Abriu a caça ao voto de qualquer maneira

E hoje, a fava calhou ao Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.truques

Tenho uma proximidade muito grande com o projecto autárquico de Gaia (sou eleito na Assembleia Municipal) e maior ainda com o Projeto Gai@prende + e por isso, deixo aqui a minha declaração de interesses.

Não tenho assim tantos anos de vida partidária como muitos dos que nos visitam, mas já cá ando há tempo suficiente para saber que, em tempo de eleições vale quase tudo, ou mesmo tudo.

No caso em apreço, até pela minha proximidade acima referida e pelo profissionalismo que reconheço na minha amiga Elisa, parece-me que as palavras Do TRUQUES são as que melhor mostram o que está em causa:

Começa o período especial das autárquicas e, como já há dias tínhamos avisado, os jornais transformam-se em verdadeiros campos de batalha. Jornalistas que durante três anos estiveram num estado de quase hibernação ressurgem subitamente com capas e peças longas cheias de fontes anónimas (“O PÚBLICO sabe…”, “O PÚBLICO teve acesso…”) e acusações convenientes. Fruta da época dirão uns, um esgoto dirão outros. Veremos.

Hoje o alvo é o Presidente da CM Gaia. Diz o Público que Eduardo V. Rodrigues, enquanto presidente daquele autarquia, poderá ter favorecido a associação de que é co-fundador e onde trabalha a sua mulher. Acrescenta e leva para o título o facto de Elisa Costa ter sido aumentada em 390%. A ser verdade trata-se de um escândalo, não? As redes sociais incendiaram imediatamente, pedindo a cabeça do Presidente e da mulher, afinal “todos farinha do mesmo saco.”

Não nos vamos pronunciar sobre a matéria de facto, mas sim tentar por à prova a história do Público e as suas omissões. Só a ver se ela resiste.

1. Uma pesquisa básica faz-nos perceber que a tal associação afinal possui um protocolo com a CM Gaia já desde 2007. Era presidente da Câmara Luís Filipe Menezes. Eduardo Rodrigues apenas viria a ser eleito em 2013, já 6 anos tinham decorrido do referido protocolo. Além disso, a sua mulher foi contratada para a instituição apenas em 2010, 3 anos antes da eleição. Então, como pode ter havido favorecimento?

2. Em 2010, Elisa Costa trabalhava a meio tempo (o PÚBLICO omite) e, como toda a gente que trabalha a meio tempo, recebia meio salário: 475 euros.

3. Mais tarde, mudaram os tempos de trabalho (passou a trabalhar a tempo inteiro), mudaram as funções (passou a directora técnica da instituição) e mudou também a remuneração. Tudo normal. Passou a ganhar nem mais, nem menos do que aquilo que a Segurança Social determina na sua tabela própria para o efeito, tendo sido alvo de dois aumentos nesse período, de acordo com essa mesma tabela: chegou à fortuna de 1168 euros mensais

4. Então, como atingiu os 2342 euros? Pois é, o Público não só entendeu comparar o salário de meio tempo (2010) com o salário de tempo inteiro (2015) como o fez *no mês do subsídio de férias* (2015), em que a remuneração de base é dobrada: 2342 euros

5. Se este valor, como refere a própria notícia, diz respeito a Agosto de 2015, porque é que a notícia só sai em Dezembro de 2016, a 10 meses das autárquicas? Quem guardou esta notícia na gaveta até hoje? Quem é a fonte anónima do Público e que interesse tem nesta capa? Que garantias têm os leitores de que isto não se trata de uma encomenda?

Comments

  1. Enalteço a oportunidade do esclarecimento. Decerto nem vale a pena enviar ao Público um desmentido. O CM também se faz eco da coisa.
    Agora, o que temos de entender é a razão pela qual se “plantam” notícias destas às portas das eleições. Já chegámos à Madeira?

    • Madeira ou não, não se pode dar com um pau de quem aceitar servir interesses menores. Se a ideia é atacar politicamente, que o façam. Se pretendem atacar o trabalho, que o façam. Agora, seguir a vis pessoal e familiar e ainda por cima de uma mulher que vive do seu trabalho, não poderá ser aceitável.

  2. martinhopm says:

    Claro que casos como este vão suceder-se em catadupa, agora que nos aproximamos das eleições autárquicas. Há que denunciá-los. Mas não poderá ter sido ‘provocado’ pela distinção (medalha de mérito municipal, grau ouro), concedida pelo actual presidente, Eduardo Vítor Rodrigues, ao ‘benemérito’ Marco António Costa?!

    • Não me compete adivinhar o que vai na cabeça de quem assinou o artigo, mas é um exercício que pode ser feito. Será que o Menezes? Inveja? Meu caro leitor e comentador, não faço a mais pequena ideia, mas que a notícia parece encomenda, aí isso parece.

  3. Santos says:

    Querem saber quem plantou? É simples, procurem quais são os artigos do Aventar que estão a ser promovidos neste momento no Facebook e quem os promove via página do blogue e páginas de mais duas pessoas.

  4. Francisco Borges says:

    O que importa aqui é saber se é verdade o que aqui se diz no publico ou não. O resto são desculpas. Todos sabemos que isso dos favores e família está na gene se do PS vejam o Cesar vejam o Cesar é tudo como diz farinha do mesmo saco.

  5. Não fora a merdalha de ouro mérito municipal, entre outros actos do senhor presidente e, provavelmente, não estaria sujeito a estes “vómitos” do pasquim que se “pensa” intelectualmente diferente do outro, também com fundos coincidentes na cor vermelha…..será para disfarçar ou serão mesmo : pasquins do mesmo saco?

Trackbacks

  1. […] Não me vou alongar sobre os detalhes de mais um episódio siciliano a sul do Douro. O Bruno já aqui expôs o compadrio (lixos jornalísticos à parte, não façam de nós parvos) e o João Paulo acrescentou algumas informações sobre o jornalismo de sarjeta que impera no rectângulo e sobre a habitual manipulação da opinião pública que se faz sentir nesta fase de pré-pré-pré-pré-campanha. Sim, João, já começa a valer tudo. […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading