E o Sérgio Monteiro, pá?

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho (E), acompanhado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, durante a visita à Associação Empresarial do Baixo Ave na Trofa, 31 Janeiro 2015. ESTELA SILVA / LUSA

Os media, António Domingues e Sérgio Monteiro, por Daniel Oliveira

António Domingues foi nomeado para presidente da CGD por um novo governo para dirigir o maior banco português. Não há suspeitas de favorecimento político, tem uma longa experiência de gestão bancária e ninguém, dos que criticam o seu salário, põe em causa a sua competência técnica e profissional. Vai receber por funções muitíssimo claras 30 mil euros mensais. Sérgio Monteiro foi nomeado “vendedor” do Novo Banco por um governo demissionário de que era secretário de Estado e quase todos põem em causa as suas habilitações curriculares para a tarefa. Está a receber, para fazer ninguém sabe muito bem o quê, quase 30 mil euros mensais. Nos sites do “Público” e do “Diário de Notícias” as referências ao salário de António Domingues foram cinco vezes superiores às do salário de Sérgio Monteiro. Nos do “Expresso” e da TSF foram três vezes mais. No do “Correio da Manhã” seis. Não é possível fazer estas contas nos canais de televisão, mas arrisco uma proporção ainda mais favorável a Domingues. Criticar esta parcialidade não é assumir que a polémica é inadequada. O que se critica é a desproporção. Sobretudo quando o caso menos tratado é objetivamente mais difícil de justificar do que aquele que alimentou maior polémica mediática. Estas coisas não acontecem naturalmente. É a agenda política de quem marca a agenda mediática.

Foto: Estela Silva/Lusa@Esquerda.net

Comments

  1. Paulo Só says:

    O alvo não é o Domingues, e sim o Centeno. Se for preciso desmontar a CGD não terão dúvidas.

  2. Rui Naldinho says:

    Li o artigo no EXPRESSO diário de ontem à tarde, e aquilo que o Daniel Oliveira quer salientar no seu texto, é mais a forma despudorada como a comunicação social especializada trata os assuntos económicos em função do seu agendamento político partidário.
    Mas se dúvidas houvesse, este é um daqueles casos que serve bem de exemplo

    “Um estado totalitário verdadeiramente eficiente será aquele em que o todo podereso comité executivo dos chefes políticos e o seu exército de diretores terá o controlo de uma população de escravos que será inútil constranger, porque todos terão amor à servidão. Conseguir que eles a amem- tal será atribuída, nos estados totalitários de hoje, aos ministérios da propaganda, aos redatores chefes dos jornais e aos mestres-escolas”
    Aldous Huxley – admirável mundo novo

  3. anónimo says:

    Para o Sérgio Monteiro, trata-se de encobrir os crimes do BES e alienar o bem publico a pataco, para proveito e lucro da matilha. Portanto os media promovem-no.
    Para António Domingos, trata-se de gerir a CGD para proveito do país. Portanto os media atacam-no.

  4. Anti-pafioso says:

    ONDE PÀRA A JUSTIÇA?

Trackbacks

  1. […] de rendimentos é obsceno? É, sem dúvida. Falta saber, minto sabemos, porque é que, no entanto, os telhados de vidro de quem atira pedras estão intactos. O país ficou melhor? Não, mas o governo ficou pior. É este o fiel das lutas que a direita […]

  2. […] Jorge. O pessoal da telha envidraçada e a sua infinita cara-de-pau. Já quase ninguém se lembra dele. E sabes bem que passar despercebido é um talento valioso que poderá explicar em parte o […]

  3. […] estão nas tintas para salários acima das nossas possibilidades – veja-se, entre muitos outros, o caso de Sérgio Monteiro, o ex-secretário de Estado de Passos Coelho que o actual António José Seguro do PSD nomeou, com […]

  4. […] Como sei que a vossa indignação é honesta e genuína, e aqui alargo o convite a todos os paladinos anti-despesismo da nossa cândida direita, estejam eles no comentário político televisivo, nas colunas de opinião anti-esquerda, na blogosfera liberal/conservadora ou nos grupos de ódio laranja nas redes sociais, ficarei a aguardar, com expectativa, pelos vossos contributos indignados. E caso para dizer: e o Sérgio Monteiro, pá? […]

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