A partir do momento em que um país se abre ao mundo, após quarenta e oito anos de clausura, é natural que a Educação beneficie, porque as ideias entram, o saber espalha-se, os livros circulam, as mentalidades mudam, enfim, tudo aquilo que a História da Educação em Portugal já sabe e mais saberá no futuro, esse sítio em que o passado fica mais distante e menos presente.
Ainda assim, os que se preocupam verdadeiramente com o assunto vivem insatisfeitos, especialmente quando se fica com a impressão de que o Ministério da Educação é uma instituição cujo principal objectivo é atrapalhar a vida das escolas, introduzindo alterações sobre alterações, sempre com a colaboração de departamentos universitários ou de cliques partidárias.
De qualquer modo, repita-se, as melhorias são evidentes e naturalmente demoradas, porque a Educação leva o seu tempo e porque há, como vimos, quem goste de a atrasar.
Como bom país provinciano, desorganizado e com baixa auto-estima, entramos em êxtase ou em depressão, sempre que sai um resultado de testes internacionais, independentemente da sua fiabilidade ou independentemente daquilo que verdadeiramente medem.
Recentemente, ultrapassámos a Finlândia em Matemática, no campeonato TIMSS 2015, e o júbilo tem sido grande. Como acontece nestas ocasiões, surgiram logo pais e mães dos resultados sob a forma de antigos e actuais ministros.
A falta de vergonha e, portanto, de honestidade leva a que muitas figurinhas menores se atrevam a reclamar louros individuais, quando, a haver mérito (e algum haverá), é preciso atribuí-lo a uma multidão que inclui alunos, encarregados de educação, professores e funcionários, cujo trabalho dá frutos que, no imediato, serão dificilmente mensuráveis, porque estamos a falar de uma actividade que se rege pelo tempo longo. Leia-se, a propósito, a opinião do Paulo Guinote e uma coisa que publiquei há alguns anos, a propósito de figurinhas menores.
A essas figurinhas menores, como é costume, juntam-se cronistas ignorantes que chegam a directores de jornais, imaginando que é possível escrever a História durante os acontecimentos e distribuindo notas acerca de matérias que não dominam: na realidade, entre outras coisas, Maria de Lurdes Rodrigues tem especiais responsabilidades no estado miserável em que se encontra a formação contínua e essas responsabilidades não serão apagadas pela criação do chamado Plano de Acção para a Matemática, um puro golpe de marketing. Glória a David Dinis!
Não sou professor.
Uma grande dúvida me assalta, educação e ensino são a mesma coisa ? Ou são coisas diferentes que se complementam?
Podemos ser bem educados sem aprender nada, e aprender muito e ser mal educados ?
O processo educativo e/ou de ensino é complexo.
As escolas fazem o seu trabalho, os resultados podem ser medidos pelas ações dos ensinados na sociedade em que se integram. O mundo real.
O mundo real Português é pouco recomendável, logo, ou somos mal educados ou mal ensinados, ou ambas.