Ainda o caso “peste grisalha”

Condenado por delito de opinião, António Figueiredo e Silva acabou a pagar ao deputado Carlos Peixoto 3000 euros, como se constata na seguinte cópia do cheque.

O caso seguiu para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, do qual, possivelmente, tal como aconteceu nas quase duas dezenas de vezes anteriores,  resultará a condenação do Estado Português, sem que os juízes envolvidos na violação dos direitos do cidadão sejam incomodados. Entretanto, ao sensível deputado já os três mil euros ninguém tira.

Seguem-se as palavras do condenando sobre o assunto.

ATÉ QUANDO, O SEI!?

(Ainda “O caso Peste Grisalha”)

Entre o prazer e a revolta, o feudo foi liquidado. Prazer, porque, não é todos os dias que uma pessoa põe a léu o que lhe vai na alma (embora convicto de uma realidade, cujo objectivo atingiu um horizonte diferente… Paciência!), e revolta por concluir que, entre a linha ténue que divide uma absolvição de uma condenação (em abstracto) existiu uma assimetria de critérios que, não tendo sido bem depurados, obrigaram a que este fio se tivesse diluído na parte mais negra da ética, prensada pelo carcinoma poder: a condenação.

Que cada um deva ser responsabilizado pelos idiotismos que comete, é um facto. Mas também é certo que, por vezes se é comprometido com verdades cuja aspereza arranha os ouvidos humanos e que são susceptíveis de serem conotadas com parvoíces, que em certas circunstâncias até podem nunca terem sido cometidas. Neste contexto, penso ser este um dos casos mais recentes da nossa história judicial, que levou à repulsa da grisalhice – e não só. Esta, numa onda sísmica com desenfreada robustez, arreganhou com realçada ferocidade os seus caninos, retaliando com sublevada indignação, acerca d’O CASO PESTE GRISALHA” e a punição daí decorrente.

Sei que não me é concedido civicamente, repito, civicamente, eu ser defensor em causa própria porque seria provável que na sua decomposição pudesse haver um erro de avaliação ditada pelo amor-próprio e vincada pelo meu subconsciente, meu fiel defensor selvagem, porém infalível.

Mas, quando olho à minha volta e observo que uma multidão matizada por pessoas de todos os estratos sociais, desde pessoas simples, mobilizadas por uma razão moral, às mais doutoradas em diversos ramos da ciência, incluindo a causídica, movidas, além da razão moral, também por uma questão de profundo conhecimento da doutrina do direito, estrarem do meu lado, o que poderei eu pensar?

Obviamente que isto me leva a pensar o que os consciencialistas veridictam; porque, se a decisão final tomada não tivesse sido considerada uma injustiça, com certeza que não teria havido tanto burburinho em torno deste caso, “O CASO PESTE GRISALHA”, que com um bocado de bom senso poderia ter sido abortado à nascença. Não será isto verdade?

Eu não estou “p’ráqui” a fazer, como Fernando de Bulhões, sermões aos “peixinhos”, numa tentativa de vã catequização, pois sou avesso aos clisteres cerebrais; estou sim a escrever para as massas que me lêem, e que com recurso à sua aperfeiçoada mioleira, me compreendem e por isso me protegem da agressividade talvez imponderada da nossa justiça. É precisamente p’ra essa multidão, que me tem disponibilizado abertamente o seu auxílio, quer moral quer material, desde a divulgação da minha sentença em 2 de Novembro de 2016, até ao dia de hoje. E esta é também a maneira mais sublime que encontro de lhes demonstrar a minha mais sincera gratidão.

É evidente que o “exército” é enorme! Seria absurdo “contabilizar” toda a gente que, de mãos firmemente entrelaçadas, fazem o cerco para minha protecção, quando a minha fragilidade se aparenta ser presa fácil do poder, mas faço questão de que alguns, para conhecimento de todos e do público em geral, tenham aqui, nesta resenha, que vai pertencer às “CRÓNICAS DE UM CRÓNICO”, o seu nome, marcado pela majestade do seu carácter e pela robustez do seu altruísmo.

São eles:

João Saldanha, Digmo. Advogado de Coimbra, que me acompanhou e formulou toda a defesa do processo, sem cobrar um cêntimo que fosse, a não ser a de sentir alegria no interior da sua intransigente maneira de ser, por ter disponibilizado o seu saber e a sua peculiar boa vontade, ao serviço da razão.

Hélder Fráguas, eminente Causídico de Lisboa, que em tempos fez parte dos quadros da magistratura portuguesa e se prontificou a levar este caso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, gratuitamente, por entender que na decisão condenatória algo podia não estar dentro da limpidez da razão.

Elisabeth Duarte, licenciada em Línguas e Literaturas pela Universidade de Paris IV-Sorbone e tradutora credenciada por vários organismos oficiais, que como seu modesto – diz – contributo, se prontificou a fazer a tradução de todo o processo, graciosamente, por uma questão de coerência ética, talvez por ter sentido alguma insensatez no decorrer do processo e na decisão da pena da aplicada.

D. Ana Martins, pessoa que nunca vi, mas que entendeu por bem, abrir uma página nofacebook, titulada de, “PESTE GRISALHA?”, para um crowfounding com o objectivo suportar as despesas que me recaíram em cima, alegando que, “isto não é uma esmola; é uma questão de justiça social, porque, se o Sr. Figueiredo teve a coragem de dar a cara pelos grisalhos deste país, eles são quem deve pagar esta despesa; se cada pessoa contribuir com um euro, não custa nada e fica o problema parcialmente resolvido”, porque a calosidade psicológica, o tempo encarregar-se-á de lha diluir, caso ela exista”.

Além destas figuras, quero agradecer a todo mar de gente que me tem vindo a amparar mantendo-me a cachimónia à tona dos rápidos da correnteza do rio Mondego, resultante de degelo politiqueiro e descabido jorrado das encostas da Serra da Estrela, decorrente do degelo de um forte inverno de leviandade egocentrista.

A enfrentar o Poder Político, apenas desfruto, como armas frágeis, uma pena, o dom da “partitura” lexical e a robustez do meu carácter; por isso, necessito da coesão de todos vós. Dos grisalhos e dos que para lá caminham; de cá, e dos dispersados por todo o Mundo à procura de uma vida melhor! E principalmente de todos aqueles cuja massa encefálica ainda não foi contaminada pela pestilência, como muitas cacholas alucinadas possam considerar.

Pois… ligados triunfaremos.

Até quando, não sei!?

António Figueiredo e Silva

(O CONDENADO)

Coimbra, 20/01/2017

www.antoniofsilva.blogspot.com

Comments

  1. ANA MARIA SANTOS says:

    Faço parte de “Clube da “Peste Grisalha” com muita honra e ainda bem, pois foi Deus que me conduziu até aqui! Soh penso porque todos nós reformados e jah com tantos em Janeiros em cima xe nós, NÃO poderemos ensinar, processar este calaniador, fazer entrar nessa cabeca ‘torpe’ que está a ofender milhares xe cidadãos? Gostava de ter mais forças físicas e conhecimentos para poder reverter esta injustiça! Não podemos esquecer que ainda representamos uma grande força cívica neste Portugal! Temos que pensar em punir de forma exemplar esta ofensa e fazer o que seja revertido a pena tão injustamente aplicada!An

  2. Eu mesma says:

    Durante anos, os agora idosos votaram nesta escumalha que agora os chama de “peste grisalha”. O esquema é por demais conhecido de toda a gente. Os autarcas, exímios nesse esquema, ofereciam (?) concertos de música “popular”, lanches colectivos, prendinhas, pagavam os transportes para os passeios organizados pelas devidas entidades e para a malta ir às mesas de voto nos dias eleitorais. Assim, grande parte dos eleitores votou neles, perpetuando o esquema. Uma vez chegados ao seu objectivo, os ex-autarcas e agora ministros e secretários de Estado, quando não mais, faziam o que tanto almejavam, com uns quantos pagamentos de favores aqui e acolá, a custo do erário público. Erário esse que, ao invés de apoiar as famílias para que o desemprego, a precariedade, a doença incapacitante dos mais velhos e a falta de perspectiva dos mais jovens (quanto ao futuro) não lhes amargasse a alma e desse cabo do presente, sustenta esses malfeitores. Mas isso não interessa. Enquanto lhes foi útil, a “peste grisalha” serviu-lhes de degrau na escalada pelo poder e dinheiro fáceis tão ambicionados. Pena tenho eu que as pessoas não abram os olhos de vez. E que há quem continue a trocar, por bifanas e música pimba, os votos que tanto sofrimento custaram aos resistentes anti-fascistas.

  3. Zulmiro Almeida says:

    Parabéns António, parabéns a todos quantos como você não têm medo! A todos os que foram insultados por este “senhor” que não tem vergonha de receber este cheque, a todos o meu abraço, para si, um abraço muito especial e, … Força! Muita força, para continuar a luta!!!

  4. Bento says:

    Conte comigo ! No que puder ajudarei a enfrentar todos aqueles parasitas que engordam a custa do povo trabalhador que se sacrifica para ter um pedaço de pao na mesa a cada dia ! Vamos a eles !!!!

  5. António Duarte says:

    Entre o grande número de pessoas! Mulheres e Homens, de “cabelos brancos” há-de haver quem saiba como lidar, com estas trupes ofensas, de forma a ensinar aos políticos, as regras do bem viver!!! Porque não a criação de um partido que à prior tem uma grande percentagem de eleitores?

  6. Armindo Domingues says:

    Nada mais posso dizer do que Bem haja amigo pela sua coragem na defesa da peste grisalha.Conte connosco.

  7. Caro Senhor, faz-me lembrar o meu querido Avô, um Homem integro e de fibra, e só por isso já teria valido a pena, mas é que tem tal carisma e escreve de tal formaeloquiente, que nutro a mais profunda admiração por si. Conte comigo para o que precisar. Um abraço da “neta” Alexandra.

    • Muito obrigado por enaltecer a minha eloquência, porém, com o devido respeito e modéstia à parte, não penso da mesma forma; ainda me falta muito para chegar à sabedoria, e tenho a certeza de que vou morrer sem ela… mas convicto de que algo por cá deixarei.

  8. Rui Checa Cambey says:

    Este cidadão e deputado, é uma ameaça à democracia!
    Uma vergonha da sociedade.

    Estimado António Figueiredo, continue igual a si próprio.
    São atitudes como a sua que mostram a resiliência de um povo.

  9. Creio que existe uma possibilidade de se dar ao tal deputado que miseravelmente fez um reformado pagar 3.000€00 pelas ofensas, o mesmo tratamento pelo qual ele o fez passar. Basta para tal reunir um número determinado de indivíduos que tendo sido tratados por “peste grisalha” se sintam atingidos e ofendidos no seu sentido de dignidade e exijam da parte da justiça um tratamento igual.
    Não sei bem qual é o número mínimo mas se houver alguém com conhecimentos no campo jurídico, talvez nos possa elucidar. Creio que o número mínimo para uma queixa com o peso e qualidade colectivo é de 25 pessoas.
    Digo isto, porque uma condenação na Europa não conduz a nada na prática, mas um processo bem instruído com o particular de ser colectivo pode ter outro desenlace.

  10. Luis Antonio Barreiro Botas says:

    Infelismente é a canalhada que temps

    • Sinto-me constrangido e triste, todavia sou obrigado a concordar consigo, Caro Luís António, mas… ponha-se a pau… porque está sujeito a levar com um processo em cima, por “injúria e atentado à honra e consideração”, podendo vir a ser privilegiado com uma condenação, emanada de uma doutrina obsoleta, cuja “partitura” remonta ao ano de 1982.
      Sabe que em Portugal, o impossível também pode acontecer!?

  11. Olivia Patricio says:

    Vergonha e revolta ! Vergonha por ser um deputado eleito pelo meu distrito ! Revolta por uma justiça pesada com os mais fracos mas que “fecha os olhos “,quando se trata de poderosos ! Temos o dever de continuar a mostrar a nossa indignação e se a justiça funciona “tão bem ” que nos condene a
    todos os que têm a ousadia de discordar . Força Sr António ,o país tem falta de Homens como o Sr.

    • Já sabe Digma. Sra., bem assim como todos nós, o funcionamento periclitante da nossa justiça.
      Por outro lado, pelo facto de o visado ter sido um deputado eleito pelo distrito a que a Sra. pertence, não serve isso de medida padronizada para as gentes do Distrito da Guarda.
      Prezo-me de conhecer muita gente de boa condição moral e cívica por essas bandas; além disso, a minha forma de ser e de estar na vida, não me permite fazer julgamentos colectivos, quando somente alguns (poucos) prevaricam.
      Continuo a alimentar no meu íntimo, que os habitantes dessa região merecem a minha mais sentida admiração (cães à parte).
      Qualquer dia escriturarei um crónica sobre isso.
      Resta-me finalmente, agradecer a sua frontalidade e o seu apoio:
      Muito obrigado

  12. Manuel Oliveira says:

    É de facto vergonhoso, depois de sermos insultados como seres despresivéis da sociedade assistimos a estes resultados. Também sou grisalho, mas sério, não vivo à custa dos impostos de ninguém, não como almoços de lagosta e vinhos caríssimos por 10€…

  13. Acacio costa says:

    Ao infeliz deputado .que nunca sinta o prazer de ser VELHO.quanto A JUSTIÇA. É o que temos.uma para ricos outra para pobres pois também nunca vi um juiz ser condenado por uma má decisão.

  14. Maria says:

    Uma vergonha numa pseudo democracia. ..muita solidariedade mas quem pagou foi o senhor é palavras a acrescentar é pura treta. O deputado é a vergonha de uma sociedade doente de valores e educação. Se se lambusa com esse dinheiro pior ainda.

    • Bem, legalmente é dono da parte material que lhe entrou nos alforges e tem todo o direito de dar-lhe o destino que muito bem entender.
      Sei muito bem onde a Maria quer chegar, mas aí não podemos fazer nada.

  15. Nos tempos que correm mostrar opinião própria constitui um risco, um risco que normalmente ninguém se sente confortável em correr, por um compreensível receio de represálias… A cada dia que passa, essa cobardia intelectual afunda o nosso país como um atoleiro.
    Regozija-me saber que ainda de quando em longe, alguém mais destemido, apregoa o que lhe vai na alma, e pimba… é castigado… É a nova forma de censura…
    Parabéns Sr. António de Figueiredo e Silva pela sua bravura e coragem… Revejo-me inteiramente nas suas palavras. Que nunca lhe doa a voz…!!! Bem haja!

    • Estou de acordo com as suas palavras, Caro Pedro Almeida.
      Olhe, cá vou cantando enquanto não me atiram abaixo do galho ou me dê alguma obstipação cerebral, que anda por aí muito espalhada.

  16. atento says:

    Neste momento esta presa desde o dia 29 de Novembro de 2016, a investigadora Maria de Lurdes Rodrigues,na prisão de tires/cascais, por ter dito umas tantas verdades em tribunal. E não vejo nenhum partido, que se encontra na AR tomar uma posição, que seja, e nem tão pouco saber que se passou com esta mulher, foi julgada para cumprir três anos, e se não fizermos nada, vai continuar a estar, por mais tempo, porque ela não desiste daquilo que pensa sobre esta “justiça” em portugal

  17. atento says:
  18. atento says:

    O caso da Maria de Lurdes Rodrigues:https://www.facebook.com/marialurdeslr?fref=ts

  19. Armindo Lucio says:

    Só espero Amigo Figueiredo que a Justiça seja feita de verdade a começar pela Farmácia,que esses 3000 € sejam gastos em Xarope p/ a tosse,pois é o que esse Sr:deputado,sim deputado com letra minúscula,tal qual a mente desse Sr:não tem categoria sequer p/falar num palanque quanto mais numa Assembleia da República,será que ainda tem Pai e Mãe ? Amigo Figueiredo conte com o meu EURO…já só faltam 2999…não esqueça….até ver só perdeu uma Batalha,vamos ver quem ganha a Guerra….Ai Povo,Povo quem te viu e quem te vê…Fez-se um 25 de Abril para sermos enxovalhados por gente que nunca trabalhou,veja-se os seus Curriculos…só Colo.Amigo Figueiredo a ” PESTE GRISALHA ” está consigo…força Amigo o Sr: é o Porta Estandarte de 2,5 milhões de gente com esta doença transmitida pelo bafo desse senhor. Abraço.

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  1. […] qual escreveu que “a nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha“. E ainda “sacou” 3 mil euros a um dos visados pelo seu insulto. E sim, isto foi um insulto. E ao PSD passista, em processo acelerado de falência moral, nem um […]

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