Contrariamente àquilo que aconteceu durante a governação Passos/Portas, que falhou, sucessivamente, quase todas as metas a que se propôs, 2016 será, tudo parece indicar, o ano em que Portugal sairá do procedimento por défice excessivo, apesar da dívida pública que se mantém em níveis estratosféricos. Contudo, e sendo certo que o défice se situará abaixo dos 3% exigidos por Bruxelas, resta saber quão abaixo desse valor ficará.
É irónico que este feito, inalcançável há muitos anos, seja conseguido com a tal coligação “contranatura”, que junta o PS aos perigosíssimos partidos de esquerda, e que, a julgar pela propaganda dos profetas do apocalipse, já deveria ter sido desfeita. Quase tão irónico como assistir a sucessivas declarações de optimismo, que nos chegam de personalidades e instituições tão insuspeitas quanto Miguel Frasquilho, Carlos Moedas, Banco de Portugal ou Conselho de Finanças Públicas.
Ainda assim, a desinformação não dorme em serviço. Ontem foi a vez do Expresso, que em vez de revelar, de uma vez por todas, a famosa lista de jornalistas e políticos avençados pelo saco azul do GES, alegadamente relacionado com os Panama Papers, decidiu lançar um titulo pró barulho, onde se pode ler que o défice português é o terceiro maior da União Europeia, situando-se nos 4,4%. Traduzido em partilhas e cacofonia facebookiana, abordagens como esta servem apenas para lançar a confusão e a descrença nos números do défice, apesar de, para a pequena percentagem de internautas que efectivamente abre a notícia em questão, rapidamente se perceba que este valor diz respeito a 2015 e à governação da coligação PSD/CDS-PP.
Que estranha coincidência! Num momento em que Portugal poderá, finalmente, atingir um nível de défice abaixo dos 3%, o Expresso lança um título que parece apostado em contrariar a realidade. Não admira que tantos leitores se tenham imediatamente insurgido contra este truque. “Expresso da Manhã”, chamou-lhe um deles. Pois é, semeiam-se ventos, colhem-se alcunhas destas.
Nada como ler o Avante
Esse pelo menos diz ao que vem.
“Expresso da Manhã” ou “Expresso da Manha”, da manta rota ?