Impunidade

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A Moody’s pronunciou-se sobre o rating da República. Meses após a última avaliação, o rating da dívida portuguesa mantém-se no nível Ba1. Lixo, portanto. Significa isto que continuamos a não ser dignos da confiança da notável agência de notação. E tudo isto é dramático, não tanto pela decisão, mas antes pela dependência umbilical em que nos encontramos face a este poder privado e não escrutinado que continua a decidir por nós.

Falamos da mesma Moody’s que não acreditava num défice inferior a 3% para 2016. Parece que se enganou. O mesmo não podemos dizer sobre a mais recente multa paga pela agência à justiça norte-americana, no valor de 813 milhões de euros, pelo papel desempenhado na crise financeira, cujas consequências são conhecidas por todos. Aqui a Moody’s não se enganou. A falta de rigor e o desrespeito pelo princípio elementar da transparência não são enganos. São abusos deliberados.

Significa isto que os juros que pagamos, as privações a que somos sujeitos, a chantagem permanente e as exigências extravagantes e experimentais são altamente influênciadas, ou mesmo definidas por autênticos piratas, que livre e impunemente se dedicam a práticas de sabotagem e terrorismo financeiro. Práticas que permitem que alguns, poucos, lucrem com a desgraça alheia, de milhões de pessoas, aqui como no resto do mundo. Uma subespécie de ditadura que não podemos recusar ou combater. A impunidade absoluta. O retrocesso civilizacional.

Imagem via WCC Times

Comments

  1. Ricardo Almeida says:

    A mesma Moody’s que andava a distribuir AAA’s em 2007 e 2008 aos famosos pacotes de hipotecas subprime que desencadearam a crise acha que a economia portuguesa é lixo?
    É como receber conselhos de moda de um stripper…

  2. ….concordo em absoluto consigo, João Mendes, que análise crítica tão forte e certeira que todos devemos compartilhar e sermos muitos a denunciar ! Obrigada pelas suas intervenções que vou seguindo e divulgando quanto posso! Saudações cordiais !

  3. Paulo Só says:

    Alguns funcionários da Goldman Sachs atuais ou passados,: Mario Draghi, presidente BCE (independente do poder político, claro, não se pode depender de quem é dependente!), Robert Rubin e Henry Paulson, secretários do tesouro americanos, Mario Monti, primeiro ministro italiano não eleito, Mark Carney, Diretor do Banco de Inglaterra, William Dudley, Diretor da Federal Reserve of NY, Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia. Jamie Dimon CEO do JP Morgan, e agora em Davos para discutir com a elite dos negócios e política mundiais, recebeu de remuneração em 2013, 20 milhões de dólares, Nesse mesmo ano o JPMorgan deu prejuízo de 6 bilhões e foi condenado por cumplicidade de fraude no caso Madoff. Depois de Davos volta para os EUA para a tomada de de posse de Trump de cujo Fórum de conselheiros faz parte. Alguma dúvida sobre quem manda neste mundo?

  4. O problema não é a moodys. O problema somos nós.

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