Qual foi a parte que os anti-imperialistas de ocasião não perceberam?

putin

Por estes dias, fui alvo de uma série de acusações, todas elas horríveis e nenhuma delas acompanhada por uma justificação, havendo mesmo um leitor que me acusou de gostar de Passos Coelho, algo que, para quem me conhece ou lê o que escrevo, terá sido motivo de forte gargalhada. E tudo isto porquê? Porque ousei relacionar a escolha de Donald Trump para a diplomacia, do CEO da Exxon, Rex Tillerson, com uma tendência clara da nova administração norte-americana para fazer cedências a Moscovo.

Os críticos mais ferozes do imperialismo norte-americano não gostaram. Porque criticar o absolutismo do Tio Sam é sempre muito popular, mas, pelos vistos, apontar o dedo ao tirano Putin ainda leva aos arames alguns leitores mais à esquerda, eventualmente convencidos de que ainda ali mora algum tipo de socialismo, imune a reprimendas.

Da parte que me toca, estou-me nas tintas para insultos regurgitados por virgens ofendidas que tratam o que é igual de forma diferente. O regime russo não é melhor que o norte-americano, Putin não é melhor que Trump, os abusos imperialistas do Kremlin não são menos graves que aqueles que têm origem na Casa Branca e o capitalismo é quem mais ordena, em Wall Street como na Praça Vermelha.

Não admira, portanto, que Trump admire Putin, que já anda nisto há mais tempo que ele e que sabe, como poucos, como conservar o poder e manter um gigantesco país com rédea curta. Não admira que tenha escolhido o CEO da Exxon Mobil, um parceiro económico de longa data dos oligarcas russos, para liderar a diplomacia norte-americana. Não admiram também as notícias que vieram a público por estes dias, no âmbito do escândalo Bahama Leaks, que revelam que Tillerson é director da subsidiária russa da petrolífera norte-americana, sediada no paraíso fiscal caribenho, cuja direcção é partilhada por oligarcas russos e mercenários norte-americanos.

É claro que Putin está a esfregar as mãos de satisfação. Hilary Clinton teria sido um osso duro de roer mas Donald Trump foi uma prenda de Natal antecipada. Um Trump tenrinho, que o elogia abertamente e que nomeia amigos seus para a nova administração norte-americana. Qual foi a parte que os anti-imperialistas de ocasião não perceberam?

Foto: Reuters/Sputnik@Público

Comments

  1. Subscrevo.

  2. Ana A. says:

    É lamentável que uma pessoa de inteligência mediana não consiga ter discernimento para avaliar, em cada momento, se está a confundir “ideologias” com os seres humanos imperfeitos, que pretendem pô-las em prática, ou não! Daí, que vejamos seguidores com palas, sem qualquer crítica, seja, na política, nas religiões, ou em qualquer área que gere paixões.
    Qualquer ideologia que atente contra o bem-estar e a dignidade humana, não serve. Ponto!

  3. Rui NALDINHO. says:

    “Por estes dias, fui alvo de uma série de acusações, todas elas horríveis e nenhuma delas acompanhada por uma justificação, havendo mesmo um leitor que me acusou de gostar de Passos Coelho, algo que, para quem me conhece ou lê o que escrevo, terá sido motivo de forte gargalhada. E tudo isto porquê? ”

    Não perceberam nada porque essa gente vive obcecada com o comunismo na sua moleira e na algibeira. São uma espécie de anti comunistas dogmáticos, estilo:
    Não gostarás de comunistas;
    Não gostarás de comunistas, mesmo que ele seja o João Ferreira, e ela a Rita Rato. (o que é um desperdício, diga-se!)
    Não gostarás de quem pronuncie a palavra comunismo, leninismo ou estalinismo;
    Não gostarás de gente que se coliga com comunistas (geringonças)
    Não gostarás de gente que criticando o comunismo, seja pouco convincente por falta de arrojo;
    Não gostarás de gente que se diga socialista/social democrata pois não deixam de ser comunistas em versão “soft sense”;
    Vê comunistas em todos lados e esquinas, para garantires um lugar no céu;
    Se não partilhares as nossas ideias de anticomunismo, então és suspeito;
    Se não esmagares com o teu pé a cabeça de um … tal como o anjo fez à cobra, és um mau cristão.

    Esquecem-se que o dito comunismo russo, versão leninista, já não existe, pelo menos na forma como ele nos foi apresentado durante décadas, com o Estado a mandar em tudo, com uma economia planificada, filas nas lojas para adquiri produtos de primeira necessidade, sem um mercado aberto, etc.
    Essa gente ainda não enxergou que aquilo que resta do comunismo russo, versão URSS, é só e apenas, os tiques imperialistas dos seus dirigentes e a polícia política, agora numa versão oligárquica, financeira, onde os negócios se cruzam com a globalização. Daí pertencerem aos BRICS.

    • Rui NALDINHO. says:

      Mas também existem os comunistas ortodoxos e fundamentalistas, que olham com desconfiança para todos aqueles que criticam a forma como por exemplo o nosso PCP aborda questões como a Coreia do Norte, Angola, Cuba, Venezuela, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, isto entre outras coisas que agora não me ocorrem:

      Se não fores comunista é porque toleras o fascismo;
      A social democracia é um devaneio pequeno burguês;
      Os socialistas venderam-se ao capitalismo; (às vezes parece!)
      Um comunista nega sempre as vítimas do estalinismo, mesmo que tenha sido um desastre para a humanidade;
      O imperialismo é só Anglo Saxónico – Norte Americano, e nunca Sino – Soviético;
      Nós só acreditamos no internacionalismo proletário, nunca fomos imperialistas;
      Os dirigentes da Rússia são ex agentes do KGB que zelam pelo nosso bem estar e pela nossa segurança;
      A luta de classes na Rússia deu origem à igualdade, não temos desigualdade;
      Nós somos tolerantes com os imigrantes que estão na terras dos outros;
      Não queremos imigrantes por aqui, porque achamos que eles devem estar na sua pátria a lutar pelos seus direitos;
      Os homossexuais não podem casar, porque um casal comunista tem sempre sexos opostos;
      Um casal homossexual nunca pode ser do PCP, só do BE;
      Se fores gay nunca te declares comunista. Se queres ser comunista nunca te declares gay;

    • Ricardo Ferreira Pinto says:

      Ó Rui, o João está precisamente a criticar os comunistas que o atacaram por criticar a Rússia. É totalmente ao contrário da tua interpretação.

      • Nina Santos says:

        Eheheh…Ó Ricardo Ferreira Pinto, e se lesses os dois textos do Rui, hã?
        Que confusão! 😄

        • joão lopes says:

          os comunistas ortodoxos nem conseguem ver que em Angola há muita fomeca,sim senhor.alias a familia dos Santos nem é comuna nem capitalista,são uns tiranos ainda por cima de quinta categoria,porque a unica coisa que os deixa feliz,é ir para Paris,gastar milhares de euros em roupinha foleira.

  4. atentoàs cenas says:

    gosto das cenas confusas.

  5. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Caro João Mendes.
    Não vou discutir os instintos imperialistas de Washington ou Moscovo, dos quais nunca duvidei, tendo apenas um tempo de interregno enquanto a Rússia se organizava, depois da hecatombe que foi a queda do Comunismo.
    Mas comparar Trump com Putin no aspecto de personalidade e de sentido de estado, é comparar o farol da Barra de Aveiro com a Torre dos Clérigos.
    Para quem fez, como eu, neste últimos quatro anos, uma vida de trabalho dividida entre Rússia e Estados Unidos, facilmente entende que, embora os dois elementos citados tenham em comum a altura, mais nada os equipara.
    Putin devolveu aos Russos todo o amor próprio que eles tinham perdido, enquanto Trump está justamente a fazer os americanos perderem o seu amor próprio.
    Ao chavão “Let’s make America great again”, responde Putin com um silêncio de quem está a colocar a Rússia no lugar que já teve.
    A política externa Americana foi conduzida pelas anteriores administrações de uma forma de tal modo agressiva, que só o seguidismo desta Europa vazia de ideias e de líderes, impede que se adjective. Sanções e mais sanções, foi a resposta dos “Aliados” às opções bélicas da Rússia. Já agora, conhecem as sanções da Rússia à Europa? Mas elas existem, embora não sejam faladas. E Portugal sofreu particularmente…
    Como sempre os Americanos pensam petróleo – a matéria prima que tem sido o mote da “cruzada” americana no Médio Oriente. A propósito de “cruzadas”, a actual russa na Síria, em nada é diferente da Americana no Iraque ou na Líbia, mas ao contrário da russa que é “má, horrenda, destruidora”, a “cruzada americana” é “boa, plena de Democracia e Direitos Humanos”… Esta é a imagem que os nossos “merdia” passam.
    E o petróleo continua na mira das Administrações americanas, no sentido de dar aos americanos um estilo de vida que todos sabemos que não é sustentável, à custa da exploração das matérias primas no mundo exterior, enquanto que os Estados Unidos vão constituindo reservas únicas desta e de outras matérias, constituindo armas únicas a juntar às posições geo-estratégicas que vão conquistando.
    E uma vez mais, não tenho dúvidas que o petróleo é o motivo da aproximação dos EUA à Rússia. E não deixo de me rir quando por minutos sinto que os Americanos pensam que Putin é ingénuo…
    O Comunismo já acabou. Até a China é hoje uma potência tão capitalista como os USA.
    Até em Portugal, os partidos que continuam agarrados às suas siglas, já vão mudando as bandeiras e respectivas cores.
    Hoje não há uma filosofia política em que as pessoas acreditem, fruto da substituição de valores sociais por um outro valor a que se chama moeda e pela corrupção generalizada da miserável classe política. E no que toca à moeda, na base estão os Americanos que puxaram ao limite a transformação, que nos trará consequências sociais gravíssimas.
    Mas o mundo foi sempre um local onde o tempo tende a equilibrar os conceitos político-sociais. Acabou o nazismo, acabou o comunismo, como acabará o capitalismo. Não será para o meu tempo, mas estou certo que novos regimes políticos e sociais conhecerão a luz do dia.
    Hoje, quando olho Putin e Trump o que me parece é que Putin já deu um passo em frente, ainda que provavelmente, não na melhor direcção. Mas já entendeu que tem que mover-se.
    Trump é um dinossauro em pleno século XXI. Na forma, no conteúdo e nas soluções que propõe. Não se moverá, porque pensa que é o rei do mundo.
    E, para terminar, sendo Putin infinitamente mais inteligente que Trump, penso que a Rússia no seu silêncio se vai movimentando, enquanto que o capitalismo continuará apenas e só, graças à imensa inércia da poderosa máquina administrativa e militar dos Estados Unidos.
    Mas também cairá.

    • Não conheço os EUA mas conheço minimamente bem a Rússia, fruto de inúmeras viagens de trabalho que lá fiz e de longas temporadas que lá passei. Putin pode ser mais inteligente e capaz que Trump, mas une-os o total desrespeito pela liberdade e a capacidade que têm de se fazer rodear de oligarcas. Trump está só a começar, a seu tempo veremos no que se tornará.

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Uma vez mais, é cultural. Não digo que esteja certo, mas sempre foi assim. Diga-me uma época da História Russa onde não tenham existido essas oligarquias. Foi assim no Czarismo, no Império e continua, estamos de acordo. Em todo o caso e tal como no Iraque e na Líbia, penso que só assim se unem as mais de 80 repúblicas e províncias onde se falam mais de 100 línguas diferentes. Penso que o tempo os pode fazer ver as coisas de modo diferente, mas não será nunca “à moda americana”. Eles amadurecerão o sistema.
        Os Estados Unidos são também uma oligarquia, governada por famílias, mas que instituíram um sistema de língua única, porque mataram e deportaram os autóctones que agora começam a falar e a requerer os seus direitos.
        São mais “romanos” ou seja procederam à americanização de todo o povo que exibe um modo de vida bem definida e acima das possibilidades de qualquer país.
        Portanto, é um pouco igual por tido o mundo diferindo apenas no conceito de “boas oligarquias” e “más oligarquias”.
        De resto, reforço o aspecto cultural que só o pode conhecer quem por lá andar. Estranho, por vezes, mas há que respeitar.
        Concordo completamente consigo sobre Trump. E tenho a certeza que será corrido pelos próprios americanos. A corrida, já começou.

        • Confesso que estou pouco optimista quanto ao Trump ser corrido. A menos que o Senado lhe faça a folha. Dúvido mas é uma possibilidade.

          Quanto ás oligarquias, estamos de acordo. E pouco difere as russas das americanas, apenas o nível “cosmético”. As russas sabemos ao que vêm, não o escondem. As americanas gostam de brincar aos moralistas, mas já não enganam ninguém.

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            Completamente de acordo consigo no que toca às oligarquias que, tal como a guerra e de acordo com os “merdia” podem ser “boas oligarquias, democráticas e respeitadoras dos direitos humanos” e as “más oligarquias sanguinárias e ditatoriais”, conforme se referem às americanas ou às russas.
            Sendo um crítico acérrimo da “democracia” americana, de uma coisa estou certo. É que o sistema está de modo regulado e oleado que um personagem como Trump ou se alinha, ou aparece com uma bala na cabeça.
            Não digo que esta solução seja uma “encomenda” do Senado, mas estou certo que o Senado constitui o tal sistema regulador que atrás referi e que mais tarde ou mais cedo “alinha “Trump..

          • Paulo Só says:

            Os americanos também devem ter excesso de democracia,

  6. rodrik says:

    Putin não é de modo nenhum um tirano uma espécie de Calígula ou até mesmo de muitos ditadores que pontificaram ao longo da história. É uma enormidade escandalosa da sua parte Sr. comentador, em quem eu cheguei a acreditar. Não voltarei a ler artigos escritos por si. Até mesmo aqui o mau jornalismo não tem fronteiras

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Essa imagem de Putin, com sangue a escorrer-lhe pelos dentes e as unhas ensanguentadas, é uma recriação do sonho de Salazar, quando punha o SNI a fazer circular os boatos dos russos que comiam criancinhas ao pequeno almoço e que davam injecções atrás da orelha aos mais velhos.
      A guerra fria – que nunca acabou, antes teve uma pausa para que um dos contentores se reorganizasse – contribuiu para esta situação, associado ao facto desta Europa não ter, há cerca de trinta anos, qualquer estadista que se preze.
      Tem Barrosos, mordomos, Schaublers que retomam o espírito hitleriano, Jean Claude Junckers que ora está assim, ora assado, ora é preto, ora é branco, mas que no fundo defende sempre uma coisa e o seu contrário ou então, um Jeroen Dijsselbloem que “compra” formaturas e graus” nos tempos livres. Esta é a imagem de uma Europa “lambe-cus” da política americana e que repetem os argumentos das administrações americanas.
      Dá jeito a esta Europa sem rumo e a uma decadente América “pintarem” esta imagem de Putin. E dá ainda mais jeito que os “merdia” repitam à exaustão verdadeiras barbaridades.
      Que Putin não é flor que se cheire, tal como Merkel e Trump, só para não estender muito o rol dos nomes, não tenho dúvidas. Mas para quem anda pela Rússia como eu, facilmente compreende que ele devolveu aos Russos aquilo que os cinzentos políticos europeus e os decadentes políticos americanos são incapazes de dar aos seus povos: orgulho e confiança.

    • Lamento que se sinta melindrado. Mas continuo convicto de que Putin é um tirano e as suas acções falam por si.

  7. Paulo Só says:

    Parece que o Putin devolveu aos russos o orgulho. Muito bem. Quem vai nos devolver a nós, portugueses o orgulho? Aliás orgulho de quê? Será que alguém se pode orgulhar da porcaria de mundo em que vivemos? Vai ver o orgulho dos russos passa pelo massacre de Alepo. Parabéns ao Putin.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Caro Paulo Só.
      Se quer saber o que é o orgulho russo, por favor se puder passe por lá uns tempos e fale com aquela gente que parece muito fria, mas quando se apercebe que se vem por bem, são iguais a qualquer povo do mundo. Vai perceber que para eles ser russo, não é ser sobranceiro. É ter consciência de uma cultura e história que respeitam e exigem que seja respeitada.
      Isto é orgulho, bem diferente da prepotência de se considerarem donos do mundo, como um povo que nós conhecemos bem.

      • Paulo Só says:

        Caro Ernesto MV Ribeiro,
        Efetivamente nunca fui à Rússia, mas fui várias vezes aos EUA e morei em outros continentes mais de 30 anos, tendo conhecido muitos povos. Em qualquer lugar há gente que presta e que não presta. Podemos é sentirmo-nos mais próximos de uns que de outros. Tenho vários amigos americanos que são pessoas muito respeitosas. Claro que os países de população imigrada recente tem outras características, Não creio que o amor à sua cultura mude em dez ou vinte anos de governo, pois se aqui não mudou sequer em 50 de salazarismo. Quanto ao orgulho, é uma palavra que eu prefiro não encontrar. Sim a Europa está numa situação melindrosa, mas será que na Rússia também não existem problemas nacionais? O problema comum da humanidade é o sistema financeiro que nos esmaga, e o capitalismo predatório que arrasa o mundo, Rússia e China incluídas.

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Comno lhe disse, os russos são iguais a qualquer povo do mundo. Passo muito tempo também nos Estados Unidos, no Brasil, no México, em Marrocos, na Turquia e, particularmente na Europa, na Alemanha, França Inglaterra, Espanha e Eslováquia e se fechar os olhos e lançar a mesma pergunta, as respostas são mais ou menos as mesmas. Naturalmente que separo as culturas (dou comigo em Marrocos a comer à mão e da mesma travessa onde mais uma quinzena de pessoas comem, mas compreendo e pratico. É o País deles, é a sua cultura).
          Olhe que a cultura em Portugal mudou mesmo em 50 anos de Salazarismo. Ainda hoje se fala na guerra dita do Ultramar e no ódio de estimação que sempre se votou aos russos.
          De resto a cultura não muda com um estalar de dedos. mas a permissividade que a Europa encontra, sai-lhe cara.
          O problema da Europa é que levou ao extremo o conceito de democracia, permitindo tudo e mais alguma coisa.
          Por seu turno Putin diz que todos são bem vindos à Rússia desde que respeitem e pratiquem os hábitos russos.
          Isto é orgulho e um acto cultural. Contudo se passear em qualquer cidade russa, vê igrejas católicas, protestantes, ortodoxas (claro). mesquitas, sinagogas e até tempos tibetanos.
          Ou seja, respeitam-se crenças, mas essas crenças não vêm impor novas regras aos russos.
          O orgulho pode ter outras conotações como é o caso do amor próprio ou da identificação com o País.
          Em Portugal é evidente o estado de transcendência que se vê no futebol ou quando qualquer português é alcandorado a uma posição de Mestre como foi o caso actual do Dr. Sobrinho Simões.
          Nestes casos – bola e referência elogiosa – todos gostam de se mostrar portugueses e cantar o hino até rebentar os pulmões. Mas isto não orgulho: é um complexo de inferioridade, ainda que hajam fortes motivos para orgulho.
          Sabe, habituei-me desde sempre a ver a comunidade portuguesa no estrangeiro e a mesma comunidade em Portugal. Lá fora, são portugueses, falam português e comem comida portuguesa. Dir-se-á que têm orgulho na sua cultura, sem afrontar os outros. O problema é quando vêm a Portugal e os vemos a falar a língua do país que os acolheu e, fora o vinho e a comida, fazem sempre comparações negativas com o seu país de trabalho. Isto é falta de orgulho.
          Na Rússia existem muitos problemas nacionais, sendo os mais preocupantes para aquela gente e de que todos me falam, a corrupção e a crise de pedintes que começam a encontrar. São realistas e não viram a cara a uma realidade.
          Tem toda a razão no que toca à influência do Sistema Financeiro e do capitalismo nas nossas vidas. Tenho para mim que esta situação se vai terminar da pior maneira.

          • Paulo Só says:

            Lamento mas na Europa, assim como por todo o mundo, eu não vejo excesso, mas sim falta de democracia.

  8. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Caro Paulo Só.
    Com toda a honestidade não entendo o seu comentário em resposta ao que escrevi.
    Mas dir-lhe-ei que até parece que sim, à velocidade com que a exportam para todo o lado. E dão brinde com a democracia que deixam: uma guerra civil.

    • Paulo Só says:

      Refere-se ao “excesso de democracia?” Eu respondia à sua frase: “O problema da Europa é que levou ao extremo o conceito de democracia, permitindo tudo e mais alguma coisa.”
      Sinceramente, se acha que o que temos na Europa é o extremo de democracia, não há mais o que discutir. Eu não compreendo como os “ex-comunistas”, – não sei se é o seu caso, nem me interessa – esquecem o marxismo para continuar fieis e admiradores da Rússia. Nesse caso quem tinha razão era o Salazar mesmo: O PCP era o partido do exterior. Não era a ideologia, era a Rússia mesmo. Só falta se converterem à ortodoxia, mas a beatice não está longe, já há informações nesse sentido.

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