Matt LeBretton, responsável de relações públicas da empresa de calçado e vestuário desportivo New Balance, fez as seguintes declarações:
A administração Obama fez-nos ouvidos de mercador e, francamente, com o presidente eleito Trump sentimos que as coisas vão avançar na direção certa
E o boicote começou. Por todo o lado, clientes desiludidos estão a publicar e a partilhar vídeos em que sapatilhas da marca norte-americana são atiradas pela janela, colocadas no balde do lixo ou simplesmente queimadas. De ícone de moda, as sapatilhas da New Balance passaram a alvo a abater.
A democracia é tramada. Apesar da eleição de Donald Trump ser absolutamente legítima, muitos são aqueles que não se conformam e a prova disso são as várias manifestações que vão acontecendo, um pouco por todo o país, de Nova Iorque a LA. A situação é de tal forma grave que um manifestante foi abatido pela polícia, em Portland.
Bem, podia ser pior. Caso Hillary tivesse vencido e Trump cumprido a sua promessa de não aceitar os resultados, os fanáticos do barrete branco e os outros tolinhos que gostam de brincar aos G.I. Joe’s já teriam armado a bandalheira. Quanto às sapatilhas, fica sugestão: senhores americanos, cá em Portugal temos fartura de calçado da melhor qualidade para vender. Passem por cá!
A Globalização é aquilo que nós quisermos que ela seja. Como consumidores somos pessoas irracionais. Logo só nos podemos queixar de nós próprios.
O Ocidental é por norma muito hipócrita. Eu também confesso a minha dose.
Todos gostamos de comprar barato. De preferência com aquele chavão muito Ocidental: “boa relação preço qualidade”.
Isso significa quase sempre, um bom produto (marca) feito num país sem direitos sociais e económicos, com fiscalidade baixa, com desvalorizações permanentes da moeda, enfim, sem qualquer regulação.
Isto é assim há mais de duas décadas. Alguém já se questionou que a maioria dessas coisas nem sequer são cá produzidas? Não, que isso dá trabalho a pensar!
Só nos damos conta quando o ordenado fica estagnado anos a fio, quando a empresa reforma funcionários mas não contrata mais ninguém, quando vamos para o desemprego, quando os nossos filhos emigram à procura do primeiro emprego que aqui não conseguem obter. Aí lamentamo-nos. Aí injuriamos os políticos e o governo. Mas antes, nem sequer ponderamos boicotar esse produto por vir de um país com uma economia desregulada, que na prática nos estava a prejudicar.
Neste caso, o referido por artigo do João Mendes, eu acho muito bem que se faça esse boicote à escala mundial. Mas temo, como sempre, que o nosso querido hipócrita Ocidental vá rapidamente esquecer esse boicote, à primeira promoção da New Balance, com desconto de 30%.
Só temos aquilo que merecemos.
F*%&-se, um gajo ouve/lê com cada coisa;
“Bem, podia ser pior. Caso Hillary tivesse vencido e Trump cumprido a sua promessa de não aceitar os resultados”
O melhor é nós não o chatearmos senão…
“A democracia é tramada.”
É mesmo tramada, a democracia, como agora (?) descobriu o João Mendes. A gente pode protestar mesmo contra presidentes eleitos e pode até, se quiser, queimar as nossas sapatilhas e apelar a boicotes.
Aprendam como um responsável pelo RP de uma grande empresa pode prejudicar quem o emprega. That’s life. Agora culpem quem queima as sapatilhas, pela azelhice do RP…