foi Secretário de Estado de Cavaco Silva? E ainda por cima dos assuntos fiscais!
      Dias Loureiro não foi ministro da administração interna?
      Fernando Nogueira candidato a primeiro ministro? Ainda que neste caso, não se possa falar propriamente de uma pessoa da estirpe dos outros dois.
      Paulo Teixeira Pinto. Em 1991 Cavaco Silva chama-o para o XII Governo Constitucional, como Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
      E nem sequer falei no Banco do PSD da Madeira?
      Tudo gente séria!

  4. antero seguro says:

    JGF, bem se esforça, dando uma no cravo outra na ferradura, tentando assim agradar aos seus mentores.

  5. braga city says:

    Não gosto deste comentador faccioso. Porém, não nos quedemos pelos Oliveiras e Costas ou Dias Loureiros. O PS também teve a sua escumalha, como v.g. um tal de Vara, ilustríssimo administrador da CGD. Em suma, tudo farinha do mesmo saco, ou seja, uma teia de interesses obscuros…

  6. António Melo says:

    Para caracterizar a personagem José Gomes Ferreira (infelizmente homónimo de um grande escritor e, esse sim um grande português) basta lembrarmos a infeliz entrevista que lhe foi “concedida” pelo calhordas de Massamá, in illo tempore: houve uma cena que deveria ficar nas antologias da sabujice mais reles : quando este parvajolas pediu desculpa ao calhordas por fazer perguntas de jornalistas. Era de rir à gargalhada, se não fosse tão triste ver as figuras que este e outros fazem, porfiando na desinformação e na transformação do espaço público português numa pocilga sem remissão.

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