Quem quer tramar Tiago Brandão Rodrigues?

tbr

Ao mexer com os poderosos e multimilionários interesses do ensino privado, Tiago Brandão Rodrigues colocou a cabeça a prémio e, desde então, vem sendo alvo de uma verdadeira perseguição por parte da oposição, onde abundam beneficiários dos milhões que são anualmente transferidos para os colégios privados, e de parte da imprensa nacional, onde patrocinadores e alguns cronistas têm também estreitos laços com o sector, algo que ficou provado com alguns casos de manipulação da opinião pública, na qual Público, TSF e Visão participaram alegremente, isto apesar do caso mais grave, na minha opinião, ter sido aquele em que a RTP anunciou a dimensão de uma manifestação a favor das posições dos colégios privados, mesmo antes da mesma ter acontecido

Não admira, portanto, o cerco mediático que tem sido feito ao ministro da Educação. Depois de anos de cortes e desinvestimento, que contrastavam com as elevadas rendas de um sector privado pendurado no orçamento de Estado, um ministro disposto a enfrentar um lobby desta envergadura, ainda que a sua batalha tenha um grau de aceitação esmagador no seio da sociedade, terá que se haver com gente de poder e recursos de outro campeonato. O resumo da ofensiva, da autoria da página Os truques da imprensa portuguesa, é sintético, objectivo e revelador.

Uma a uma, as especulações, travestidas de jornalismo ou opinião isenta e rigorosa, foram caindo. Em Maio tivemos a história da bolsa de investigação fraudulenta, que apesar de exaustivamente explorada pelos observadores do costume, acabou por dar em absolutamente nada, excepto no que diz respeito aos danos causados na imagem do ministro, fruto da paranóia descontrolada e desinformada, que de forma calculada e estratégica inundou as redes sociais.

Por estes dias, tivemos novo episódio, com a manipulação de declarações do ex-secretário de Estado do Desporto e Juventude, que, segundo o Observador, teria afirmado que Tiago Brandão Rodrigues tinha conhecimento do caso das licenciaturas falsas do chefe de gabinete da secretaria de Estado, e que, alegadamente, teria sido esse um dos motivos por trás do pedido de demissão de João Wengorovius Meneses. Porém, em declarações à TSF, o ex-secretário de Estado afirmou que esta questão não foi decisiva para a sua saída e que não a comunicou formalmente ao ministro, acrescentando ainda que não sabia se o ministro tinha ou não conhecimento do embuste, algo que de resto foi reiterado pelo ministro. Porém, e apesar da montanha não ter parido sequer um rato, a desinformação voltou a invadir as redes sociais.

Ontem foi a vez do jornal I, que com uma manchete pouco dada ao rigor, volta à carga contra Brandão Rodrigues. Para além da insistência em comparar o valor orçamentado para 2017 com a execução orçamental de 2016, sem que saibamos, tal como aconteceu em 2016, se a execução orçamental do próximo ano terá um aumento de verbas face ao inicialmente previsto (em 2016 foram mais 350 milhões de euros), o I avança com uma nova comparação, que à primeira vista levanta algumas suspeitas: que a despesa pública para o sector da Educação foi maior em 2012 do que a que está prevista para 2017. Mas, estaremos a falar de realidades comparáveis? É que, em 2012, o ministério incluía Educação, Ciência e Ensino Superior, ao passo que, na actual legislatura, existem dois ministérios, um para a Educação e outro para a Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Tiago Brandão Rodrigues é um ministro cercado e, suspeito, terá já granjeado alguns ódios de estimação no seio do próprio PS. É bom não esquecer que o negócio dos colégios privados não é um exclusivo da direita. António Calvete, antigo deputado socialista, é um empresário muito influente e proprietário do grupo GPS, um dos mais poderosos no ramo do ensino privado. Se a isto juntarmos o facto de ter afrontado o duopólio dos manuais escolares, detidos pela Porto Editora e Grupo Leya, talvez consigamos perceber melhor o cerco que se aperta.

Foto@P3

Comments

  1. é tão giro ver a desculpa de teorias da conspiração quando os do nosso campo são atacados. Não tenho opinião nenhuma sobre este ministro e o que criticam nele, apenas acho piada: Os outros serem sempre maus sem benefício de dúvida e os do nosso campo estarem por norma a serem tramados.

    • moimême says:

      Não tem opinião porquê? O “cegaria” é acéfalo?
      Ou diz que não tem para parecer equidistante? Tretas!

    • João Camacho says:

      Então trate de arranjar uma opinião antes de opinar. Esse comentário é irrisório e não acrescenta nada.

      • Tal como este post, mas a tentativa de silenciar quem não está em total sintonia é muito forte em muitos dos que pensam ser donos da razão e julgam que os outros são sempre interesseiros ou instrumentos de conspiradores.

    • Antonio says:

      Es dos tais q so acertas calado.

    • Maria says:

      Eu para estar ao lado deste ministro basta-me não defender rendas a privados em desfavor de investimento público.

  2. Carlos Almeida says:

    Ha muita gente que são como muitos que dizem “Os políticos são todos iguais” Esquecem que nós sabemos que andaram a estes anos passados a apoiar as ratazanas e outros roedores do “Estado Laranja”

  3. Porque nisto de distorcer mais a verdade, se toimême ou outro qualquer, já nem quem foge mais à realidade, só sei que todos se desacreditam uns aos outros. Uma vergonha que não tira Portugal das suas dificuldades socioeconómicas nem da cauda do conhecimento dos seus estudantes que há várias décadas são a geração mais bem preparada de sempre… os frutos da contenda estão aí por este País fora e aqui nestas ilhas enquanto assistimos a derrocada e vemos outros povos a ultrapassarem os Portugueses.

  4. Maria Madalena Antunes Mata Cabrita says:

    Acho que ministro tem razão e deve continuar a atacar os interesses privados na educação, Os portugueses em geral irão lucrar muito com essa atitude do Ministro.Vamos em frente!!!

  5. Efeesse says:

    Baralhar para dar de novo é o usual…TBR é um estorvo para as parcerias público-privadas…

  6. M Pinheiro says:

    O poder económico, e os interesses dos grupos que querem sacar ao estado, quando alguém se atreve a tocar nos seus interesses, e de fugir. Apontam os seus canhões toca a disparar para abater o alvo. Alguns jornais conseguem ser piores que o CM e os comentadeiros das tvs tratam de alimentar o fogo.

    • Händel Oliveira says:

      Diz muito bem.
      Somos um país pobre e o que todos devíamos ser era uma espécie de vigilantes. Não podemos ter políticas dirigidas para outros interesses que não o dos cidadãos em geral. O vinha acontecendo na Educação, a exemplo do que também se passa na Saúde, era/é exactamente o contrário. Legislava-se por medida, para encher os bolsos de alguns empresários e os corruptos seus cúmplices.

  7. António Gomes says:

    A seita do PAF e dos grupos económicos dos colégios privados, apontam baterias a este ministro que ousou fazer frente aos vampiros da nossa economia.

  8. Uma autêntica pedrada no charco. Em nome dos interesses do ensino privado, é necessário e urgente derrubar TBR, o CDS atento e fiel aos seus interesses já o tentou até por video conferência.

  9. Nunca percebi esta história do ensino privado à custa de todos os cidadãos. Se é privado, pois os pais que escolhem tal opção que paguem a factura, Quando compro sapatos, por exemplo, não peço subsídios a ninguém para os pagar, e se não tiver dinheiro, pois então andarei descalço. Esta demagogia é algo parecido assim como uma máfia, que paguem todos aquilo que interessa a uma minoria. Já basta estarmos a pagar os desvios astronómicos que a corrupção originou neste país, e que ao que parece, nem responsáveis visíveis teve. Quem quer lagosta que a pague e já agora, o champanhe também…

  10. Anti-pafioso vidente says:

    É de lamentar como ainda há gente do povo trabalhador ,que ainda acredita na cambada de Pafiosos que vivem á conta dos dinheiros de todos os contribuintes .

  11. Ricardo Almeida says:

    É tão óbvio que até doí.
    Se ao menos tivéssemos uma situação comparável que coloca a direita no seu estado habitual de hipocrisia constante… Ahh, pois, lá vem o Relvas outra vez.
    Dois pesos, duas medidas. Pedir a demissão de um ministro porque um assessor de um assessor mentiu nas qualificações? Um sujeito que, com sorte, deve ter falado com o ministro duas vezes? Enquanto que à meros 4 anos atrás tivemos um ministro mergulhado em lama por um ano?
    São este tipo de atitudes que removem qualquer réstia de credibilidade à direita. Há muito que ultrapassamos o subjectivismo da diferença de ideologias.
    Quando Costa respondeu a Cristas com um belo “não sei que lhe responda”, mostrou bastante bem o nível de ignorância e idiotice que abunda daquele lado da bancada. Nem as crianças são tão incoerentes com as suas birras.
    Neste momento temos um executivo a tentar governar sobre os urros de uma manada de babuínos. E até os estou a elogiar com uma comparação a esse magnífico símio.

  12. Mário says:

    Querer misturar alhos com bugalhos é uma perfeita idiotice. O facto do Ministro ser o “herói” na cruzada contra o ensino privado, isso até foi fácil (vamos a ver se o Estado não terá de pagar bem caro tal heroísmo). A desonestidade, as pressões e os compadrios devem ser investigados. Direita ou esquerda não são imunes e, doa a quem doer, Tiago Brandão Rodrigues não o será… Afinal foi por sua insistência que o amigo foi chefiar o Gabinete do Secretário de Estado… Para um investigador reputado, alegar não saber as “licenciaturas” de quem lhe será próximo, parece-me bizarro para não chamar outras coisas.

  13. pimentel says:

    Quando o sectarismo turva os olhos e as mentes…. é um problema!…. Pergunto: porque é que as pessoas não olham para as pessoas, sem lentes coloridas? Tirem as lentes coloridas e coloquem lentes transparentes: o que é mau, é mau, quer seja na esquerda ou na direita!…. Volvidos que são, quase 50 anos sobre o 25 de Abril, continua-se com fundamentalismos!
    O Povo NÃO APRENDE NADA!….e assim nunca se vai a lado nenhum!

  14. Manuel Rocha says:

    Não há nada como andar no meio do “povão”, como dizem os brasileiros, para aferir da aceitação ou não das medidas dos governos. E o “povão”,sempre disse:
    Querem os meninos nos Colégios Privados, paguem, Com o meu IRS não.!
    É claro que os do aparelho partidário, presidentes de Junta “laranja” e outros que tais, esses fazem coro com os Jesuítas.
    Mas que são uma minoria, no meio das pessoas que votam no PSD e que sociologicamente são PSD. Pelo menos no Cavaquistão 1), onde vivo.
    1) Cavaquistão – Distrito de Viseu há 15 ou 20 anos

  15. metalurge says:

    Falam todos dos colégios privados e etc. Mas perguntem aos nossos ministros e deputados, enfim…aos nossos governantes ( até que não são poucos), especialmente os de esquerda, onde estão os seus filhos a estudar ????

    • Manuel Rocha says:

      Ate parece que há pessoas que parece que não percebem qual é o verdadeiro problema.
      Ninguém é contra os colégios privados como ninguém é contra os automóveis privados. Mas do mesmo modo que eu não espero que sejam os contribuintes do meu bairro a pagar a gasolina do meu carro, não posso esperar que sejam os contribuintes, que paguem os estudos do meus filhos num colégio privado. Numa coisa ou outra, quer quer ter privado tem que pagar o privado. A mim parece-me muito claro e que não deveria ser sequer tema de controvérsia.
      Mas no passado, os amigos dos donos dos colégios e já agora também dos donos das clínicas privadas, e que estiveram no governo durante 4 longos anos, foram muito amigos dessa gente.

Trackbacks

  1. […] redacções de assalto, não são propriamente novidades. Factos? Quem quer saber de factos? O que interessa mesmo são as realidades de ocasião que se constroem, ainda que na sua origem estej…. E não é que […]

  2. […] Surgiu uma interessante notícia no Público, sobre o estado da Educação em Portugal. Não, não é da autoria de Clara Viana. Deus a livre de tal heresia! Onde é que já se viu denunciar que dois terços das escolas que mais inflacionam as notas pertencem ao ensino privado, quando ensino privado representa apenas 17% do universo escolar nacional? E andamos nós a enfiar dezenas de milhões de euros nestas instituições, que lucram outros tantos milhões e ainda manipulam resultados. Não admira que te queiram fazer a folha, Tiago. […]

  3. […] “predisposição para o diálogo” por parte do ministério de Brandão Rodrigues (o alvo a abater). Claro que as duas maiores estruturas sindicais da Educação, FNE e Fenprof, dificilmente […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading