Ajustes directos à lupa – Vila Nova de Gaia

Ajustes directos à lupa - Gaia

O total de Ajustes Directos realizados pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia durante o presente mandato – sem contabilizar as empresas municipais e outras entidades dependentes do Município – foi de 22.668.321,08 euros. Um número impressionante.

O maior Ajuste Directo do actual mandato atingiu o valor de 340.000,00 euros – foi contratado a 28 de Dezembro de 2016 – tendo beneficiado a empresa Espalha Ideias com vista à prestação de serviços no âmbito da formação, segurança e desenvolvimento de atividades aquáticas nas piscinas municipais, no concelho de Vila Nova de Gaia.

Já no que toca a Concursos Públicos, matéria não analisada nesta rubrica do Aventar, é de assinalar que foi durante o actual mandato (2013/2017) que se bateu o recorde de um só contrato, em Agosto de 2015, com um valor de 12.667.680,00 euros adjudicados à empresa Gertal, firma pertencente à Sociedade Trivalor, condenada em 2009 pela Autoridade da Concorrência a uma multa de 14,7 milhões de euros por cartelização no negócio das refeições nas cantinas escolares. Para se ficar com uma ideia da importância desta adjudicação em particular, refira-se que o concurso com o segundo montante mais elevado foi de apenas 1.995.270,68 euros, para um contrato de seguros.

No caso dos Ajustes Directos realizados pela Câmara de Gaia, merece destaque o montante de cerca de 867.872,00 euros entregues à PEV Entertainment, empresa responsável pela organização do Festival Marés Vivas. Embora o financiamento deste festival não conste do Portal Base, uma vez que é feito através de subsídios, os valores usados para o cálculo aqui apresentado são os que foram divulgados na comunicação social. Nos cerca de 900.000,00 euros de financiamento municipal à PEV, devem incluir-se os montantes contratados pela primeira vez directamente por algumas Juntas de Freguesia, como foi o caso de Avintes (35.350,00 euros), Canelas (8.100,00 euros), Vilar de Andorinho (14.750,00 euros), Oliveira do Douro (26.500,00 euros).

Para a realização de outros espectáculos, como é exemplo o concerto de Miguel Araújo, recorrendo a outras empresas, a Câmara Municipal de Gaia gastou, em Ajustes Directos, 50.050,00 euros. A somar a isto, devemos mencionar a organização de outros eventos, como é o caso das Conferências de Gaia, que custaram aos cofres da autarquia cerca de 69.000,00 euros, pagos à empresa detentora do Jornal de Notícias, a Global Media.

O Festival Eco Famílias, realizado no auge do conflito que opôs a Câmara de Gaia à Quercus, por causa da nova localização do Festival Marés Vivas, custou aos cofres públicos a quantia de 87.560,00 euros. Neste contexto é útil assinalar um outro Ajuste Directo relacionado com o Parque Urbano do Vale de S. Caetano, adjudicado por 71.000,00 euros ao GAPTEC, e que é justificado com a “ausência de recursos próprios”. Ora, é difícil de entender que a Câmara Municipal de Gaia tenha recursos próprios para projectar e erguer o Parque da Cidade, conhecido por Parque da Lavandeira, e já não tenha para o Parque do Vale de S. Caetano. Mais estranho ainda é que uma simples festa (Festival Eco Famílias) realizada nesse espaço, fique quase 17 mil euros mais cara do que o estudo conceptual e projecto de execução do próprio Parque. Outros exemplos curiosos de Ajustes Directos realizados por este executivo gaiense são a Gala de Finalistas do Ensino Secundário, que no ano de 2016 custou ao erário público 41.250,00 euros, ou o palco para “a visita da imagem peregrina da Nossa Senhora de Fátima”, pelo qual a Câmara de Gaia pagou 13.950,00 euros. A isto acresce o Ajuste Directo com que foi adjudicado o projecto da Capela da Afurada, da autoria do Arquitecto Siza Vieira, no valor de 141.770,00 euros.

O total dos Ajustes Directos feitos pelo actual executivo da Câmara Municipal de Gaia para a organização de eventos, espectáculos, festivais de música e afins, ascende a 1.386.348,31 euros.

Foi notícia na comunicação social no último período natalício, embora também não conste do Portal Base, uma despesa de cerca 300.000,00 euros em iluminações festivas de Natal, a que devem acrescentar-se mais 63.375,00 euros dos dois anos anteriores e mais 54.900,00 euros em fogo de artifício.

Um Ajuste Directo curioso foi realizado à agência de viagens Dragon Tour, pelo valor de 9.300,00 euros, para a aquisição de vouchers com viagem e estadia para assistir a jogos do FC Porto no estrangeiro.

Em Publicidade, Marketing e afins, a Câmara de Gaia gastou 661.568,74 euros. A título de exemplo, mencione-se a aquisição, por Ajuste Directo, de uma Aguarela, pelo preço de 12.195,00 euros, da estátua em bronze que se encontra junto a um edifício municipal, por 58.700,00 euros, prendas e brindes no valor de 42.055,00 euros, a impressão de 1.000 livros do festival Gaia World Music, por 27.000,00 euros, ou o desenvolvimento da marca “Gaia”, adjudicado à empresa BBZ, por 37.500,00 euros. Há ainda os Ajustes Directos à empresa Omnisinal, para serviços de consultoria em matéria de publicidade, que atingem os 128.300,00 euros.

Só em Catering e Restauração, a Câmara Municipal de Gaia fez ajustes directos no valor de 193.683,50 euros, a que acrescem 471.039,80 euros em consultoria jurídica e 413.481,37 euros em automóveis e transportes, onde está incluído um veículo híbrido que custou 27.591,07 euros, um outro veículo no valor de 30.337,40 euros, três viaturas usadas no valor de 50.000,00 euros e ainda uma outra viatura usada por 15.739,84 euros. Isto para além, bem entendido, da enorme frota possuída pela Câmara Municipal.

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No total das rubricas analisadas, Eventos e Festivais, Publicidade e Marketing, Serviços Jurídicos, Catering e Restauração, Automóveis e Transportes, Obras de Arte, Comunicações, Multimédia e Outros, a Câmara de Gaia fez Ajustes Directos no valor de 3.421.981,84 euros. 

Algumas empresas merecem particular destaque no Ajuste Directo com a Câmara Municipal de Gaia:

  • Jornal de Notícias (Conferências de Gaia e outros): 139.250,00 euros
  • Multicom (Assessoria de Imprensa): 104.111,26 euros
  • Gertal (Refeições/Catering ): 61.183,50 euros (além dos cerca de 12 milhões do Concurso Público para fornecimento de refeições escolares)
  • Transportes Espírito Santo (Transporte de passageiros): 42.452,83 euros
  • BBZ (Marca Gaia): 37.500,00 euros
  • Jornal O Gaiense (Imprensa): 50.000,00 euros
  • Omnisinal (Comunicação): 128.300,00 euros
  • Livraria Manuel Ferreira (Aguarela): 12.195,00 euros
  • Multiponto (Revista Municipal): 22.500,00 euros

Mais 8.443,27 euros em café e 7.393,24 euros em refrigerantes.

Mais IVA.

Resposta do Município de Vila Nova de Gaia

Até à publicação deste post, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia não respondeu a este post. Se o fizer, actualizaremos o seu conteúdo.
Explicação do projecto: Ajustes directos à lupa
Contributos dos leitores: aventar.blogue@gmail.com ou formulário de contacto

Comments

  1. Anti-pafioso says:

    Se ao MAC não o responsabilizaram por levar a C M G á bancarrota , em milhões de euros .porque é que os que lá estão não podem fazer o mesmo ?

  2. martinhopm says:

    O regabofe continua de vento em popa? Ditosa Pátria que tens filhos tais como o Big Mac, antes, ou o Prof. Dr. Vítor Rodrigues, agora?

  3. Paulo Só says:

    Foco no aeroporto do Montijo. Além de ser um erro abrir um aeroporto numa área ecologicamente sensível e que dentro de 5 anos estará dentro da cidade, trata-se de uma região com uma vista fantástica sobre Lisboa e o mar da palha, ótima para residência e turismo. Vão destruir Alcochete e tudo o mais, com os franceses da Vinci, que não se sabe como ficaram com a lucrativa ANA e a ponte Vasco da Gama. Aeroporto, acesso, tudo isso vai ser construído às pressas: será bom para as contas? É um repetir de erros desencorajante. Será que fazemos isso porque somos pobres ou somos pobres porque fazemos isso? Duvido que a França construísse um aeroporto em Saint Germain en Laye. Em Nantes a população fê-los recuar.

  4. Mário Reis says:

    Obrigado pela súmula, maior detalhe e esforço na apresentação dos elementos informativos divulgados. Curioso, mesmo muito curioso, é ver quanto a CMGaia gasta em comunicação, assessorias de imprensa e multimédia, concluindo-se por um esbanjar de dinheiros de todos nós para pagar a avençados “de bem dizer”.
    Na verdade, quase alcança as verbas dos eventos e festivais…
    Para alguns, a “festa” continua… apesar da alegada mudança!!!

  5. Ana Rodrigues says:

    Que horror! enquanto esta gentalha da Política não começar a levar com algum balázio isto já não tem cura!

  6. António Gomes says:

    Orgia autárquica…

Trackbacks

  1. […] primeira novidade é o aparecimento em cena de um grande grupo empresarial chamado Trivalor, dono de empresas como a G… cujo negócio principal é o fornecimento de refeições escolares. Ou como a Strong, que se dedica […]

  2. […] primeira novidade é o aparecimento em cena de um grande grupo empresarial chamado Trivalor, dono de empresas como a G… cujo negócio principal é o fornecimento de refeições escolares. Ou como a Strong, que se dedica […]

  3. […] aconteceu já com os Hospitais. O historial de Vítor Rodrigues, neste aspecto, é esclarecedor. Veja-se, a título de mero exemplo, o contrato no valor de 71.000 euros que fez com o GAPTEC – ligado ao arquitecto paisagista Sidónio Pardal – para a requalificação do Parque […]

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