O Diário do Professor Arnaldo – Professores que gostam pouco de trabalhar

– «Já viste? Na 4.ª Feira temos reunião! Fogo, é o meu dia livre, é injusto!»
Isto dizia hoje a novata na sala de professores. Anda há meia dúzia de dias na escola e já aprendeu o missal: é professora, tem de ter dia livre. Tal como as colegas decanas, que trabalham 14 horas por semana e chegam a 6.ª Feira exaustas. Ou melhor, 5.ª Feira, porque 6.ª Feira é dia livre.
Às vezes, sinto que estou num mundo à parte. Não sei se é por ter chegado tarde à profissão, depois de ter estudado à noite enquanto trabalhava como servente e como operário. Estou a centenas de quilómetros de casa, mas sinto-me grato por ser professor. Por ter um dia livre por semana (mesmo com reuniões de vez em quando), por ter mais 2 manhãs livres, por ter uma semana inteirinha de férias no Natal, mais uma na Páscoa, mais dois meses limpinhos no Verão.
Hoje estava a olhar para elas, essas tais que se queixam diariamente. Eram 5 moças. Às 16.35, deu o toque de entrada para a aula. Elas, na sala de professores, não se mexeram. Nem às 16.36. Nem às 16.37. Nem às 16.38. Às 16.43, uma delas olhou para o relógio da Sala de Professores. Eram 16.45 quando, de repente, todas se levantaram ao mesmo tempo, como se tivessem combinado, e foram dar aula.
Engraçado! No meio delas, estava a tal. Essa tal

Comments

  1. Vera says:

    Ai, Arnaldo, Arnaldo……..

  2. marau56 says:

    O professor Arnaldo é que é sábio e competente. Ele quer lá saber dos dias livres! Trabalhinho, muito trabalhinho….

  3. Ferpin says:

    O professor Arnaldo é parecido cm muitos portugueses que postam. Os outros são uma merda, ele é bestial.

    Por exemplo, na escola dele, quer as velhas que trabalham 14 horas ( já agora não era mau dizer qual é a escola, pois na minha todos os professores têm 26 horas presenciais na escola, e fica para casa a preparação de aulas, concepção de testes e sua correção, actualização, formação, etc), quer as moças novas que não querem fazer nada e vão dar às aulas depois do último toque, são más profissionais.

    Aposto que se uma delas escrever no aventar e for como o Arnaldo, dirá que ninguém quer fazer nada e que um tal de Arnaldo é dos piores que passa o tempo a passear centenas de quilómetros pelo país.

  4. Após 34 anos de docência (22 no quadro da escola actual), creio poder considerar-me um dos “colegas decanos” de que fala o Professor Arnaldo: faço todos os dias 40 quilómetros para ir trabalhar, não tenho dia livre (excepto o Sábado e o Domingo, que são absoluta e intransigentemente meus), o meu horário compõe-se de 18 horas lectivas + 7 presenciais (ocupadas em diversas tarefas) + 10 da componente não lectiva, raramente falto ao serviço e observo com rigor os toques de entrada (e de saída, já agora), chegando invariavelmente à sala muito antes dos meus alunos. Sim, de facto o Professor Arnaldo está “num mundo à parte” – visto a partir do meu singelo lugar do universo, talvez em Plutão.

  5. marlene says:

    Tem dois meses limpinhos de férias de verão?!; em que planeta fica essa escola? Quando comecei a ensinar com sorte conseguíamos 1 mês e meio e desde há cerca de 8/9 anos tem sido um rodopio de tarefas e actividades até ao final de Julho. Pelas escolas em que tenho andado, em mais do que um QZP, desde secundárias a primárias, ninguém levanta o traseiro ao toque da campainha, principalmente os colegas decanos. Pelo contrário, quem está pela primeira vez na escola e é mais recente na profissão, tende a ser mais célere a iniciar a caminhada para a aula… De qualquer modo, para deixar passar 10 minutos de atraso, deve ser uma escola mesmo especial. Por outro lado só quem é decano na profissão, e está instalado numa escola,pode gozar um dia livre. Quem muda de escola com frequência e lecciona várias disciplinas, aproveita o dia e as manhãs “livres” para preparar as aulas, ou seja, para trabalhar… Já agora, o que fazem os moços, que não constam desta análise?

  6. sandra says:

    Dias livres (e ainda por cima à 6ª feira!), 14 horas de trabalho semanal, atrasos de 10 minutos (quando chegarem à sala de aula devem ser pelo menos 15 minutos de atraso), uma semana de férias no Natal e outra na Páscoa e mais dois meses inteiros de férias no Verão… está aqui quase toda a mitologia que assombra a classe docente em Portugal (esses malandros que não gostam de trabalhar!).
    Só lhe faltou dizer que ganham muito acima do salário médio nacional e até mesmo que qualquer outro professor em qualquer parte do mundo. Tudo para concluir que os professores são uma classe profissional deplorável. Lixo com eles! Só se safa o Arnaldo. Ai “professor” Arnaldo… não nos faça de parvos. Não o conheço pessoalmente a si em concreto (felizmente) mas reconheci bem a sua estirpe. Não está sozinho há mais quem (e em todas as profissões) só procure o autoelogio amesquinhando os outros na sua dignidade e no seu trabalho.

  7. Nightwish says:

    Já o tempo que o Arnaldo passa na escola a navegar pelo aventar é mais melhor bem gasto.

  8. Rui Silva says:

    Caro Arnaldo Antunes,
    Parabéns pela lucidez. Veja o nº de carapuças enfiadas…
    Todos os professores da privada sabem do que é que está a falar, e evidentemente que existem na pública muitos bons e competentes professores como você, mas a tentação de muitos para a sornice é muita (como é o mais natural, diga-se de passagem), porque o sistema não está preparado para premiar os melhores, mas sim para nivelar por baixo, como os comentários que aqui estão o demonstram.

    cumps

    Rui Silva

    • ZE LOPES says:

      Um conselho: prefira os Oli. Ou os Roca, de tripla descarga.. São os melhores. Se não lhe resolverem o problema, é porque há excesso de produção. O melhor é tirar uns dias de repouso.

      trumps

  9. Storita Dos Dias sem componente letiva says:

    O Professor Arnaldo é o “Jovem Conservador da Direita” da Educação… Ainda não perceberam a provocação????
    Esperava melhor dos leitores do Aventar e mais inteligência dos Cumps….

    • ZE LOPES says:

      Inteligência dos “cumps”? Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Desde o último discurso do Passos que não me ria tanto. Você é mes@ cómic@.

      Já tinha desconfiado da coisa. Senão vejamos:

      1º- uma sala de professores com tanta gente? Onde?
      2º – 5 (cinco!) professoras “moças”, na mesma escola e na mesma sala, ao mesmo tempo? Onde, meu deus?
      3º – Dois meses “limpinhos” no verão? Onde? Onde?

      Ou é a Escola Básica do Céu, ou a Secundária do Éden (não confundir com Éder), ou então o Agrupamento de Escolas do Paraíso.

      E o Arnaldo ainda se queixa..:

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