O muro de Trump acabará pago pelo consumidor americano…

Empresas costumam tentar evitar custos, passando os mesmos, quando não conseguem restruturam-se.
Caso Donald Trump decida mesmo avançar com a taxa de 20% sobre importações do México para financiar a construção do muro, esse valor vai ser inteiramente cobrado nos bolsos do consumidor americano. Num cenário ideal, o negócio continuará business as usual, toda a cadeia incorpora a taxa que no final irá incidir no PVP do produto em causa. Eventualmente poderão existir produtos que sujeitos à taxa, deixam de ser concorrenciais no mercado norte-americano, mas não quer dizer que deixem de ser vendidos, os distribuidores irão procurar novas fontes de fornecimento.

Uma eventual guerra comercial poderá penalizar o México com alguma perda de clientes no vizinho a Norte, mas que em nada beneficiará os EUA, que ficam sujeitos à retaliação, nomeadamente nas indústrias de ponta, da indústria automóvel à aviação os mexicanos podem virar-se para o mercado europeu ou asiático. Ninguém ganha com políticas proteccionistas e muito menos com guerras comerciais, muito pelo contrário, todos empobrecem. A política de Trump pode parecer interessante para consumo interno numa primeira fase, com criação de emprego e aumento de salários, mas conduzirá inevitavelmente à inflação e se persistir em atacar várias frentes em simultâneo, muito provavelmente iremos assistir a prazo ao colapso da economia americana, com aumento do desemprego e queda do $USD…

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Oxalá assim fosse! (http://www.jornaldenegocios.pt/economia/mundo/americas/detalhe/economia-dos-eua-desilude-na-recta-final-de-2016)

    Também diziam isso do Brexit! Que levaria a uma crise económica no Reino Unido e ao que parece não é bem o que está a acontecer…
    Se existe uma desvalorização da Libra Esterlina, na verdade isso já vinha a acontecer antes da anunciada saída da CEE, o Reino Unido em pareceria com os EUA podem vir a fazer alguns estragos nos outros países, nomeadamente os da CEE. (http://www.motor24.pt/sites/turbo/fabricantes-germanicos-lancam-aviso-aos-estados-unidos/?utm_campaign=TSF&utm_medium=Social&utm_source=Facebook)

    • Por acaso no caso do Reino Unido é exactamente isso que está a acontecer e que irá piorar quando as medidas forem efectivamente concretizadas por aquilo que todos os indicadores revelam até agora. Claro que previsões são apenas isso, previsões …

    • Não duvido da capacidade de Trump em provocar estragos. O que escrevi em relação ao México será válido para a U.E., os EUA podem taxar importações, mas isso vira-se contra eles num ápice. E sabemos que apesar da maioria no Congresso e Senado os Republicanos não vão deixar Trump em roda livre, convém perceber que boa parte dos políticos vai a votos em 2018, as maiorias lá jogam-se a cada 2 anos.
      E vamos com calma em relação à China, sabemos que os asiáticos têm uma paciência quase infinita, mas também convém saber que possuem muita reserva norte-americana e podem fazer estragos colossais…
      São tempos perigosos, para já impera a retórica, mas vamos ver como será a acção…

      • Rui Naldinho says:

        Espero bem que as suas espectativas se venham a confirmar.
        Este fulano parece-me ter uma estratégia comercial (será que é só essa?) acordada com a Rússia, de Putin.
        Ela passa fundamentalmente pelo regresso dos dois blocos, já não numa perfectiva ideológica, mas puramente económica e militar. Sobretudo não deixar que a China assuma a liderança económica do planeta, que em boa verdade acabaria por acontecer, lá para meados do século, talvez mesmo antes disso.
        Por outro lado eles sabem que a UE, em especial a Alemanha, são o maior parceiro comercial da China a seguir aos EUA, mas de perto.
        Relativamente ao México, eu tenho familiares a trabalhar em grandes multinacionais, tanto em Juarez, que faz fronteira com El Paso no Texas, como em Mexicali, que faz fronteira com San Diego, se não me falha a memória, e aquelas cidades para além da tráfico de droga, já menor do que foi no passado, têm centenas de fábricas que trabalham exclusivamente para o mercado norte americano.
        O México, basta ir ao Google e verificar:(ttp://pt.tradingeconomics.com/mexico/unemployment-rate)
        tem uma taxa de desemprego residual, cerca de 3,4%, o que para a Europa seria quase pleno emprego.

        • Em Junho 2016 a taxa de desemprego nos EUA era 4,9%. Nos estados do Sul julgo que até são mais baixas do que o total nacional. Isto torna difícil a compreensão do problema mexicano, para lá das drogas e imigração ilegal.
          Passa neste momento no canal de televisão National Geographic a série “A fronteira” que aconselho vivamente. Vai na 2ª ou 3ª temporada, não posso precisar, mas dá para ver que já existe muro ou barreiras naturais e mostra alguns dos problemas. Em matéria de criminalidade aliás, os mexicanos também têm razões para se queixarem, pois os cartéis adquirem armas e munições nos EUA que depois são transportadas ilegalmente para o México.
          Quanto à questão chinesa, será uma inevitabilidade. A China domina África quase por completo, grande parte da Ásia sofre a sua influência e se persistir nesta estratégia errada, Trump irá isolar a America. A retórica de Trump parte com um erro primário, pensar que no comercio livre um ganha, outro perde, quando na verdade todos ganham.

          • Paulo Só says:

            Tudo depende do que se entende por “ganhar”. O problema é que as cadeias de produção estão globalizadas. É muito difícil que um estado, mesmo os EUA, tenha hoje meios para impôr uma política industrial às multinacionais. Até as empresas chinesas fazem trabalhar os países da zona económica deles. Curiosamente um dos aspectos que poderia ajudar o protecionismo seria o respeito do ambiente, que o Trump despreza. A meu ver o Trump é só um trapalhão. E as grandes empresas americanas que dão as cartas hoje são a Google, a Amazon, a IBM etc, globalizadas. Mas que criam pouco emprego, pois “fabricam” sobretudo serviços no mundo inteiro. Os pobres americanos, como os europeus, não são os imigrantes, são criados pela revolução industrial que estamos vivendo. Essas medidas do Trump são apenas poeira jogada nos olhos do povo.

        • Nascimento says:

          É por isso que americanos a saltar a fronteira para o MÉXICO É COLOSSAL!!Uau.Julgo que são 60 mil por semana ou será mês?O desemprego é quase nulo, não é???Pois.Que beleza…mesmo!

  2. Nascimento says:

    vejam lá se ” Atinam”. Não fumem tantas ” brocas”…. está tudo bem com um país maravilha chamado China! QUE BOM! Poluição? Claro que só se deve aos States. Escravidão laboral? Só nos states. E se fosseis pra o…..

  3. Paulo Marques says:

    Nunca, mesmo? Como ficaram os portugueses depois da “abertura” à europa? Como ficou o ocidente depois da “abertura” à China? Como ficaremos depois da “abertura” ao Canadá? O protecionismo em abstracto está muito longe de ser um dos muitos problemas da ideia.

  4. Paulo Só says:

    Uma das questões essenciais a ser observada é a repercussão dessas medidas no mercado das drogas. Ou os americanos terão de passar a produzir as drogas que consomem? Outra é a da repercussão nas forças armadas mexicanas que foram sendo “domesticadas” pelos americanos, no sentido de se ocuparem apenas de combate às drogas e “subversão”, através de uma sucessão de tratados indo nesse sentido.

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