O anti-Trump

Justin Trudeau; Kathleen Wynne

A norte do reino de Donald Trump, uma nação próspera é administrada por um governo multicultural. As cartas que a saudosa Fernanda nos escrevia ilustravam bem essa realidade. Nessa nação, liderada por um liberal pouco dado à selvajaria daqueles que usam a designação para justificar o totalitarismo dos mercados e a exploração contemporânea, existe espaço para todos, independentemente da sua cor ou religião, o que nos permite, em certa medida, perceber o avançado estado civilizacional em que se encontra o Canadá.

E enquanto o vizinho do andar inferior se desdobra em esforços para erguer muros, perseguir emigrantes e refugiados e promover uma cultura de conflito e divisão, Justin Trudeau recorre à mesma rede social usada pelo seu homólogo norte-americano para, ao invés de cultivar o ódio, abrir as portas aos renegados por Trump:

Para aqueles que fogem de perseguições, terrorismo e guerra, os canadianos vão receber-vos, independentemente da vossa fé. A diversidade é a nossa força.

E talvez seja mesmo. Porque o Canadá, que não é propriamente um estado enterrado em dívidas ou problemas sociais, onde a criminalidade é residual, principalmente quando comparada com os EUA, vê na integração de emigrantes uma oportunidade ao invés de um problema. Respeita os direitos humanos e quer fazer parte da solução. Porque, ao contrário dos EUA de Donald Trump, um país construído por gerações de migrantes que contribuíram e continuam a contribuir para os avanços, nas mais variadas áreas, que ali tiveram lugar, Trudeau acredita numa sociedade mais inclusiva, sem muros, ódios ou perseguições. Não admira que seja um dos alvos da raiva do novo presidente americano. Justin Trudeau é o anti-Trump.

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Foto: The Canadian Press/Fred Chartrand@Global News

Comments

  1. Pois…por isso mesmo é que o Canadá tem testemunhado na pele o aumento da criminalidade como espancamentos a naturais do Canadá por “refugiados”, violações cujos casos as cadeias de tv sobretudo a CBC se recusa a reportar, casos de abusos sexuais nas escolas cometidos por “refugiados” que dizem ser de idade escolar mas que na verdade ninguém sabe que idade eles têm mesmo e que as escolas tentam por todos os meios abafar estes casos…realmente Canadá está no bom caminho…olhem só para a maravilha em que estão países como a Suécia, a Bélgica, Holanda, Alemanha ou o Reino Unido por exemplo?
    Este multiculturalismo forçado só deu maus resultados, sobretudo quando esse hipocrita racista anti-branco do Trudeau recusa refugiados yazidis cristãos para aceitar apenas e só muçulmanos…basta ler a imprensa canadiana….

    • Nos EUA não precisam dos refugiados para nada para ter todo esse mal que denuncia. Basta ler a imprensa estado unidense.

  2. Como cidadão Canadiano por nascimento esclareço que “liberal” na Canadá não tem o mesmo significado de liberal como conotado com a direita em Portugal, trata-se apenas de um partido social-democrata (novamente não como a de Portugal) não filiado em nenhuma internacional, o internacional socialista está representa pelo NDP, nova democracia, novamente numa linguagem diferente do homónimo grego.
    Embora não tenha ido à minha terra desde a eleição de Trudeau, toda a minha família paterna vive no Canada e de nenhum deles, independente das suas ideologias que são diversas, tenho ouvido preocupações com a segurança dos cidadãos e além da CBC existem mais redes de OCS no meu país natal que acompanho diariamente e não tenho tido essa informação de aumento de violência e rejeição do multiculturalismo forçado.

    • Manuel Silva says:

      Caro cefaria:
      Não se deu conta que vivemos no mundo da pós-verdade?
      O que interessa é o que se diz nas redes sociais (e nos «media») independentemente de ser verdade ou não.
      Normalmente muito coisa nem é verdade.
      Depois, as mentiras – ou pós-verdades – circulam e fica criados os factos alternativos.
      É neste ambiente que nós vivemos.
      Cada um na sua bolha, cada um com as suas verdades.
      A realidade passa ao lado, pois poucos a conhecem verdadeiramente.
      O Umberto Eco, o último grande intelectual europeu recentemente desaparecido da nossa convivência, dizia a propósito das redes sociais: «No momento em que todos têm direito à palavra na Internet, temo-la dada aos idiotas. Antigamente os idiotas falavam na tasca da aldeia, mas eram logo mandados calar. A asneira ficava por ali. Hoje têm direito à palavra na Internet (com difusão para para todo o mundo) em pé de igualdade com os prémios Nobel».

      • Fechem-se as redes sociais, mande-se calar a voz do povo burro e inculto, que a palavra vestida de sabedoria e já agora de verdade, é pertença única da casta intelectual.
        Ohh meu caro Manel…
        Ainda não se deu conta que o pós verdade vem sobretudo desses “prémios Nobel” doutorados em política?

  3. Ana Moreno says:

    A esse respeito sim, mas é o mesmo Trudeau que se alia aos governos europeus para nos brindar o CETA – mais uma malha na rede com que nos submetem ao poder das multis.
    E também é o mesmo Trudeau está inteiramente de acordo com a decisão de Donald Trump, de dar luz verde ao relançamento do controverso oleoduto Keystone XL…

    • Talvez fosse bom explicarem-nos porquê que o oleoduto é controverso, só porque o Obama não o quis construir apesar dos estudos positivos.

  4. Rui Ferreira says:
  5. Rui Ferreira says:

    A referência indicada é de um jornal satírico: http://www.burrardstreetjournal.com/disclaimer/

  6. Paulo Só says:

    Muito interessante o editorial do NYT de hoje. 28 dos 29 terroristas muçulmanos implicados em actos de terrorismo nos EUA nos últimos 10 anos não vêm dos países hoje bloqueados, mas da Arábia Saudita e Egipto, países não atingidos pelo atual boicote trumpiano, e onde Donald Trump tem investimentos…. Coincidência, claro. Decididamente os países desenvolvidos estão passando por um período de comportamento político subdesenvolvido; por parte dos eleitores, não dos imigrantes, que não votam. No que me diz respeito não porei nunca mais um pé naquele país que me parece tão seguro quanto uma Turquia, Rússia ou China. Não por receio de terrorismo, mas sim de estado policial… essa é a minha pegada “ecológica”.

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